Capacitando as operações no escalão divisão em todo o espectro do conflito
O que uma SFAB pode fazer por você
Ten Cel Eric B. Alexander, Exército dos EUA
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São 22h00 e o Comandante da 3a Divisão de Infantaria (3a DI) está iniciando a reunião de visualização do comandante. Setenta e duas horas antes, o posto de comando tático da 3a DI, um batalhão de Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade, um batalhão de Sistema de Lançamento Múltiplo de Foguetes, um elemento de aviação de ataque da brigada de aviação de combate e um conjunto de forças da brigada de assistência às forças de segurança (security force assistance brigade, SFAB) foram rapidamente desdobrados em apoio a uma opção de dissuasão flexível para conter uma crise em desenvolvimento. O Comandante olha ao redor da sala e pergunta se a força parceira está pronta caso o inimigo cruze a fronteira internacional. O Comandante do conjunto de forças da SFAB dá um passo à frente para apresentar sua análise da capacidade do parceiro e seu plano para a ação retardadora. O Comandante da divisão escuta enquanto o Comandante do conjunto de forças da SFAB discorre sobre o plano da força parceira. À medida que o Comandante do conjunto de forças da SFAB explica o plano da força parceira, fica evidente que precisarão de ajuda em inteligência, vigilância, reconhecimento e fogos. O Comandante da divisão dirige-se ao Chefe do Estado-Maior e indaga sobre o impacto do redirecionamento de meios do combate em profundidade da divisão para fins de capacitação da brigada parceira. O Chefe do Estado-Maior explica a coordenação contínua com o Estado-Maior do conjunto de forças da SFAB e descreve o risco para o combate em profundidade da divisão. No final da discussão, estava claro que, se o parceiro não conseguisse manter o domínio do terreno por 96 horas, a missão fracassaria. O Comandante da divisão está confiante nos preparativos entre seu Estado-Maior e o conjunto de forças da SFAB caso a crise escalasse para conflito. Com os assessores da SFAB de apoio à divisão integrados à força parceira, o parceiro poderá retardar a escalada até a chegada das brigadas de combate dos Estados Unidos da América (EUA).
A mesma SFAB de sempre?
Ainda há muitas percepções errôneas sobre o papel da SFAB na força futura. Muitos no Exército consideram as SFABs um dreno de efetivo organizacional em um ambiente limitado. Veem seus melhores e mais brilhantes oficiais e graduados deixarem suas unidades para cumprir missões nas SFABs. Verbas e equipamentos que poderiam ir para as divisões operacionais são destinados às SFABs. Outros reconhecem a utilidade das SFABs na competição, mas não veem nenhum papel para a organização em crises ou conflitos. Muitas dessas crenças decorrem da missão original (Afeganistão) e estabelecimento da organização (as unidades nada podiam fazer se um militar optasse pela SFAB). O Exército dos EUA está, como um todo, passando por mudanças significativas na doutrina, na organização e no treinamento, voltando-se para as operações de combate em larga escala como centro do conceito operacional da Força. As SFABs estão passando por mudanças semelhantes. As SFABs atuais e futuras não são como você deve se lembrar. O Field Manual (FM) 3-0, Operations (Manual de Campanha 3-0, Operações), redefine e esclarece o papel das SFABs como parte das operações multinacionais em apoio à ação unificada.1 Essas mudanças devem levar a uma nova análise de como as SFABs capacitam as operações de divisão.
Os conjuntos de forças de assessores das SFABs capacitam operações no nível de divisão em todo o espectro do conflito (veja a Figura 1).2 Os assessores oferecem benefícios tangíveis às divisões durante a competição, a crise e o conflito. As SFABs atraem oficiais e graduados talentosos da força operacional após terem concluído missões de desenvolvimento-chave. Em seguida, os assessores retornam à força operacional com treinamento e habilidades adicionais. Se a força operacional vai enviar recursos humanos escassos, é justo explicar o retorno sobre o investimento nos níveis da organização e do militar individualmente.
