“Um grau incrível de treinamento penoso e realista”
A preparação da 4a Divisão de Infantaria para o Dia D
Stephen A. Bourque, Ph.D.
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Às 06h40 de 6 de junho de 1944, 20 embarcações de desembarque de viaturas e pessoal (Landing Craft, Vehicle, Personnel, LCVPs), comumente chamadas de embarcações Higgins, chegaram bem perto da costa francesa em La Madeleine, perto de Sainte-Marie-du-Mont, na Península de Cotentin. Ao sinal, as rampas foram baixadas, e 600 soldados do 1o e 2o Batalhões do 8o Regimento de Infantaria do Cel James Van Fleet pularam na água, que alcançava o peito, e percorreram cem metros, ultrapassando obstáculos em direção à praia de areia lisa. Os soldados se movimentavam lentamente na água gelada à medida que se aproximavam dos combatentes da 3a Companhia, 919o Regimento de Infantaria (Alemanha), que tentavam se recuperar do ataque intenso e preciso da Nona Força Aérea às suas posições e do bombardeio naval maciço que havia redirecionado fogos apenas alguns momentos antes. Os atacantes passaram pelos combatentes inimigos, ainda abalados, e começaram a se deslocar para terra firme. Dez minutos depois, a segunda leva desembarcou e começou a expandir a cabeça de ponte. Ajustando-se para desembarcar a cerca de 1.100 metros ao sul da praia visada, o regimento seguiu avançando em direção às vias trafegáveis e se uniu aos integrantes da 101a Divisão Aeroterrestre, que haviam desembarcado na noite anterior.
O 22o Regimento de Infantaria do Cel Herve Tribolet alcançou a costa às 07h45 e, conforme ensaiado, dirigiu-se ao norte. Subiu pela costa para destruir os combatentes alemães na praia e as baterias de artilharia alemãs que ainda bombardeavam a área de desembarque e a frota. Ao meio-dia, o 12o Regimento de Infantaria do Cel Russell Reeder já estava em terra, avançando pelo terreno através da brecha entre os outros dois regimentos. No decorrer do dia, os batalhões de carros de combate, anticarro, artilharia, artilharia antiaérea e engenharia se deslocaram para apoiar seus respectivos regimentos ou começaram a trabalhar nas inúmeras tarefas designadas pela seção de operações (G-3) da 4a Divisão de Infantaria. Ao fim do dia, o regimento de Van Fleet havia cumprido sua principal tarefa de se juntar à 101a Divisão Aeroterrestre. Os outros dois regimentos haviam expandido a cabeça de ponte da divisão, permitindo que outros elementos do VII Corpo de Exército começassem a desembarcar. Em meio a tudo isso, o Comandante da 4a Divisão de Infantaria, Gen Bda Raymond O. Barton, que havia desembarcado às 09h34, observava seus soldados em ação. Além de ocasionalmente direcionar o tráfego para liberar as poucas estradas na área repleta de pântanos, ele não tinha quase nada para fazer. Quando os subordinados pediam instruções, ele ordenava que executassem o plano conforme praticado.1
Contrariando a máxima de Helmuth von Moltke, frequentemente citada, de que “nenhum plano de operações se estende além do primeiro encontro com a força principal do inimigo”, quase tudo correu conforme planejado.2 Embora os problemas na navegação marítima tenham atrasado o assalto em cerca de dez minutos e deslocado o local de desembarque em 1.100 metros, quase ninguém — a não ser as primeiras tropas em terra — percebeu. Os combatentes alemães na praia ofereceram apenas uma resistência moderada, e foram principalmente suas baterias de artilharia, posicionadas mais para o interior, que infligiram a maior parte das 311 baixas da divisão, entre mortos, feridos e desaparecidos.3 No início da noite, quando Barton chegou ao seu posto de comando em Audouville-la-Hubert para começar a ajustar o plano para os próximos dias, seu comando estava em boa forma e em linha com todos os seus objetivos iniciais, ou próximo deles. Seus soldados haviam cumprido milhares de tarefas individuais naquele dia, além de afastar da praia o 919o Regimento de Infantaria de Granadeiros da Alemanha. Como isso aconteceu?
