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Artigos Exclusivamente On-line de Dezembro de 2017

O Sarcasmo como uma Arma

J. Michael Waller, PhD

Artigo publicado em: 14 de dezembro de 2017

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Vladimir Putin oficialmente proibiu esse meme popular dele com sua cara pintada como travesti

A quinta regra: O sarcasmo é a arma mais poderosa do ser humano. É quase impossível contra-atacar o sarcasmo. Ele enfurece os opositores, que, então reagem em seu benefício.

—Saul Alinsky, Rules for Radicals (“Regras para Radicais”)

Mulheres venezuelanas despiram suas calças e as jogaram contra a polícia de choque, debochando dos jovens, já desmoralizados, e provocando-os a “ser homens” e vesti-las. Uma multidão inflamada riu das forças paramilitares, entoando que eles “vestissem as calças” e se aliassem ao povo contra a ditadura vacilante de Maduro. De repente, a polícia com capacetes e bastões na mão e seus veículos blindados já não parecia tão ameaçadora. Uma vez que o público é capaz de debochar da máquina repressiva, torna-se perceptível que o tempo do Estado policial está acabando.

Manifestações de rua improvisadas por toda a Venezuela, na primavera de 2017, com alguns ocasionais coquetéis molotov acrescentando drama para provocar reações exageradas entre as forças de segurança, marcaram o momento decisivo para um regime corrupto que tinha chegado ao ponto de ruptura. O povo riu na face dos seus opressores. Seu medo se dissipou.

Quando um Estado policial perde sua capacidade de impor obediência ou medo, não pode sobreviver por muito tempo. Quando terroristas perdem a sua capacidade de aterrorizar, perdem sua arma psicológica mais crítica. O terrorismo é, por definição, uma forma de guerra psicológica — o nome já diz tudo, que é incutir terror entre populações e líderes — o que significa que os perpetradores não podem continuar existindo se fracassarem em intimidar o povo.

Matar terroristas e seus apoiadores é apenas parte do arsenal de contraterrorismo. No entanto, a perseguição e a eliminação deles têm sido os principais recursos contraterrorismo usados em uma guerra, aparentemente, sem fim. Às vezes, a pior coisa a fazer contra um inimigo é ridicularizá-lo. O sarcasmo, o escárnio e outras táticas relacionadas têm sido armas usadas contra o mal — e contra as armas que os malfeitores empregam contra todas as coisas que são boas — ao longo de toda a história da humanidade.

“O diabo ... o espírito orgulhoso ... não tolera ser motivo de chacota”, escreveu Sir Thomas More, amigo mais próximo e de confiança do Rei Henrique VIII, que perderia a cabeça ao machado do carrasco por ser, como ele próprio declarou “bom servo do rei, mas de Deus em primeiro lugar”1.

O escárnio pode funcionar quando a filosofia, a teologia e a razão fracassam. “A melhor maneira para expulsar o diabo, se ele não submeterá aos textos da Escritura, é zombar e escarnecê-lo, porque ele não pode aguentar o desdem” disse Martinho Lutero, um dos líderes do que se tornaria a Reforma Protestante2.

Os autores Douglas J. Feith e Abram N. Shulsky confirmam Lutero, escrevendo, “Uma das armas mais potentes do Iluminismo durante sua batalha contra o fanatismo e a intolerância religiosos era o escárnio”3.

O mesmo pode ser dito sobre a maioria dos conflitos atuais. O sarcasmo tem recebido pouca atenção no pensamento militar moderno. Não se espera que forças armadas sejam engraçadas. Mas tampouco devem ser diplomatas ou espiões. O sarcasmo raramente, ou nunca, se torna um fator no planejamento estratégico militar ou diplomático e, dificilmente será, também, nos níveis táticos ou operacionais, embora muitos de nossos alvos prioritários, pequenos e grandes, sejam dignos de uma boa risada.