Estamos todos juntos nessa! O ambiente operacional
Divisões, corpos de exército e SFABs estarão no mesmo ambiente operacional no futuro. Conforme descrito no FM 3-0, esse ambiente operacional é uma mistura complexa de competição, crise e conflito em múltiplos domínios contra adversários adaptáveis e capacitados.3 As forças do Exército nesse ambiente operacional devem obter e manter o apoio de aliados e parceiros para preparar forças em posições avançadas para combater e vencer em inferioridade numérica e isoladas. Não apenas as forças em posições avançadas dos EUA, mas também as forças aliadas e parceiras são as que têm maior probabilidade de absorver o choque inicial de crises e conflitos.4 Durante a competição e a crise, os adversários contestarão o desdobramento das forças do Exército, buscando decisões antes que os EUA possam intervir.5 Os assessores resolvem essas lacunas nas capacidades de brigada e divisão.
A integração de aliados e parceiros em operações futuras é uma condição essencial do conceito operacional do Exército, e as operações futuras serão multinacionais.6 A comunicação, as relações e a compreensão são fundamentais nessas operações multinacionais. Os comandantes de operações multinacionais devem estabelecer ligação de qualidade com as forças parceiras para manter um cenário operativo comum eficaz. Além do entendimento situacional, os aliados e parceiros multinacionais contribuem com forças adicionais para as operações e, muitas vezes, possuem capacidades que faltam às forças dos EUA.7 O maior desafio que os comandantes dos EUA enfrentarão em operações multinacionais consiste em manter a unidade de esforços na ausência de um comando formal ou relação de apoio com as forças parceiras.8 No contexto estratégico de competição, crise e conflito, “as SFABs oferecem a capacidade de formar parcerias com forças convencionais aliadas e parceiras”.9 Essa capacidade de assessoria profissionalizada está presente apenas nas SFABs e proporciona um multiplicador de força único para as operações do Exército.
Pagar agora ou pagar depois? Seu investimento durante a competição
Servindo como uma operação de economia de meios, as SFABs na competição ganham tempo e pessoal ao absorver os requisitos de cooperação em segurança no teatro de operações do comando combatente. Isso permite que as brigadas e divisões se concentrem na preparação para as operações de combate em larga escala em vez de conduzir tarefas de cooperação em segurança no teatro de operações ou responder a crises criadas por adversários que se aproveitam da dissuasão fraca. Cada assessor capaz de apoiar as iniciativas de cooperação em segurança no teatro de operações do comando combatente para melhorar a capacidade do parceiro cria menos demanda por rodízio de forças. Além de absorver os requisitos de cooperação em segurança no teatro de operações, os assessores das SFABs estabelecem condições favoráveis para a chegada de forças estadunidenses em caso de escalada para uma crise.
As forças do Exército ajudam aliados e parceiros a aprimorar suas capacidades e habilidades militares durante a competição. Além disso, desenvolvem a interoperabilidade com parceiros, o que será fundamental no caso de eclosão de um conflito. “A preparação para operações de combate e a demonstração da interoperabilidade da força conjunta dos EUA com aliados e parceiros constituem a dissuasão mais poderosa de adversários”.10 Essa dissuasão proporciona vários benefícios para as formações operacionais. A dissuasão aumenta a probabilidade de que um parceiro seja capaz de evitar a escalada para uma crise. Também diminui a probabilidade de que brigadas e divisões dos EUA tenham de ser desdobradas para apoiar um parceiro. As missões das SFABs na competição transmitem confiança aos aliados e parceiros, aprimoram a interoperabilidade e, por fim, aumentam a agilidade da força multinacional em crises ou conflitos.11 As equipes das SFABs estão executando essas tarefas de competição em nome dos comandantes de comandos combatentes em todo o mundo, todos os dias.