A maioria dos estadunidenses considera o Dia D como um evento singular: o desembarque físico das forças aliadas, por ar e mar, na costa da Normandia. Mas, como os soldados sabem, vários meses, ou mesmo anos, se passaram antes que uma única embarcação Higgins chegasse às praias de Omaha ou Utah. Para os estadunidenses, a preparação começou em 1940, quando os Estados Unidos da América (EUA) expandiram suas forças militares. Em 1941, as Forças Terrestres do Exército dos EUA, lideradas pelo Gen Div Leslie McNair, realizaram uma série de manobras em larga escala em Louisiana e nas Carolinas, avaliando e treinando corpos de exércitos e exércitos. Treinamentos de unidades especializadas para o combate em montanhas, desertos e operações anfíbias geralmente se seguiam a essas manobras gerais. Uma unidade que participou desse programa abrangente de adestramento pré-invasão foi a 4a Divisão de Infantaria, uma das três divisões de infantaria a participar da invasão da Normandia em 6 de junho. Ativado em 1o de junho de 1940, o Departamento de Guerra conduzia sua organização como uma divisão motorizada e, três anos mais tarde, reorganizou-a como uma divisão de infantaria padrão. A partir de outubro de 1943, a divisão tinha uma tarefa específica: liderar um assalto contra a Muralha do Atlântico alemã. Com base em um programa de adestramento focado desenvolvido naquele mês, o adestramento começou com uma prática anfíbia geral nos EUA, uma segunda fase com exercícios navio-terra mais sofisticados e uma terceira fase de ensaio da invasão. O resultado foi um assalto eficiente e produtivo em 6 de junho.4
Fase 1: Treinamento sobre fundamentos nos EUA
O início da guerra na Europa, em 1939, introduziu um senso de realismo na organização e no adestramento do Exército dos EUA. Isso não foi surpresa para a maioria, pois muitos veteranos da Primeira Guerra Mundial acreditavam que retornariam novamente ao exterior para finalizar o trabalho da guerra anterior.5 George C. Marshall e outros comandantes mais antigos começaram a traçar uma trajetória para criar uma força terrestre capaz de combater no continente. A ofensiva alemã contra a França e os Países Baixos, que acelerou esse esforço, incluiu uma expansão significativa do Exército regular e aprimorou o treinamento da Guarda Nacional. Entre a invasão alemã da Polônia (setembro de 1939) e o ataque japonês a Pearl Harbor (dezembro de 1941), o Departamento de Guerra criou duas divisões blindadas e reativou seis divisões de infantaria.6 Entre elas estava a 4a Divisão de Infantaria, reativada em Fort Benning, estado da Geórgia, em 1o de junho de 1940.7
Quase imediatamente, substitutos começaram a chegar em Fort Benning e seus três regimentos: o 8o, o 22o e o 29o Regimento de Infantaria (substituído posteriormente pelo 12o). O Congresso promulgou a Lei do Serviço Seletivo em setembro de 1940, aumentando o fluxo de recrutas para suas novas unidades.8 Até junho de 1941, o Exército ainda não havia expandido seu sistema de centros de recompletamento, de modo que o primeiro contato que esses recrutas incorporados tinham com o Exército dos EUA ocorria quando seus graduados os recebiam ao descerem do ônibus. Nos meses seguintes, os sargentos os instruíam no que tradicionalmente tem sido chamado de Escola do Soldado.9 Além das tarefas padrão de uso da farda, marcha, disciplina militar e tiro, os recrutas da 4a Divisão também tiveram de participar de um aspecto único do adestramento: conduzir e fazer a manutenção de veículos motorizados. Por ser uma divisão motorizada, havia muitos caminhões, viaturas sobre lagartas e jipes. Muitos recrutas, que haviam crescido durante a Grande Depressão, não tinham experiência em conduzir veículos nem em realizar manutenções. Mas não demorou muito para que a divisão estivesse avançando pelo sudeste.10
Em agosto de 1941, a 4a Divisão Motorizada juntou-se ao restante do IV Corpo de Exército durante as Manobras do Terceiro Exército no estado de Louisiana. Esses exercícios duraram dez dias e serviram de preparação para os exercícios principais programados pelo Comando Geral do Exército dos EUA (General Headquarters, GHQ). Ao fim do exercício, a divisão retornou a Fort Benning por um curto período apenas, pois em novembro, a 4a Divisão Motorizada participava com o restante do IV Corpo de Exército do Gen Bda Oscar W. Griswold das Manobras da Carolina (Carolina Maneuvers) conduzidas pelo GHQ. Durante dez dias, realizou manobras como parte da maior concentração de tropas motorizadas da história dos EUA.11 Logo após seu retorno a Fort Benning em 3 de dezembro, a Marinha japonesa atacou a Frota do Pacífico.12 As tropas permaneceram em alerta durante o mês seguinte, aguardando serem enviadas para derrotar uma incursão do Eixo ao longo da costa. Isso obviamente não aconteceu, e o comando transferiu-se de Fort Benning para seu novo alojamento em Camp Gordon, na Geórgia, no fim daquele mês.13 Em julho de 1942, seu ex-Chefe do Estado-Maior, o Gen Bda Raymond O. Barton, voltou a comandar a 4a Divisão Motorizada. A divisão retornou imediatamente ao terreno.