Um líder da Al Qaeda, Abu Musab al-Zarqawi, perdeu sua aura de invencibilidade quando as Forças Armadas dos EUA divulgaram filmagens não editadas de um vídeo capturado mostrando o chefe terrorista como uma pessoa atrapalhada, confusa e gorducha, vestida em um traje preto de ninja, que não sabia como operar uma metralhadora4. Mas algumas pessoas nas Forças Armadas dos EUA não conseguiram entender o valor de menosprezar al-Zarqawi dequela maneira, argumentando que a metralhadora, uma M249 Squad Automatic Weapon (arma automática de Grupo de Combate) é “difícil de dominar” e exige um longo tempo de treinamento. Além disso, a M249 em questão era uma “variante mais antiga, que faz com que seu mau funcionamento seja pouco surpreendente”5. Os jornalistas árabes, pelo contrário, viram o valor imediatamente. A televisão iraquiana transmitiu o vídeo repetidamente por dias.

Um manifestante antigoverno segura um cartaz com uma caricatura do Presidente venezuelano Nicolas Maduro

Ditadores, terroristas e ideólogos totalitários, quase por definição, não podem tolerar serem ridicularizados. Tampouco pode alguém com sensibilidade excessiva e um ego exagerado. O sarcasmo é seu calcanhar de Aquiles. E o humor é um forte fenômeno clandestino em qualquer sociedade. A liderança soviética estava tão receosa do humor que a KGB tinha o que o comediante russo Yakov Smirnov chamou de um “Departamento de Piadas”. Esse não era o verdadeiro nome do departamento, que tinha uma designação mais inofensiva como uma subdivisão da seção de imposição política da KGB, a Quinta Diretoria Principal, mas o apelido de Smirnov para ele fez com que a KGB parecesse ainda mais fraca e bizarra (embora todas as piadas ainda tivessem que ser aprovadas pela KGB)6.

Os nazistas tinham uma opinião diferente. Logo depois da ascensão de Adolf Hitler ao poder, em 1933, os nazistas proibiram comentários críticos ao regime, mas não baniram as piadas. Alguns historiadores alemães dizem que os nazistas consideravam as piadas como uma válvula de escape para as tensões e frustrações do alemão comum. Durante os fracassados últimos anos da Segunda Guerra Mundial, porém, o Terceiro Reich considerava piadas como uma forma de derrotismo militar, punível com prisão ou com pena de morte, embora o historiador Rudolph Herzog, autor de Dead Funny: Telling Jokes in Hitler’s Germany (“Fatalmente Engraçado: Contando Piadas na Alemanha de Hitler”, em tradução livre), descobriu que as piadas eram um pretexto para a purgação dos indesejados7. Um argumento persuasivo pode ser usado, de que a denúncia excessiva de humoristas e comediantes, exagerando as ameaças que representam, empregando exibições de força e até atacando-os fisicamente, pode fortalecer os provedores de escárnio e aprofundar sua atratividade.

Esta pichação, escrita em um muro de uma escola em Daraa, Síria

Economicamente Viável

O emprego do sarcasmo não custa nada. Não exige equipamentos caros ou um programa orçamentário específico para aquisição. Devido a isso, não possui lobistas no Congresso nem uma trajetória profissional nas Forças Armadas. Considerando que o escárnio efetivamente não custa nada, não pode ser contabilizado como uma ferramenta ou uma arma. Os advogados e contadores que dominam, cada vez mais, o pensamento e as ações militares não podem determinar o valor do escárnio da mesma forma que podem facilmente contabilizar as munições gastas; equipamentos e veículos avariados; militares mortos e mutilados; e indenizações intermináveis por invalidez. As promoções militares tendem a ser por tempo de serviço e por ações contabilizáveis e tangíveis, com ocasionais ações intangíveis por ombridade e valor, não por inovações que são difíceis de contabilizar, como o escárnio, que podem enfraquecer e destruir um inimigo mais efetivamente que uma força cinética. Por isso, perdemos ilimitadas oportunidades para eliminar nossos inimigos e tratar nossos adversários como merecem.