Como parte da cooperação em segurança, as SFABs “desenvolvem capacidades militares de aliados e de outros países amigos em operações de autodefesa e multinacionais, melhoram a troca de informações e o compartilhamento de inteligência, fornecem às forças estadunidenses acesso em tempos de paz e de contingência e atenuam as condições que poderiam conduzir a uma crise”.12 Na competição, equipes de SFABs são continuamente desdobradas para o mundo todo com o fim de avaliar, apoiar, estabelecer ligação e assessorar as forças de segurança estrangeiras (foreign security forces, FSFs). Essas atividades assumem diversas formas em diversos níveis, do tático ao estratégico. Nos exercícios, as equipes de assessores colaboram com as FSFs para aperfeiçoar as tarefas essenciais da missão da equipe e, ao mesmo tempo, treinam as FSFs em competências essenciais e desenvolvem a interoperabilidade. Em alguns casos, as equipes desenvolvem capacidades ajudando o parceiro a adquirir novas habilidades, aumentando a interoperabilidade do parceiro com a força conjunta ou viabilizando o emprego de novos equipamentos pelo parceiro. Em alguns comandos combatentes, os assessores também apoiam as operações treinando parceiros estrangeiros para preparar contingentes em apoio às operações multinacionais de manutenção da paz. A capacitação de contingentes para operações de manutenção da paz proporciona às FSFs uma experiência operacional e de desdobramento valiosa. Essas atividades permitem que as FSFs sejam exportadoras de segurança de rede e contribuam para a estabilidade regional. Os assessores trabalham em estreita colaboração com seus parceiros, entendem suas capacidades e limitações e têm conhecimento íntimo e em tempo real da geografia e cultura da nação anfitriã. O desenvolvimento de capacidades e o treinamento com as FSFs na competição proporciona acesso, influência e familiaridade que conferem benefícios durante crises e conflitos. As brigadas e divisões são os beneficiários diretos. Ao ingressar em uma situação de crise ou conflito, o acesso, a influência e a maior capacidade do parceiro oferecem vantagens claras às forças dos EUA e reduzem o risco tanto para a missão quanto para a força.
Há vários exemplos de benefícios das SFABs na competição. Na área de responsabilidade do Comando dos EUA na África, aproximadamente cem assessores cumprem a maior parte dos requisitos de cooperação em segurança no teatro de operações, o que elimina a necessidade de uma brigada alinhada regionalmente. Isso libera 3.500 militares para que se concentrem no treinamento e na preparação para as operações de combate em larga escala. Nossos assessores estão colaborando com nossos parceiros em suas questões de segurança mais urgentes, treinando em tarefas de segurança de fronteira para combater a expansão do extremismo na região do Sahel. O treinamento ajuda nossos parceiros a aprimorar suas habilidades atuais e aumentar a confiança. Uma pequena equipe trabalhando com o parceiro gera um retorno sobre o investimento desproporcional para enfrentar ameaças globais significativas. Simultaneamente, esses assessores estão desenvolvendo conexões e relacionamentos com seus parceiros. Esse envolvimento reduz a necessidade por forças dos EUA ao capacitar o parceiro a estabilizar a situação de segurança local. Nossos assessores estão trabalhando em esforços semelhantes junto a vários parceiros na África. Além disso, uma de nossas equipes de logística colabora com nosso parceiro no nível nacional, ajudando a aprimorar a distribuição, manutenção e a interoperabilidade de sustentação. Alguns parceiros são os principais instrutores das operações de manutenção da paz da Organização das Nações Unidas (ONU), preparando forças para missões em todo o continente. Nossos esforços de assessoria permitem que o parceiro seja um exportador de segurança de rede, contribuindo para a estabilidade em todo o comando combatente. Essa estabilidade reduz a necessidade por esforços unilaterais dos EUA, conservando a prontidão preciosa das brigadas e divisões estadunidenses. Nossos assessores estão formando relacionamentos, acumulando conhecimento cultural e apoiando o sistema de educação militar em diversos países parceiros. O impacto dos assessores sobre percepções em relação aos EUA apresenta benefícios incalculáveis às brigadas ou divisões que um dia poderão operar com essas forças armadas estrangeiras. Todos esses esforços de assessoria, e muitos outros em nível global, contribuem para a competição entre grandes potências do comando combatente, criando condições favoráveis para a redução da probabilidade de crises e conflitos.