Enquanto os soldados de Barton treinavam, as forças do Gen Dwight D. Eisenhower estavam em sua última fase de destruição dos Exércitos alemão e italiano na Tunísia. Na Conferência de Casablanca, em janeiro de 1943, os líderes políticos e militares concordaram que as tarefas subsequentes dos Aliados seriam liberar a Sicília, invadir a Itália e tirar da guerra a potência nova do Eixo. Como resultado, o Departamento de Guerra procurou levar sua unidade mais bem treinada, ainda nos EUA, para a próxima fase de combate. Quando a “Rolling Fourth”NT retornou a Camp Gordon, Barton recebeu ordens para encaminhar a divisão para Fort Dix, no estado de Nova Jersey. Na segunda semana de abril, a divisão já estava em deslocamento, dessa vez transportando todo o seu equipamento por trem.14 Quando chegaram, as tropas continuaram a treinar com mais disparos de armas, ataques de pequenas unidades a posições fortificadas e operações ar-terra. Os atiradores de morteiros receberam atenção especial no adestramento, pois prestavam ao comandante do batalhão de infantaria o melhor apoio de fogo no combate aproximado.15
Essa unidade bem treinada não estava sendo desdobrada para a Itália devido à sua organização como divisão motorizada. Em teoria, haveria uma dessas para cada duas divisões blindadas, basicamente reproduzindo a forma como os alemães haviam desenvolvido seus granadeiros Panzer para apoiar suas respectivas divisões. No entanto, devido ao grande volume a ser transportado ao exterior, equivalente a uma divisão blindada padrão, o desdobramento não foi realizado. No final de julho de 1943, o Departamento de Guerra decidiu descartar a estrutura motorizada e redesignar essas unidades como divisões de infantaria. Em 24 de agosto, o GHQ ordenou que Barton devolvesse seu equipamento motorizado e se preparasse para se deslocar para o Centro de Treinamento Anfíbio (Amphibious Training Center), em Camp Gordon Johnston, na costa da Flórida.16
Em caráter confidencial, um integrante do Estado-Maior do GHQ informou a Barton que a 4a Divisão participaria do assalto à França, sob o codinome Overlord. Em setembro, ele viajou para a Inglaterra para um briefing geral sobre sua função e para examinar possíveis áreas de adestramento e bivaque. Quando chegou em Gordon Johnston, no início de outubro, ele e seu Estado-Maior prepararam um memorando de treinamento (Número 73), publicado em 14 de outubro, que explicava o plano de adestramento da divisão para os próximos nove meses. O documento identificava três fases do adestramento: a primeira era uma introdução às operações anfíbias e o aperfeiçoamento das habilidades de pequenas unidades na Flórida, entre 18 de outubro e 31 de dezembro. A Fase 2 começaria depois que a divisão chegasse ao Reino Unido em janeiro e, embora isso não constasse do memorando por motivos de segurança, seu foco se concentraria em operações navio-terra mais sofisticadas. Quando o plano de assalto estivesse definido, o comando de Barton se concentraria em praticar a invasão.17
O Departamento de Guerra havia criado o Centro de Treinamento Anfíbio em outubro de 1942, próximo à cidade litorânea de Carrabelle, na Flórida, cerca de cem quilômetros a sudoeste de Tallahassee. A área de adestramento era grande o suficiente para acomodar toda uma divisão de infantaria reforçada. Embora o programa de instrução fosse sempre fluido, dependendo da unidade, geralmente consistia em várias fases diferentes:
- Operações de embarque
- Atividades enquanto embarcados e em trânsito até o local de desembarque
- Movimento do navio para a costa
- Operações iniciais de assalto18
Além disso, os oficiais do Estado-Maior participavam de um curso independente que enfatizava a função do comando no planejamento de todas as fases do assalto. Por fim, o centro ensinava uma série de matérias especiais, incluindo natação, condicionamento físico, combate com facas e baionetas e disparo com armas automáticas a partir de embarcação de desembarque. Quando a 4a Divisão de Infantaria chegou em setembro de 1943, o centro já estava em funcionamento há mais de um ano e estava deixando de ser uma iniciativa exclusiva do Exército para se tornar uma operação conjunta do Exército e da Marinha.19
Na Fase 1, as operações anfíbias foram a tarefa mais importante, seguidas por outras habilidades essenciais, como minagem, saneamento, patrulhamento e operações noturnas. Durante o adestramento do assalto, a divisão usava munição real sempre que possível e enfatizava o uso da baioneta. Além dos exercícios regulares, oficiais e graduados participavam de cursos sobre assuntos táticos e de liderança. O condicionamento físico era essencial, e a divisão realizava corridas de longa distância em terreno irregular pelo menos uma vez por semana. Marchavam com todas as vestimentas e equipamentos de combate por distâncias entre 24 e 40 quilômetros.20