Jovens buscam por comida no lixo despejado

Considere uma oportunidade perdida que ocorreu no início de 2017, quando a Rússia enviou seu antiquado navio aeródromo Almirante Kuznetsov à costa da Síria, em sua primeira missão militar no Báltico. As forças navais dos países marítimos da OTAN se incomodaram fortemente com o fato. Em vez disso, o que teria acontecido se eles simplesmente tivessem zombado daquela monstruosidade fumacenta? Poderiam ter causado uma onda na internet ao ridicularizar o Kuznetsov em frente a todo o público. Ao invés de se maravilhar com as novas capacidades da aviação naval da Rússia, o que teria acontecido se a OTAN simplesmente tivesse ridicularizado o mecanicamente obsoleto Kuznetsov? Um comediante sugeriu no Twitter que os britânicos deviam enviar um navio de salvamento da Marinha Real para rebocar o Kuznetsov caso ele tivesse que atravessar o Canal da Mancha. Na época, aeronaves russas deram rasantes sobre navios de guerra da OTAN e, segundo se diz, até penetraram o espaço aéreo da aliança. Ao zombar do navio capitânia de Moscou durante sua primeira missão de combate no Mediterrâneo, a aliança poderia ter rebaixado Vladimir Putin um pouco, ao invés de elevá-lo para o status por ele almejado como uma força militar equiparada.

Tal truque não é “informação” no sentido cibernético ou informacional das operações de informações (Op Info). É teatro político. Não é “Operações de Apoio às Informações Militares”, seja qual for o significado disso, uma terminologia desajeitada que esvaziou a própria essência do seu nome antigo, as operações psicológicas (Op Psico). Mas o teatro político pode ser Op Psico. Sem um nome adequado, nós nos privamos de usar o que temos na mão para causar efeito psicológico em um alvo. Nunca pensaríamos em usar um rebocador para enfraquecer a primeira presença intimidante de um navioaeródromo russo. Em vez disso, os formuladores de política lamentam e resmungam sobre o que devem fazer, enquanto blogueiros e ativistas do Twitter virtualmente afundaram o prestígio do Kuznetsov8.

Líderes Vulneráveis

Vamos analisar alguns exemplos de líderes nacionais vulneráveis por todo o mundo e, depois, alguns adversários vulneráveis nos níveis tático e operacional. Primeiro, devemos resistir ao impulso de recuar horrorizado das formas de zombaria do Século XXI que muitos no Ocidente moderno acreditam serem misóginas e preconceituosas e considerar a adequação contra alvos relevantes nas suas próprias sociedades.

Rússia. Vladimir Putin se ofende facilmente. Ele tem um senso de humor crasso, mas é vulnerável quando é o objeto dos risos. Um grupo de psicólogos e estrategistas políticos tem argumentado que a imagem cuidadosamente cultivada de um sujeito durão é uma compensação excessiva das suas próprias inseguranças sobre sua identidade sexual pessoal9. Putin é tão sensível que ele baniu oficialmente um meme popular dele com seu rosto maquilhado como travesti. Essa reação, inadvertidamente, fez o meme mais popular do que nunca, tornando-se uma sensação internacional. As forças militares da OTAN têm recentemente começado a considerar a guerra memética, que emprega memes como uma forma de conflito psicopolítico10.

Egito. Um indicador de que um regime está propício para um ataque de sarcasmo é quando esse regime aprova uma lei e emite decretos para proibir insultos públicos contra aqueles que possuem poder público. No caso do Egito, após a revolução contra Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, os sucessores islamistas estabeleceram tal proibição como parte da nova constituição. O regime democraticamente eleito de Mohammed Morsi, que rapidamente tentou consolidar seu poder como uma ditadura teocrática apoiada pela Irmandade Muçulmana, não tolerava piadas.

Essa proibição constitucional não dissuadiu o comediante egípcio Bassem Youssef, que apresentava um programa popular na televisão que espelhava o The Daily Show de Jon Stewart. Youssef dirigira sua engenhosidade impiedosa contra Mubarak sem represália, mas os islamistas rapidamente se cansaram dele depois que Morsi tornou-se o tema das anedotas. Youssef apresentava um quadro regular que zombava do emprego da palavra “amor” em discursos políticos de Morsi. Ao som de canções românticas, Youssef acariciava uma almofada vermelha com a imagem da cara de Morsi. Essas e outras ofensas eram um crime que obteve destaque em manchetes internacionais. Youssef “zombou do Presidente Mohammed Morsi na televisão”, reportou o Telegraph em Londres11. Pode-se argumentar que a opinião pública internacional, liderada pelo próprio Stewart, salvou Youssef da prisão. Agora, o comediante direciona sua engenhosidade ao governo Sisi que expulsou Morsi, sem represálias.