Se extrapolamos essa análise para todos os comandos combatentes, o investimento de 500 a 800 assessores recupera nove brigadas, removendo-as dos requisitos de cooperação em segurança do teatro de operações anteriormente executados com as brigadas (de forças alinhadas regionalmente). Também devolve militares com experiências e habilidades únicas às brigadas e divisões. Esses assessores adquirem experiência cultural e conhecimento regional antes de concluírem suas missões e retornarem às brigadas e divisões do Exército. Esse reinvestimento de talentos das SFABs beneficia todas as unidades que recebem assessores , reinvestindo líderes adaptáveis e experientes em suas formações.
O balão sobe! Se a dissuasão falhar e houver uma crise, o que você receberá pelo seu investimento nas SFABs?
Embora os benefícios para as divisões e brigadas durante a competição sejam difíceis de internalizar, os benefícios durante a crise são mais evidentes. A conexão, a base de conhecimentos e o posicionamento dos assessores no terreno proporcionam vários benefícios à força conjunta em uma crise. Caso surja uma crise com um adversário, as SFABs trabalham com o parceiro para estabilizar a situação, eliminando a necessidade de envio de forças estadunidenses ou ganhando tempo e espaço até a chegada de forças multinacionais parceiras. As equipes das SFABs facilitam a integração e melhoram a consciência situacional das novas forças dos EUA agindo como elemento de ligação entre as forças parceiras e estadunidenses. Se a desescalada for alcançada, as SFABs são a unidade ideal para auxiliar o parceiro na reconstituição, liberando da tarefa as brigadas e divisões. Os cenários de crise das SFABs se enquadram em duas grandes categorias: (1) os assessores já estão presentes no início da crise, ou (2) os assessores das SFABs são enviados no início da crise como uma opção de dissuasão flexível. Ambos os cenários geram benefícios semelhantes para brigadas e divisões mobilizadas em apoio a um parceiro em crise.
A demonstração do compromisso dos EUA com a nação anfitriã e a conexão desenvolvida com as FSFs conferem benefícios imediatos se as equipes estiverem no país no início da crise. Os assessores que já estão no país forneceriam indicações e avisos críticos antes do início da crise, permitindo que a força conjunta reaja mais rapidamente. Os assessores desdobrados com todo o seu equipamento estão em boas condições para responder tanto como elementos de ligação para as forças multinacionais que chegam quanto para ajudar as FSFs a manterem o domínio de acidentes capitais, viabilizando opções de resposta flexível subsequentes. Os assessores propiciam atualizações em tempo real de operações e inteligência à medida que uma crise se desenrola. Atuam como elementos de ligação essenciais para a recepção, concentração, movimento para as linhas de frente e integração conjuntas (joint reception, staging, onward movement, and integration, JRSOI) das forças multinacionais que chegam. A capacidade de identificar, coordenar e confirmar portos aéreos e marítimos de desembarque e instalações de JRSOI para as forças de abertura do teatro de operações aumenta a velocidade de entrada. Para deixar claro, as equipes de assessores são treinadas para reforçar as atividades de JRSOI. Encarregar os assessores de executar missões de JRSOI por períodos prolongados reduz sua capacidade de executar missões que exigem treinamento específico de assessoria. No entanto, a presença da equipe de assessores no início da geração de forças capacita as forças designadas para a abertura do teatro de operações para que estabeleçam e executem as missões de JRSOI rapidamente. Especificamente, a fase de integração de JRSOI se beneficia do apoio da equipe de assessores. As equipes informam os comandantes e o novo estado-maior sobre a situação atual no terreno, a análise cultural e geográfica realista da área operacional e a análise da situação operacional das FSFs.
Uma crise em um país sem equipes de assessores se beneficia de uma opção de dissuasão flexível “para estabelecer a capacidade de ligação ou conduzir a assistência às forças de segurança”.13 O desdobramento de assessores indica um compromisso com a nação parceira. Essa opção de dissuasão flexível oferece benefícios semelhantes a um cenário com uma equipe de assessores já no país no início da crise, disponibilizando inteligência, análises operacionais, ligação e apoio a uma FSF. Nesse cenário, os assessores são menos eficazes na capacitação de JRSOI, mas ainda podem servir para desenvolver a consciência situacional sobre portos aéreos e marítimos de desembarque e áreas de concentração coordenadas para os comandantes dos EUA. As equipes de assessores que chegam como parte de uma opção de dissuasão flexível integram-se rapidamente às FSFs para desenvolver um cenário operativo comum e apoiar as FSFs com efeitos conjuntos para ajudar a estabilizar a situação.