Os detalhes de grande parte do treinamento constavam de um programa de 271 páginas intitulado “Shore to Shore Amphibious Training” (“Adestramento anfíbio terra-terra”, em tradução livre). O programa cobria quase tudo que uma unidade pudesse vir a experimentar, desde o carregamento das embarcações até o desembarque em terra distante, a comunicação durante a passagem para a costa e a organização da praia após o desembarque. Incluía também uma série de tutoriais para comandantes e estado-maior sobre como redigir uma ordem anfíbia. Esse programa terminava com uma série de exercícios concebidos para colocar em prática tudo o que os soldados e seus comandantes haviam aprendido.21
O programa de treinamento era desafiador e rigoroso. Os soldados que serviam na 4a Brigada Especial de Engenharia sofreram com enjoos pela primeira vez ao passarem horas no mar, balançando em suas embarcações de desembarque. Desembarcavam à noite nas praias das ilhas locais e na costa da Flórida. Caminhavam à noite para desenvolver o condicionamento físico e evitar o calor do dia. Nadavam todas as tardes para aprender a abandonar um navio em naufrágio e alcançar a costa. Pela primeira vez, os grupamentos táticos praticaram como unidades que incluíam infantaria, engenharia, paramédicos e artilharia. Embora não estivesse no plano de treinamento prescrito, a divisão tinha um plano modificado de adestramento de rangers para determinados membros de cada regimento. O Cap Oscar Joyner Jr., ex-integrante do Estado-Maior do Centro de Treinamento Anfíbio, então servindo na seção de operações (G3) da divisão, dirigia esse programa. Sua essência estava nas habilidades individuais básicas, como leitura de carta, navegação terrestre, uso de explosivos, detecção de minas e armadilhas e escalada de muralhas de defesa. Como observou o historiador do 22o Regimento de Infantaria: “Provavelmente, nenhuma fase do adestramento do regimento foi mais útil ou mais odiada do que o tempo passado em Camp Gordon Johnston, na Flórida”.22 No fim de novembro, esses jovens já estavam no melhor condicionamento físico de suas vidas, magros pelos exercícios e bronzeados pelas horas ao sol. Estavam prontos para a próxima fase do adestramento na Inglaterra.23
Fase 2: Adestramento anfíbio geral no Reino Unido
A 4a Divisão de Infantaria iniciou sua viagem para a Europa ao deixar o Camp Gordon Johnston em 1o de dezembro. Os veículos sobre rodas percorreram em comboio cerca de 725 quilômetros da costa até Camp Jackson, no estado da Carolina do Sul. Lá, seus integrantes limparam ou substituíram as vestimentas e os equipamentos desgastados. A divisão retomou o deslocamento no fim de dezembro, dessa vez para Camp Kilmer, em Nova Jersey, onde se preparou para o desdobramento. Durante o dia, inspetores do Departamento de Guerra e escritórios de diversas agências submeteram os militares a uma última série de verificações pré-desdobramento. As tropas receberam exames físicos e palestras sobre segurança e removeram todos os distintivos e insígnias de suas unidades. Preencheram os cartões de mudança de endereço e os enviaram para casa com todos os itens que não poderiam levar com eles. O Departamento de Guerra emitiu ordem de desdobramento para a divisão no fim de dezembro, e sua testa de vanguarda, liderada pelo Cel James Rodwell, Chefe do Estado-Maior, partiu do porto de Nova York em 27 de dezembro. Finalmente, o 8o Regimento de Infantaria de Van Fleet foi o primeiro, partindo em 10 de janeiro no RMS Franconia, um navio de passageiros da empresa Cunard. Em 19 de janeiro, toda a divisão já estava no mar. Levaram 13 dias para atravessar o gélido Oceano Atlântico. No final de janeiro, toda a divisão havia chegado em Liverpool, e o processo de desembarque começou.24
O movimento da Ivy Division fez parte da Operação Bolero, o desdobramento do Exército dos EUA e das Forças Aéreas do Exército dos EUA para a Inglaterra. O Bolero Combined Committee (Comitê Conjunto Bolero, em tradução livre), de Londres, supervisionava a “recepção, acomodação e manutenção das forças estadunidenses no Reino Unido”.25 Esse grupo atuava de forma coordenada com todos os elementos do governo local e nacional britânico para garantir que o processo fosse o mais tranquilo possível. Supervisionava o terreno e as instalações das tropas estadunidenses e designava as áreas de alojamento. De Liverpool, os soldados da divisão embarcavam em trens e se deslocavam para suas áreas de acampamento na grande península no sudoeste da Inglaterra chamada Devon (ou, às vezes, Devonshire). Um dos motivos pelos quais o comitê escolheu esse local foi a relativa facilidade que oferecia ao adestramento anfíbio no Canal da Mancha e no Canal de Bristol. Estava também localizado próximo aos portos de embarque e das áreas finais de desembarque no oeste da Normandia.26 Assim que chegou, Barton se apresentou ao Gen Div Omar N. Bradley, Comandante do Primeiro Exército dos EUA, para receber um briefing sobre o que esperar nos próximos meses.27