O humor e o escárnio podem criar seu próprio campo de batalha. No caso de Youssef, os islamistas retribuíram com sua própria comédia cáustica. Abu Islam Ahmed Abdullah, cujo programa Hezbollah é transmitido no Canal Ummah (esses são nomes reais, não piadas), fingiu sentir atração física por Youssef, declarando-o mais lindo que as famosas atrizes egípcias e exortando-o a cobrir sua cara como uma mulher.

Para os comediantes jihadistas, o humor é unilateral. Abu Islam disse que os xeques islâmicos que têm se envolvido na política devem ser isentos de criticismo, “porque Deus lhes concedeu o direito de esclarecer as pessoas sobre o que é certo e o que é errado e que eles podem julgar quem irá ao Céu e quem irá ao Inferno”12. O regime Morsi e outros islamistas exigiram restrições da liberdade de expressão dos artistas egípcios em geral, com campanhas de intimidação de alta visibilidade.

Catar. Os Estados Unidos consideram o governo ditatorial do Catar um amigo e aliado confiável na luta contra o extremismo violento, embora o regime e sua família reinante financiem doutrinação, treinamento e operações de jihadistas por todo o mundo. Nós nos condicionamos a pensar no Catar como um parceiro porque esse país nos “deixa” usar a grande base militar Al Udeid que construímos lá, tudo à nossa custa. Por que consideramos o Catar um amigo e aliado quando financia as pessoas que nos matam está além do alcance deste artigo, mas devemos analisar a intolerância sensível do regime como um calcanhar de Aquiles, se os tempos ficarem difíceis. O Catar pode criticar outras nações nos canais de televisão e internet da Al Jazeera, mas não tolera o mesmo sobre seu país.

O regime do Catar condenou um poeta à prisão perpétua pelo crime de “insultar” o emir. A ofensa: escarneceu a ditadura familiar como um grupo de “xeques jogando com seus Playstations”14. O poeta Muhammad Ibn al-Dheeb al-Ajami apoiou os levantes da Primavera Árabe na África do Norte, que eram respaldados pelo regime, e parecia advogar uma revolução democrática no Catar, embora tivesse a cautela de não dizer isso especificamente. Exigir a queda da família reinante al-Thani é um crime capital no Catar. Em um de seus poemas, al-Ajami disse, em árabe, “Se os xeques não podem impor a justiça, devemos mudar o poder e entregá-lo à bela mulher”15. Tais humilhações não parecem tão graves para pessoas em sociedades democráticas e o escárnio não é particularmente profundo, mas mostra a fraqueza dos regimes petrolíferos que exportam jihad e a simplicidade de tirar proveito das inseguranças emocionais e psicológicas de seus líderes.

Síria. A revolta síria, antes das tentativas do Estado Islâmico (EI) para controlar o país, começou após o regime Assad ter prendido crianças em idade escolar por pichações antigoverno durante o que parecia ter sido uma provocação bem organizada de baixo orçamento17. As crianças não foram presas por vandalismo, mas por crimes políticos. Defrontados com a falta de um jornalismo real e uma fraca presença na internet, os artistas sírios ficaram cada vez mais corajosos em zombar do regime baathista Assad com a arma psicologicamente letal da sátira.

Diz-se que o ditador Bashar al-Assad é extremamente sensível ao sarcasmo, em parte pela sua própria sobrevivência política e por ter uma característica física — um pescoço anormalmente longo — que faz com que seja um alvo fácil para cartunistas, marionetistas e outros artistas.

“Desde o início, o regime tem reconhecido que é perigoso usar a imagem, usar arte”, o artista sírio Aram Tahhan informou a CNN. “A câmera é o equivalente de qualquer arma do ponto de vista do regime”18.