À medida que a crise avança, as equipes de assessores das SFABs usam sistemas sólidos de comando de missão para transmitir atualizações operacionais e de inteligência essenciais ao exército do teatro de operações ou para o comando da força-tarefa conjunta, caso algum seja ativado. As equipes, sob a direção do exército do teatro de operações ou da força-tarefa conjunta, estabelecem a ligação e apoiam as FSFs para formar uma defesa crível, garantindo a capacidade de sobrevivência das forças aliadas no teatro de operações. As equipes avaliam, apoiam, estabelecem a ligação e assessoram as FSFs a fim de manter um acidente capital ou um terreno decisivo. Isso cria condições para amplificar as opções de dissuasão flexível e as opções de resposta flexível adicionais à medida que a força conjunta tenta retornar à competição. As equipes de assessores incorporadas às FSFs fornecem insights sobre as ações e atitudes do parceiro para contribuir com dados sobre a eficácia das opções de dissuasão flexível e opções de resposta flexível. Caso o desdobramento para a nação em crise não seja viável, as equipes de assessores conduzem missões de geração (treinar e equipar) em uma nação vizinha, liberando da missão as brigadas estadunidenses. Nesse cenário, conjuntos de forças capacitadoras personalizadas administram o recebimento, a distribuição e a sustentação do material bélico de assistência militar, enquanto as equipes de treinamento desenvolvem a capacidade das formações das FSFs.
“Independentemente das capacidades empregadas, costuma haver dois resultados gerais de uma crise. Ou a dissuasão é mantida e ocorre a desescalada, ou dá-se início ao conflito armado.”14 Em uma transição de retorno à competição, as equipes de assessores das SFABs são um meio ideal para avaliar, apoiar, fazer a ligação e assessorar as FSFs na reconstituição das forças após uma crise. As equipes das SFABs são especialmente qualificadas para esclarecer a confusão da crise, seja porque já estão no país ou por meio do desdobramento rápido para a área de crise como uma opção de dissuasão flexível.
As contribuições das SFABs para a crise parecem ótimas, mas a prática é mais difícil do que a teoria. O Exército concordou em testar uma resposta operacional das SFABs às crises durante um rodízio inédito do Centro Nacional de Treinamento (National Training Center, NTC), em fevereiro de 2023. A 2a SFAB enviou um conjunto de forças para o NTC em apoio à 3a Divisão de Infantaria (3a DI). Nesse cenário, uma nação amiga estava sob ameaça de invasão por um vizinho. Os EUA optaram por enviar uma opção de dissuasão flexível de SFAB e uma opção de resposta flexível que consistia em um comando de divisão (3a DI), um batalhão de Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade, um batalhão de Sistema de Lançamento Múltiplo de Foguetes e um elemento de aviação de combate. O elemento da SFAB integrou-se à força parceira, replicada pelo 1o Esquadrão, 11o Regimento de Cavalaria Blindado, para auxiliar no planejamento de uma ação retardadora caso a crise se transformasse em conflito (veja a Figura 2). O envolvimento da SFAB com o parceiro permitiu que a divisão compreendesse o plano do parceiro e os recursos necessários. Essas informações foram essenciais para determinar a alocação dos recursos escassos dos EUA entre o combate da divisão e o combate em profundidade da força parceira, caso o retorno à competição fracassasse. Um desequilíbrio de recursos em qualquer direção poderia levar ao fracasso da missão. O vínculo entre a SFAB, a divisão e o parceiro acabou criando condições favoráveis quando a dissuasão falhou e a crise se transformou em conflito.