O comando ficava em uma linda mansão do início do século XVIII chamada Collipriest House, em Tiverton. O comando da artilharia divisionária ficava no vilarejo vizinho de Cullompton, com os batalhões espalhados perto dos regimentos que apoiavam. O 12o Regimento de Infantaria do Cel Harry Henderson encaminhou-se à área próxima a Exeter. O 8o Regimento de Infantaria de Van Fleet concentrou seu comando em Honiton, e o 22o Regimento de Infantaria de Tribolet se deslocou para vários vilarejos em Newton Abbot e arredores. A distância entre o comando da divisão e os diversos comandos podia ultrapassar 72 quilômetros, dificultando a interação de Barton e seu estado-maior com seus comandantes, agora praticamente por conta própria quando não participavam de exercícios de adestramento.28
Logo após instalados, os regimentos começaram o adestramento de pequenas unidades em preparação para os exercícios mais abrangentes. Espaços para adestramento na zona rural britânica eram escassos. Em pouco tempo, o comando do teatro de operações estadunidense providenciou para que a divisão praticasse em uma área chamada U.S. Army Assault Training Center (Centro de Treinamento em Assalto do Exército dos EUA, em tradução livre), localizada entre Braunton e Barnstaple. Ali, as tropas da divisão poderiam praticar com armas de infantaria, carros de combate, artilharia e apoio aéreo, todos usando a mesma munição que usariam em combate. Em Braunton, os soldados aprenderam ou relembraram como organizar equipes de barcos, liderar grupos de assalto e superar barreiras anticarro (“hedgehogs”) e outros obstáculos que os combatentes inimigos poderiam usar para bloquear o assalto da divisão.29 Como Barton havia decidido liderar a invasão com o 8o Regimento de Infantaria, ele o enviou imediatamente para Braunton. Seu adestramento especializado incluía técnicas de assalto anfíbio, redução das defesas de praia e assalto a locais fortificados. Como observou o historiador da divisão, “O adestramento em Braunton foi bem organizado, intensivo, interessante e de imenso valor prático para seus participantes”.30 O restante da divisão passou o mês de fevereiro praticando com seu novo equipamento nos escalões companhia e batalhão. Esse adestramento incluía exercícios com tiro real e disparos diretos e indiretos sobre as tropas de assalto.31
Em 23 de janeiro, Eisenhower, então o comandante supremo dos Aliados, notificou a Junta de Chefes do Estado-Maior de que havia aprovado uma alteração significativa na concepção da invasão. Como a posição dos Aliados em termos de homens e materiais havia melhorado desde o desenvolvimento do plano de invasão original, eles agora poderiam assaltar outra praia, Utah, na Península de Cotentin. Bradley designou essa missão à 4a Divisão de Infantaria como parte do VII Corpo de Exército. A divisão foi encarregada de tomar aquela praia, unir-se a duas divisões de forças aeroterrestres lançadas sobre o interior e dirigir-se ao norte a fim de liderar o esforço de captura do porto de Cherbourg.32 Como os estados-maiores de Eisenhower e Bradley ainda não haviam definido os detalhes da invasão, Barton e a 4a Divisão de Infantaria continuaram a execução da Fase 2 de seu plano de adestramento para outubro.33
Enquanto isso, de fevereiro a 5 de junho, o comandante da divisão participava de uma sequência quase diária de visitas, reuniões e inspeções. O diário de Barton registra cada uma delas, que consumiam mais da metade do tempo que tinha disponível para preparar seu comando. O Secretário de Guerra dos EUA, o Primeiro-Ministro britânico e quase todos os oficiais-generais e coronéis de estado-maior de ambos os Exércitos se dirigiram ao seu comando em Tiverton. Barton se reunia com os membros do comando do Corpo de Exército quase diariamente. Com mais de 30 anos de serviço na infantaria, “Tubby” Barton conhecia e havia servido com muitos dos oficiais estadunidenses. Portanto, nesse ambiente de atividade constante, havia pouco tempo para reflexão e ponderação por parte de um comandante de divisão às vésperas de uma das batalhas mais importantes dos EUA.34
A divisão precisava aperfeiçoar suas habilidades anfíbias gerais como parte da Fase 2 do adestramento. O 8o Regimento de Infantaria havia iniciado esse processo em Braunton no final de fevereiro. Para o 12o Regimento de Infantaria, começou com a Operação Muskrat em 12 de março. Em Plymouth, três navios de assalto os aguardavam: o USS Dickman, o USS Barnett e o USS Bayfield, que serviria como posto de comando do corpo de exército e da divisão durante a invasão. Eles se dirigiram ao norte até o Mar de Clyde, a sudoeste de Glasgow, na Escócia. Lá, eles ancoraram e, durante a primeira semana, os batalhões praticaram vários exercícios, como alcançar as estações de embarcações em condições de escuridão total, desembarcar pelas laterais dos navios e usar equipamento completo em escadas, redes e cordas. Durante toda a semana, os soldados enfrentaram chuva fria e os enjoos previsíveis causados pela agitação das águas costeiras no fim do inverno. Para o exercício da semana seguinte, um destacamento da 1a Brigada Especial de Engenharia embarcou nos três navios. Agora, os soldados colocaram seu treinamento em prática ao se organizarem em equipes de barcos, descendo rapidamente pelas laterais dos navios-transporte e entrando nas embarcações Higgins designadas. Eles se organizaram em levas de assalto e se aproximaram da costa hostil. Em seguida, pularam na água gelada, muitas vezes até a altura das axilas, e caminharam até a margem. Foi uma experiência angustiante pelo perigo constante de lesões ou afogamento, e todos estavam constantemente molhados e com frio.35