Muitos dos autores não precisavam da internet. Eles divulgaram sua mensagem por meio de músicas, caricaturas e poesia. Eles se afastaram da sua cautela tradicional em abordar os limites sociais para se tornarem iconoclastas literais, visando diretamente as personalidades e simbolismo do regime. Outros usaram a internet para alcançar públicos dentro da Síria e por todo o mundo. Um grupo de dez artistas, chamando-se Masasit Mati, criou fantoches de dedo, baratos e fáceis de contrabandear, dos líderes do regime que assumiam os papéis principais em uma sátira de vídeo denominada “Top Goon” (“Brutamonte no Comando”, em tradução livre)19. O espetáculo de fantoches muito simples — e muito engraçado — despedaçou o frágil culto de personalidade do regime em torno de Bashar “Beeshu” al-Assad, seus capangas e sua esposa glamorosa. Esses espetáculos simples também ridicularizavam o regime por suas atrocidades.

Esses breves e cômicos espetáculos de fantoches tornaram-se populares na Síria e por todo o mundo e reduziram o regime a fantoches repressivos. Os próprios fantoches tinham um formato ideal para os vídeo da resistência clandestina. De fabricação fácil e barata, suficientemente pequenos para esconder ou descartar durante uma emergência e representando caricaturas impiedosamente engraçadas de várias figuras do regime sírio, os fantoches realizaram uma brilhante operação disruptiva para encorajar o sírio comum e marginalizar o que restava do regime. Os curtos e divertidos espetáculos valem ser vistos e promovidos como exemplos de resistência cultural à ditadura e como ideias para lutar contra outros adversários, como o regime no Irã e a Irmandade Muçulmana. O programa Top Goon tem seu próprio canal no YouTube em árabe e vídeos com subtítulos e legendas em inglês20. A campanha inteira tornou-se possível com apenas um pequeno subsídio do governo da Holanda.

Antes do surgimento do EI, alguns observadores estrangeiros exortavam que a expressão artística satírica fosse apoiada como uma ferramenta na Síria contra a bem organizada, disciplinada, militante e geralmente mal humorada Irmandade Muçulmana, que visava tomar o controle do país.

“Uma forma de oposição criativa e decididamente pacífica contra o regime de Bashar al-Assad tem estabelecido raízes na Síria, conforme os artistas do país respondem à crise com uma recém-descoberta coragem e finalidade, apesar dos perigos evidentes de fazer assim”, escreveu Tim Hume da CNN21.

“Desde a revolta, os artistas têm rompido o muro de medo na Síria e pensam de outra forma”, disse o jornalista sírio Aram Tahhan, um dos curadores de uma exibição sobre a dissidência criativa síria — A Cultura em Desafio — em exposição em Amsterdã. “A revolta tem mudado o pensamento dos artistas sobre a tarefa da arte na sociedade, como eles podem fazer algo útil para a sociedade”, Tahhan disse na reportagem da CNN. Eles têm reescrito tudo”22.

“Com obras que abrangem da pintura a música, espetáculos de fantoches a peças teatrais, a exposição acompanha a maneira como artistas sírios têm usado uma gama de técnicas criativas dentro das mídias tradicional e inovadora para produzir arte política e popular que simultaneamente, aceita “a linha vermelha” da dissidência e engaja o público de formas sem precedente”, segundo a CNN23.

Abdi Jeylani Malaq Marshale era um popular escritor

Coreia do Norte. A dinastia totalitária da Coreia do Norte talvez seja mais absorvente que parece. A internet tem feito com que Pyongyang seja profundamente sensível à sátira e ao sarcasmo. Depois da estreia, em 2004, do filme Team America: Detonando o Mundo, com marionetes do estilo “South Park”, circularam boatos em Washington de que o líder norte-coreano Kim Jong-il tinha ordenado o assassinato dos produtores e diretores Trey Parker e Matt Stone24.O humor vulgar de Team America não prejudicou o poder e prestígio americanos, embora satirizasse o que era na época a Guerra Global contra o Terrorismo. No entanto, desmascarou a imagem coreografada da persona pública de Kim e o transformou em um objeto global de sarcasmo.