Os centros de treinamento de combate são uma excelente preparação, mas ainda são apenas um substituto para as operações reais. Um exemplo do mundo real para a resposta das SFABs às crises e seus benefícios para brigadas e divisões são as operações em curso na Europa. As equipes das SFABs estão apoiando os requisitos de assessoria anteriormente cumpridos pelas brigadas de combate do Exército. Isso evita que as brigadas de combate designem pessoal para essas missões de treinamento e fornecimento de material militar, criando o espaço operacional para se concentrarem na preparação para operações de combate em larga escala. Isso cria uma profundidade operacional na Europa, permitindo que forças em posições avançadas e de rodízio continuem preparadas em caso de escalada para conflito. Quantas brigadas adicionais precisariam ser enviadas ao Comando Europeu dos EUA (U.S. European Command) para assumir os requisitos de treinamento cumpridos pelas equipes de assessores? Pequenos investimentos em pessoal de assessoria estão beneficiando formações muito maiores e, ao mesmo tempo, capacitando as forças parceiras para que se defendam e dissuadam a agressão.
Assumimos daqui por diante. Agradecemos a ajuda das SFABs
Se a crise escalar para um conflito, as SFABs continuarão a agregar benefícios às operações das brigadas e divisões estadunidenses. Em uma função operacional, as SFABs avaliam, estabelecem a ligação, apoiam e assessoram as forças parceiras em apoio às operações multinacionais. O fornecimento, às brigadas e divisões adjacentes, de uma análise realista das capacidades e limitações da força parceira oferece informações vitais aos comandantes. Essa análise é essencial para qualquer operação combinada com forças parceiras. As SFABs são um elemento de ligação bidirecional fundamental para os comandantes estadunidenses. Por meio de sistemas de comando de missão sólidos e interoperáveis, elas fornecem inteligência, avaliação dos efeitos do combate, informação sobre processamento de alvos e cenário operativo comum em tempo real aos comandantes dos EUA. Além disso, as SFABs disponibilizam informação de inteligência e processamento de alvos das forças estadunidenses para o parceiro, permitindo uma melhor integração dos efeitos. As SFABs dão acesso a capacidades únicas de parceiros que não constam do inventário estadunidense pelos mesmos canais de comando de missão. Por outro lado, as SFABs possibilitam o apoio dos EUA às forças parceiras em fogos conjuntos, inteligência e sustentação, permitindo que as forças parceiras se integrem melhor às operações multinacionais. Por fim, as SFABs assessoram os comandantes dos EUA orientando-lhes sobre as preocupações, os planos, os desejos e outros aspectos do clima organizacional dos parceiros, ao mesmo tempo que os aconselham sobre as melhores maneiras de se integrarem às operações. Todas essas funções permitem que os comandantes dos EUA aumentem o poder de combate e, ao mesmo tempo, minimizem o risco de falhas de comunicação, fratricídio e fracasso da missão mediante a inclusão de parceiros.
As SFABs estão preparadas para “conduzir atividades de ligação e apoio para capacitar operações multinacionais durante conflitos armados”.15 Duas categorias abrangentes de emprego das SFABs se apresentam logicamente em um cenário de conflito que envolva operações de combate em larga escala. Essas categorias são as duas funções de assistência às forças de segurança, “operacional” e “geradora”, presentes na Army Techniques Publication 3-96.1, Security Force Assistance Brigade (Publicação Técnica do Exército 3-96.1, Brigada de Assistência às Forças de Segurança).16 As funções “operacionais” usam equipes de SFAB para integrar um aliado ou parceiro em uma campanha de operações em múltiplos domínios. A função “geradora” usa equipes de SFAB para auxiliar as FSFs a organizar, treinar e equipar uma força para emprego futuro.17 Essas categorias não são mutuamente excludentes e podem ser atribuídas a um conjunto de forças de assessoria em qualquer nível, variando cronologicamente de acordo com a situação.
Nas operações de combate em larga escala, as SFABs parecem ótimas, mas isso tudo é apenas teoria. Como mencionado anteriormente, o Exército testou o conceito durante o rodízio 23-04 do NTC. A SFAB desempenhou uma função operacional em apoio à força parceira e à 3a DI durante a transição de uma crise para um conflito. Nos níveis tático e operacional, o elemento da SFAB integrou equipes de assessores nos diferentes escalões para acompanhar as FSFs em operações de combate.