Barton assistiu ao exercício final de um ponto acima da praia até 30 minutos após o desembarque das tropas. Em seguida, desceu à praia. Ele não ficou satisfeito com o que encontrou. Os soldados pareciam apáticos e desmotivados. Na maioria dos casos, agiam sem empenho, sem usar o terreno para cobertura e para se abrigarem do fogo inimigo direto. Mais importante ainda, os comandantes não estavam assumindo o comando e fazendo correções alinhadas com a sua perspectiva. Ele encontrou Henderson e o levou para percorrer a praia, apontando o que via. O comandante do regimento estava na divisão há pouco tempo, e Barton não se impressionou com o que descobriu.36
O 22o e 8o Regimentos de Infantaria realizaram exercícios semelhantes. Tribolet apelidou de Mink a sua série de adestramentos, que ocorreu em Slapton Sands. Diferentemente do 12o Regimento de Infantaria, ele precisava apenas qualificar dois batalhões, já que o 3o Batalhão treinaria com o regimento de Van Fleet. Ele praticou os mesmos adestramentos do Exercício Muskrat. Enquanto isso, o 8o Regimento, incluindo o 3o Batalhão do 22o Regimento de Infantaria, deslocou-se para Dartmouth e continuou seu adestramento de assalto em outro exercício chamado Otter, no mesmo período. Como Van Fleet seria o primeiro a chegar em terra, ele exigiu que seu treino fosse mais aprofundado, com um sentido de urgência maior.37
Fase 3: Preparando para Netuno
Em meados de março, os comandantes e estados-maiores do Primeiro Exército e do VII Corpo de Exército haviam tomado a maioria das decisões centrais de planejamento. Embora o VII Corpo de exército só viesse a publicar a Ordem de Campanha no 1, Neptune (Field Order #1, Neptune), em 28 de maio, Barton sabia que o Gen Bda J. Lawton Collins, Comandante do Corpo de Exército, havia designado à 4a Divisão de Infantaria a tarefa de desembarcar na Península de Cotentin, agrupar-se com as 82a e 101a Divisões Aeroterrestres e dirigir-se ao norte em direção a Cherbourg. Estava na hora de passar para a Fase 3 de seu plano de adestramento, preparando-se para a invasão.38
O Exercício Beaver foi o primeiro ensaio significativo da invasão. Realizado de 27 a 30 de março, seria um ensaio completo do assalto previsto, com o 8o e 22o Regimentos de Infantaria à frente. Agora, os regimentos eram organizações de armas combinadas intituladas grupos de combate regimentais. Além da infantaria, a divisão designou a eles pelotões de carros de combate, engenheiros, paramédicos, tropas de comunicação e um batalhão de artilharia de apoio direto. Em muitos casos, esses reforços permaneceriam durante toda a guerra. Para esse exercício e para a invasão, a 1a Brigada Especial de Engenharia e o 1106o Grupo de Engenharia se juntaram à 4a Divisão. Como essa era uma atividade dirigida pelo VII Corpo de Exército, Collins e seu comando também controlavam o 502o Regimento de Infantaria Paraquedista da 101a Divisão Aeroterrestre e recebiam apoio da Nona Força Aérea.39
O exercício foi realizado no Centro de Treinamento em Assalto, em Slapton Sands, na costa sul de Devon e a oeste de Dartmouth. Era uma praia de onze quilômetros de extensão, com um terreno semelhante ao que os estadunidenses encontrariam em junho. É digno de nota o Slapton Ley, um pântano salgado logo atrás da praia, o que reproduzia quase exatamente a situação na praia de Utah.40
Usando a minuta da ordem de campanha da 4a Divisão de Infantaria como guia, o 8o Grupo de Combate Regimental tomou a frente, seguido pelo 22o e 12o Grupos de Combate Regimentais. Foi o primeiro ensaio significativo do plano de assalto da divisão. De forma geral, o desembarque e o assalto na praia ocorreram conforme o programado. As unidades de assalto asseguraram uma cabeça de ponte e se deslocaram para o interior. Mas Barton não estava satisfeito com o desempenho de algumas de suas companhias e batalhões.41
O exercício continuou no dia seguinte. Era hora de as unidades de logística começarem a apoiar os grupamentos táticos na costa. O Serviço de Suprimentos do Teatro de Operações Europeu (European Theater Service of Supply) desembarcou cerca de 1.800 toneladas de alimentos, combustível e munição, permitindo que todos praticassem operações de reabastecimento. Naquela noite, as unidades de combate começaram a retornar aos seus acampamentos em Devon. Ao mesmo tempo, o comandante da divisão e seu grupo de operações foram a Plymouth e se reuniram com o Comandante da Força-Tarefa Naval, Alte Don P. Moon, Collins e o Estado-Maior do VII Corpo de Exército. Como um exercício dessa escala, ele expôs muitas falhas no adestramento da unidade e na cooperação entre o Exército e a Marinha. Muitos participantes se lembravam desse acontecimento como muito confuso. Com base em seu desempenho no último mês, Barton substituiu um de seus comandantes de regimento, o Cel. Harry Henderson, do 12o Regimento de Infantaria. Bradley enviou-lhe o Cel. Russell P. “Red” Reeder Jr., um dos jovens pupilos de Marshall que havia acabado de chegar ao teatro de operações para substituí-lo.42