O filho e sucessor de Kim, Kim Jong-un, é até mais sensível. Quando introduzido ao mundo como o sucessor de seu pai doente, os sul-coreanos o escarneceram como um “porco gordo” e um “Teletubby”25. Aparentemente, ao enfrentar bastante oposição da elite reinante, Kim Jong-un consolidou seu poder político interno por meio de um regime de medo, executando antigos apoiadores por meio de métodos muito humilhantes e bizarros e assassinando seu próprio meio-irmão. Uma década após a estreia de Team America, James Franco e Seth Rogen estrelaram a comédia de ação A Entrevista, na qual a CIA recrutava esses dois personagens de um programa de entrevistas para assassinar Kim, sob o pretexto de convidá-lo ao seu programa de televisão. O Ministério do Exterior norte-coreano avisou que o lançamento de A Entrevista seria um “ato de guerra”, que desencadearia uma resposta “impiedosa”27.

Violento como é, o ditador gordinho norte-coreano parece intensamente consciente do seu peso pouco controlável. Em 2016, o governo chinês censurou websites que chamaram o tirano, de 125kg, “Kim Gordo, o Terceiro”28. Quando o Senador dos EUA John McCain se referiu a Kim como um “moleque gordo e maluco” o governo norte-coreano chamou o comentário “uma provocação equivalente a uma declaração de guerra”29. No mundo bizarro do regime eremita da Coreia do Norte, onde a imagem pessoal e a intimidação psicológica são os únicos meios para manter poder, tirar proveito da obsessão de Kim por sua aparência pessoal pode se tornar um importante fator psicológico para controlar o regime e até apressar sua queda.

Demasiadamente sensível para empregar? Muitos dos exemplos anteriores do mundo real levantam dúvidas sobre as políticas dos Estados Unidos e de seus aliados da OTAN. A sociedade ocidental tem se tornado tão sensível que não pode aceitar tal zombaria? De uma maneira absurda, tem se tornado normal para os Estados Unidos, política e socialmente, matar e mutilar pessoas ao redor do mundo, mas proibido e até imoral ridicularizá-los. Um dos problemas que merece consideração é se temos nos tornado tão politicamente corretos que não podemos usar o escárnio astutamente contra alvos em sociedades tradicionais ou fundamentalistas devido a nossos próprios preconceitos e medos da possibilidade de ofender (em lugar de matar) outros?

Terroristas: Um Caso para Chamá-los de Palermas

Qual prestígio maior podemos conferir a um sexualmente confuso e fracassado jihadista, do que anunciá-lo nominalmente, e sua causa, como ameaças à existência dos Estados Unidos da América? Por que não chamá-los do que são? Melhor ainda, por que não nos abstemos de chamá-los de coisa alguma, mas deixar que outros entreguem a mensagem mais efetivamente, sem diminuir o prestígio dos EUA?

O objetivo do emprego do terror como uma estratégia ou tática de guerra é aterrorizar populações e formuladores de políticas. O terror é um fenômeno psicológico de reações eletroquímicas dentro do cérebro humano. Inadvertidamente, ajudamos terroristas a cumprir suas missões quando permitimos que eles instilem medo e terror em nossas mentes e nossas sociedades. Conferimos prestígio aos terroristas quando os descrevemos como adversários dignos ou ameaças a nossa existência. Além disso, embora conceitos para desbancar o prestígio do inimigo tenham circulado por mais de uma década, tem havido poucos resultados além de operações táticas isoladas no terreno30.

O que ocorreria se nos referíssemos a eles simplesmente como palermas ao invés de tratá-los como um assunto de política nacional? “Eles se explodem por engano. Estragam até os esquemas mais simples. Têm relações sexuais com vacas e burras”, Daniel Byman e Christine Fair observaram no The Atlantic. “Nossos inimigos terroristas dependem da percepção que são bem treinados e religiosamente devotos, mas na realidade, muitos são tolos e pervertidos e são muito menos organizados e sofisticados do que imaginamos. Ser mais realista sobre quem são nossos verdadeiros adversários pode ajudar a deter os inimigos perigosos?”31

Quão medrosos seriam nossos inimigos, neste caso? Como podemos melhor priorizar nossos alvos e como caçá-los? O que podemos fazer melhor para provocar o fratricídio entre eles? Vamos analisar os pontos destacados do ensaio de Byman e Fair:

  • “Mesmo após a tentativa fracassada de um atentado a bomba na Times Square... persiste a percepção que nossos inimigos são assassinos astutos e sofisticados”.
  • “Sem dúvida, alguns terroristas são duros e hábeis — pessoas como Mohamed Atta ... mas a verdade silenciosa é que muitos dos soldados rasos são tolos sem treinamento, talvez até incapazes de ser treinados. O reconhecimento desse fato pode ajudar a adaptar nossas prioridades de contraterrorismo — e a divulgação disso pode ajudar a erodir as imagens poderosas de força e piedade, das quais os terroristas dependem para recrutamento e financiamento”.
  • “Em nenhum lugar a lacuna entre o estereótipo sinistro e a ridícula realidade é mais aparente do que no Afeganistão, onde é justo dizer que o Talibã emprega os piores homens-bomba: um de cada dois consegue matar apenas a ele mesmo. E essa taxa de sucesso não tem melhorado de forma alguma durante os cinco anos que têm usado homens-bomba, apesar das experiências de centenas de ataques — ou tentativas de ataque”.
  • “Se nossos inimigos terroristas têm sido bem-sucedidos em cultivar uma noção falsa de expertise, têm feito um trabalho igualmente convincente de se representar como guerreiros devotos de Deus. O Talibã e a al Qaeda dependem de simpatizantes que lhes consideram muçulmanos devotos lutando contra os ocupantes imorais do Ocidente. No entanto, a Inteligência coletada por veículos aéreos não tripulados (VANT) Predator e por outras câmeras no campo de batalha desafia essa ideia — às vezes de forma bastante gráfica”.
  • “Um vídeo, capturado recentemente por dispositivo de imagens térmicas acoplado em um fuzil de atirador de elite, mostra dois talibãs no sul do Afeganistão engajados em relações sexuais com um burro. Há muitas imagens semelhantes, incluindo uma filmagem de vídeo que mostra um talibã deleitando-se com uma vaca”.
  • “Embora essa predileção pela pornografia possa ser vulgar, não é necessariamente trivial. Há, afinal de contas, potencial valor de propaganda nesse tipo de comportamento jihadista. O atual esforço publicitário da Diplomacia dos EUA se concentra na venda da América ao mundo muçulmano, mas devemos trabalhar, também, para minar alguns dos mitos desenvolvidos em torno de nossos inimigos ao ressaltar sua incompetência, falhas morais e suas práticas embaraçosas. Além de mudar como o mundo muçulmano percebe os terroristas, podemos nos ajudar a tomar decisões mais inteligentes sobre o contraterrorismo ao ser mais realistas em relação ao perfil e à aptidão dos potenciais atacantes”32.

O método de Byman e Fair é exatamente contrário à “narrativa” dos EUA, ao longo dos últimos 17 anos. E é extremamente precisa, porque desbanca o idealismo devoto e auto-sacrificial do inimigo — um idealismo que o método norte-americano, de muitas maneiras, tem inadvertidamente reforçado — e despoja o inimigo e seus ricos patrocinadores dos Estados petrolíferos da sua autoridade moral e do seu sentido de invencibilidade. Além disso, tal visibilidade tira proveito das normas sociais e culturais de orgulho e vexame que são muito mais profundas em Estados muçulmanos que em sociedades seculares do Ocidente.

Alguns militares têm coletado vídeos lascivos oriundos de câmeras de fuzis e de VANT do Iraque e do Afeganistão e os colocado on-line com seus próprios comentários. Um mostra um jihadista que acidentalmente se incendiou depois de atear fogo na bandeira americana. Outro mostra insurgentes iraquianos, por meio de um telescópio infravermelho, conforme eles se revezam, um prendendo o burro desamparado pelo pescoço, enquanto o outro se deleita no animal por trás. Alguém criou uma versão do vídeo com a canção “The Bad Touch” do grupo Bloodhound Gang, popularmente conhecido por seu refrão contagioso, “Vamos fazê-lo como fazem no Discovery Channel [um canal de televisão que apresenta documentários e programas educativos sobre ciência, história e meio ambiente — N. do T].”33. As postagens são, geralmente, imaturas, grosseiras e não sofisticadas e, aparentemente, não direcionadas aos públicos necessários, mas em vez disso, aos amigos do militar. Contudo, oferecem uma mostra do que os Estados Unidos e os seus aliados têm a sua disposição.