Em um papel de acompanhamento e capacitação nos estágios iniciais do conflito, os conjuntos de forças da SFAB estabeleceram a ligação e apoiaram as forças parceiras para estabilizar a situação operacional. O conjunto de forças utilizou seus sistemas robustos de comando de missão para se conectar a um pequeno comando multinacional (3a DI) destacado para capacitar nossa brigada parceira a executar com êxito uma ação retardadora. O conjunto de forças forneceu ao comando inteligência e consciência situacional da força parceira. O comando concedeu acesso às capacidades de operações em múltiplos domínios, como fogos de precisão de longo alcance, fogos conjuntos, guerra eletrônica e inteligência, vigilância e reconhecimento. Essas capacidades permitiram que os assessores apoiassem as forças parceiras para atingir os objetivos de abertura do teatro de operações da coalizão. A brigada parceira conduziu uma ação retardadora bem-sucedida durante quatro dias para permitir a chegada da 2a Brigada, 3a DI, antes de retomar o ataque (durante seu rodízio subsequente). A dificuldade de executar operações em comparação com os exercícios Warfighter tradicionais foi um dos muitos benefícios do rodízio 23-04 do NTC, conforme observado pela 3a DI. O atrito gerado por problemas de comunicação, falhas de equipamento e atrasos no cronograma causados pelas condições climáticas, pelo terreno e por um adversário pensante criaram uma oportunidade de treinamento muito mais sólida para a 3a DI, a SFAB e as unidades capacitadoras desdobradas para fins de rodízio da divisão.
Espere! Ainda tem mais!
Há outros benefícios em enviar militares do Exército para que se tornem assessores, além dos benefícios táticos e operacionais conferidos pelas SFABs em competição, crise e conflito. Os militares do Exército retornam com treinamento adicional em qualificações militares e treinamento multidisciplinar, certificações, consciência cultural, habilidades de pensamento crítico, experiência em gestão de treinamento e na interação com líderes militares superiores e civis. Também recebem, nas SFABs, treinamento específico aplicável diretamente à missão das operações de combate em larga escala. Os assessores podem participar de cursos tradicionais e não tradicionais, como atendimento prolongado em campanha, armas estrangeiras, direção avançada e cursos de mestre em resiliência e instrutores-mestres. Esses cursos oferecem conjuntos de habilidades diversificados aos militares que retornam às brigadas e divisões. Além dos cursos glamourosos, os assessores geralmente são oficiais de movimentação de unidades, materiais perigosos e certificados em contêineres, devido ao desdobramento descentralizado das equipes das SFAB na competição. Isso confere habilidades e experiências essenciais de desdobramento aos comandantes de brigadas e divisões. Embora nem todos os assessores se tornem fluentes em um idioma estrangeiro, muitos adquirem capacidade linguística com a imersão cultural e os programas de idiomas da unidade. A organização de pequenas equipes multidisciplinares dá origem a um treinamento multidisciplinar intrínseco entre as qualificações militares. Por exemplo, mecânicos podem aprender sobre manobras. Assessores de manobras podem aprender sobre comunicação. Paramédicos podem aprender sobre logística. Todos os assessores devem aprender sobre outras especialidades para que a equipe funcione. Esse treinamento multidisciplinar cria líderes versáteis e competentes em diversas especialidades, que retornam às brigadas e divisões. A natureza da assessoria na competição exige várias repetições de execução e planejamento de treinamento de pequenas unidades. Os militares enviados para se tornarem assessores retornam bem à frente de seus pares na gestão de treinamento. A natureza descentralizada da assessoria na competição expõe os comandantes a problemas complexos que exigem autonomia e criatividade para serem resolvidos. Essas repetições aumentam a adaptabilidade e a flexibilidade dos militares que retornam às suas unidades. Os assessores geralmente atuam nos níveis de brigada, divisão, nacional e de embaixada durante o emprego. Essas experiências produzem líderes maduros e articulados, que retornam às divisões e brigadas para liderar militares no escalão seguinte. Por fim, os militares enviados para se tornarem assessores viabilizam a competição conjunta e os conceitos de campanha por meio de seu trabalho de cooperação em segurança no teatro de operações globalmente em cada comando combatente.18