As primeiras discussões sobre o Exercício Tiger tiveram início quase no mesmo momento em que Eisenhower e o general britânico Bernard L. Montgomery, comandante da força terrestre, chegaram à Inglaterra em fevereiro, e eles concordaram em incluir outra praia na invasão. Bradley, portanto, ordenou que Collins começasse a planejar o exercício em 1o de abril, com a data de execução na última semana do mês. Como se tratava de um ensaio geral, a organização das tarefas era a mesma que o Corpo de Exército usaria na praia de Utah, em junho. A 4a Divisão de Infantaria desembarcaria por mar, conforme programado, com o apoio da 1a Brigada Especial de Engenharia para limpar as praias de minas e obstáculos. Não era prático usar grandes quantidades de aeronaves para transportar as tropas das 82a e 101a Divisões Aeroterrestres. Essas tropas chegaram de caminhão para simular o agrupamento com as forças que desembarcariam por mar no Dia D (dia da execução) +1. Nesse mesmo dia, o comboio logístico de unidades de apoio médico, de intendência e outras também ensaiaria seu desembarque e o estabelecimento do elemento de apoio na praia da invasão.43
Guiando-se pela minuta da Ordem de Campanha no 1, Neptune, do VII Corpo de Exército, Barton e seu Estado-Maior prepararam a Ordem de Campanha no 1, Exercício Tiger, em 18 de abril.44 A divisão empregaria seus três regimentos, agora configurados como grupamentos táticos com todos os engenheiros e carros de combate de apoio, exatamente como planejado para a invasão. O Grupamento Tático 8 de Van Fleet, reforçado pelo 3o Batalhão, 22o Regimento de Infantaria, tomou a frente e se deslocou para Lower Ley para assegurar a via trafegável. O Grupamento Tático 22 de Tribolet, exceto o batalhão sob o controle de Van Fleet, seria a próxima leva. Sua missão era desembarcar na praia, assegurar uma via trafegável e assumir o comando de seu 3o Batalhão. Em seguida, deveria continuar o ataque ao longo de sua rota de avanço designada. O Grupamento Tático 12 de Reeder desembarcou em seguida com a tarefa de assegurar um local para travessia de rio. A 1a Brigada Especial de Engenharia foi integrada à divisão, apoiando o desembarque e melhorando as condições da praia para as forças e suprimentos de acompanhamento. Por fim, após as tropas de assalto, viriam as unidades de suprimento de divisão, corpo de exército e Exército, praticando a movimentação navio-terra de munição e alimentos necessários. Esse treinamento foi o mais próximo da invasão que o Estado-Maior do VII Corpo de Exército conseguiu planejar e executar.45
Mais de 30 mil soldados se encaminharam aos portos de embarque em 22 de abril, chegando alguns dias depois nas zonas de concentração, na costa sul de Devon. Quinta-feira, 27 de abril, foi um dia bom para um adestramento de invasão, e o bombardeio com tiro real estava pronto para começar. No entanto, por vários motivos, Moon adiou o assalto das 07h30 para as 08h30, o que nunca deve ser feito no último minuto. A fricção, descrita por Carl von Clausewitz, assumiu o controle.46 Nem todos os navios foram notificados. As Companhias E e F, do 8o Regimento de Infantaria, receberam a mudança de ordens e recuaram. No entanto, a Companhia G, a unidade de reserva, nunca recebeu a mensagem e permaneceu em terra conforme planejado. Ficou sozinha em terra quando a Marinha começou seu bombardeio reprogramado. Felizmente, os armamentos pesados não atingiram ninguém, mas algumas explosões chegaram perto demais de alguns soldados na praia.47
A divisão tinha outros problemas: Barton e os comandantes mais antigos perceberam a falta de energia em todo o comando. Os soldados não conseguiram empregar os aspectos fundamentais de cobertura e abrigo como se fosse uma invasão. Parte do problema foi a ausência dos comandantes de regimento nos desembarques iniciais. Van Fleet e Tribolet ficaram presos em um “barco isolado”. Em teoria, eles tinham a opção de desembarcar em qualquer lugar, posicionando assim os comandantes de regimento onde fosse necessário. No entanto, o capitão britânico teve outras ideias e só alcançou a praia muito mais tarde. Ao desembarcar, Barton ouviu uma narrativa repleta de termos de baixo calão de Van Fleet, que não havia tido oportunidade de corrigir os problemas de sua equipe. Pouco tempo depois, por volta de 10h45, na praia, Barton encontrou Montgomery, o Alte Bertram H. Ramsay (comandando a Força Naval dos Aliados) e o Gen Div Courtney Hodges, Subcomandante de Bradley. Sem conhecer o histórico do problema do desembarque, Montgomery confrontou o comandante da divisão. “Onde se meteram os comandantes de regimento, General? Eles devem estar com as tropas durante o desembarque.” Bastante ofendido, Barton respondeu: “Escute, General, é melhor dizer isso ao seu capitão britânico, pois os meus comandantes estariam aqui se não fosse pela ineficiência dele”. Montgomery recuou e discutiu a questão com Ramsay.48
Embora essa tenha sido a oportunidade de treinamento mais importante para a 4a Divisão de Infantaria, o Exercício Tiger também entrou para a história como um dos fracassos mais significativos das Marinhas britânica e estadunidense no Teatro de Operações Europeu. No início da noite de 27 de abril, um comboio de oito navios de desembarque de carros de combate (Landing Ship, Tank, LSTs) partiu de Plymouth rumo a uma zona de concentração em Lyme Bay, a leste da área de desembarque do exercício. Essas grandes embarcações, cada uma com 120 metros de comprimento e capacidade para transportar 20 carros de combate e mais de 200 soldados, eram a espinha dorsal da força de invasão dos Aliados. A bordo desse comboio estava a força de acompanhamento do desembarque, incluindo tropas e equipamentos que forneciam apoio de engenharia, logístico, médico e de comunicações. Muitos deles eram da 1a Brigada de Engenharia. Pouco depois da meia-noite de 28 de abril, nove torpedeiros alemães deixaram o porto de Cherbourg para investigar as atividades relatadas perto de Plymouth. Ao fazer contato com as embarcações dos Aliados por volta das 02h00, eles encontraram as LSTs e iniciaram o ataque. Quando terminou e os navios de patrulha britânicos chegaram para expulsá-los, as embarcações alemãs haviam afundado duas LSTs (507 e 531), danificado outras duas e neutralizado aproximadamente 800 soldados e marinheiros dos Aliados. Temendo que a notícia de seu sucesso pudessem alertar os alemães sobre a invasão iminente, o comando dos Aliados impôs uma quarentena de segurança ao redor da área. Eles instruíram os paramédicos e outras pessoas cientes do desastre para que não dissessem nada. Oficiais mais antigos de ambas as nações e Forças responsabilizaram uns aos outros pela tragédia. Como a maioria das ações militares, os detalhes do incidente mantiveram o status de classificado até o fim da guerra.49 No entanto, como em muitos casos semelhantes, a maioria considerou o ocorrido como o preço a pagar pela preparação para a invasão e seguiu em frente. Moon gentilmente enviou uma mensagem a Collins para “expressar meus mais profundos sentimentos pelas perdas sofridas (pela 1a Brigada Especial de Engenharia) em nosso primeiro contato conjunto com o inimigo”.50
Conclusão
O assalto do Exército dos EUA à costa da Normandia não aconteceu por acaso. Foram necessários muitos meses de adestramento e prática para garantir que todos os aspectos complexos da invasão fossem combinados para resultar no sucesso tático. A 1a e a 29a Divisões de Infantaria tinham programas de treinamento semelhantes aos da 4a Divisão de Infantaria em preparação para seu assalto na praia de Omaha. O mesmo ocorreu com as 82a e 101a Divisões Aeroterrestres, que praticaram seus saltos noturnos antes do assalto naval. Os soldados britânicos e canadenses, que desembarcariam nas praias Gold, Juno e Sword, também participaram de programas abrangentes de adestramento anfíbio. Como o historiador Peter Caddick-Adams ressaltou na introdução de Sand & Steel, “Em comparação com os alemães, a maioria dos militares que assaltaram o norte da França havia passado por um grau incrível de treinamento penoso e realista que os colocou no auge da forma física, aclimatou-os para o combate e os preparou, mental e fisicamente, bem o suficiente para vencer”.51 Para a Divisão Ivy de Raymond O. Barton, esse treinamento penoso e realista começou na costa quente do Golfo do México e terminou na costa gelada de Slapton Sands oito meses mais tarde.
Referências
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Stephen A. Bourque, Ph.D., é professor emérito do U.S. Army Command and General Staff College. Passou à reserva remunerada do Exército dos EUA em 1992, após 20 anos de serviço como praça e oficial, em postos de serviço nos EUA, na Alemanha e no Oriente Médio. Depois de obter seu Ph.D. em História pela Georgia State University, lecionou em várias faculdades e universidades, incluindo a California State University-Northridge e a School of Advanced Military Studies do Command and General Staff College. Seus livros incluem Jayhawk! The VII Corps in the 1991 Persian Gulf War (U.S. Army Center of Military History, 2002), The Road to Safwan (University of North Texas Press, 2007) e Beyond the Beach, the Allied War against France (Naval Institute Press, 2018). Seu livro mais recente, “Tubby”, Raymond O. Barton and the US Army, 1889-1963, está previsto para ser publicado no segundo semestre de 2024. Trechos deste artigo aparecerão em Tubby. Atualmente, Bourque está trabalhando em um livro sobre o combate da 4a Divisão de Infantaria na Floresta de Hürtgen.
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