As SFABs produzem um fluxo constante de militares treinados e com consciência cultural para as brigadas e divisões do Exército. Para servir em uma SFAB, os oficiais e graduados devem ter concluído a fase de desenvolvimento-chave em seu grau hierárquico atual. Há poucos postos — ou até mesmo nenhum — nos quadros de organização e dotação modificados nas divisões ou brigadas para oficiais ou graduados após o desenvolvimento-chave antes da promoção. As SFABs estão buscando líderes de alta qualidade que tenham concluído suas missões de desenvolvimento-chave e estejam prontos para deixar a formação. Os boatos de que as SFABs estão roubando talentos são imensamente exagerados. A experiência nas SFABs ajuda os comandantes a ampliar o período de desenvolvimento-chave subsequente e os devolve às unidades operacionais preparados para se destacarem em suas próximas missões de desenvolvimento-chave. Portanto, esse investimento não só traz dividendos nos níveis tático, operacional e estratégico, como também os líderes de alta qualidade retornam com habilidades e conhecimentos que não conseguem obter em nenhum outro lugar.
Vale a pena?
As SFABs aprimoram as operações da divisão em todo o espectro da competição, desde a competição até a crise e o conflito. O investimento em talentos da força operacional é devolvido com juros. Durante a competição, os assessores estabelecem uma conexão, aprimoram a capacidade e a interoperabilidade do parceiro e criam exportadores de segurança regional. Todos esses benefícios estabelecem condições favoráveis para as unidades estadunidenses em caso de uma escalada. Além disso, o treinamento e a experiência que os assessores adquirem na competição são levados para a força operacional quando deixam as SFABs. Durante a crise, os assessores cumprem funções de ligação essenciais para que um parceiro dissuada a escalada ou estabeleça condições favoráveis se a desescalada fracassar. Durante o conflito, os assessores multiplicam o poder de combate para o comando dos EUA ou da coalizão ao capacitar a integração das forças parceiras nas operações da coalizão. Com todos esses benefícios para brigadas e divisões, o investimento é um ótimo negócio. Agora é a hora de comprar!
Referências
- Field Manual (FM) 3-0, Operations (Washington, DC: U.S. Government Publishing Office [GPO], 2022), para. 2-65.
- Ibid., p. 1-14, fig. 1-3.
- Ibid., para. 1-4.
- Ibid., para. 1-18.
- Ibid., para. 1-17.
- Ibid., para. 2-58.
- Ibid., para. 2-59–2-60.
- Ibid., para. 2-65.
- Ibid.
- Ibid., para. 4-3.
- Ibid., para. 3-10.
- Ibid., para. 4-43.
- Ibid., p. 5-6, tabela 5-1.
- Ibid., para. 5-3.
- Ibid., para. 4-89.
- Army Techniques Publication 3-96.1, Security Force Assistance Brigade (Washington, DC: U.S. GPO, 2020), p. 4-9.
- FM 3-22, Army Support to Security Cooperation (Washington, DC: U.S. GPO, 2023), p. 2-9.
- U.S. Joint Chiefs of Staff, Joint Concept for Integrated Campaigning (Washington, DC: U.S. Joint Chiefs of Staff, March 2018), p. 9.
O Ten Cel Eric B. Alexander, do Exército dos EUA, é Comandante do 1o Batalhão, 2a Brigada de Assistência às Forças de Segurança (SFAB). É formado em Engenharia Mecânica pela Drexel University e tem mestrado em Políticas Públicas pela Georgetown University. Suas missões anteriores incluem o comando do 1o Batalhão, 27o Regimento de Infantaria no Havaí, três desdobramentos em apoio à Operação Iraqi Freedom com a 101a Divisão Aeroterrestre e a 4a Divisão de Infantaria, bem como um desdobramento operacional na África com a 2a SFAB.
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