Ainda, existe a foto em Detroit, durante Natal, do homem-bomba nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, com suas cuecas explosivas que falharam depois do detonador ser ensopado por suor de seu escroto e, também, o homem-bomba que não conseguiu assassinar o chefe de contra-terrorismo da Arábia Saudita, mas se explodiu com meio quilo de explosivos plásticos e um detonador ativado por telefone celular enfiados no reto34. Esses tipos de inimigo terrorista não são invencíveis. Eles são ignorantes. São fracassados. Devemos caracterizá-los como tal. Devemos pintá-los como demasiadamente radioativos, para que outros radicais não se sintam atraídos.

Os Afegãos Fazem as Coisas do Seu Modo

Quando tais temas forem demasiadamente desagradáveis ou inapropriados para serem usados pelas forças dos EUA, podemos encontrar parceiros locais dispostos. As pessoas locais são quase sempre melhores que estrangeiros em convencer seus rivais e podem ser os mensageiros mais críveis para nossas finalidades.

As forças armadas afegãs começaram uma campanha pública de escárnio contra o Talibã, com impacto global, por volta de 2011, de maneiras aceitáveis para as normas sociais e sem uma diminuição de prestígio militar americano. Em um caso, cerca de 28 Mar 11, as tropas afegãs desfilaram dois travestis talibãs capturados perante jornalistas internacionais, em Mehteriam, ao leste de Cabul. Aparentemente, os presos tinham sido capturados vestidos como mulheres. O prisioneiro barbudo estava usando um lindo vestido roxo tradicional e um hijab verde, completo com renda e bordados delicados. O outro, barbeado, se pavoneava em um belo vestido de cor tangerina com desenhos florais feitos com ponta de agulha e um cinto com sinos que estava na moda na área. Evidentemente, os travestis talibãs tinham se vestido como mulheres para aproximar-se de americanos e matá-los. Se militares dos EUA estavam envolvidos, não havia evidência pública; as forças armadas afegãs receberam todo o crédito em uma reportagem e galeria de fotos que a Associated Press divulgou mundialmente35.

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No livro Fighting the War of Ideas like a Real War (“Travando a Guerra de Ideias como uma Guerra Verdadeira”, em tradução livre) J. Michael Waller apresenta a tese que o emprego de propaganda e de campanha publicitária diplomática para lutar as supostas “pequenas guerras” é uma dimensão estratégica vital, da qual o êxito final realmente depende. Ele afirma que a guerra contra terroristas islâmicos e insurgentes jihadistas deve ser considerada, acima de tudo, uma guerra de ideias; contudo, o autor argumenta que essa afirmação tem sido frequentemente desconsiderada pelos formuladores de política, resultando em um fracasso dos esforços de guerra. Ele aborda, especificamente, o que ele alega ser as deficiências na estratégia dos EUA para lidar com o ambiente operacional atual, especialmente em relação ao tratamento efetivo do extremismo islâmico que leva diretamente ao terrorismo internacional. Subsequentemente, o autor discute a necessidade de desenvolver uma estratégia de comunicações básica, mas uniforme e consistente, junta com um regime de ações simples que o governo dos EUA pode adotar para travar conflitos ideológicos globais, em todas as frentes. Ele desenvolve recomendações em relação a como os Estados Unidos podem mobilizar e sincronizar seus recursos e políticas de comunicações em uma estratégia coesa e abrangente que visa dividir e isolar simultaneamente o inimigo ao mesmo tempo que obtém a confiança ideológica e o apoio de aliados e partes neutras. Como parte dessa estratégia, ele argumenta que a estratégia de comunicação dos EUA deve ser transferida do Departamento de Estado para o Departamento de Defesa e executada principalmente pelos comandos operacionais geográficos.

Estado Islâmico/Daesh

Encontra-se pouco material para ridicularizar o EI. Contudo, há contas e um pouco de evidências que as pessoas engenhosas das Op Psico podem usar para corroer a imagem invencível do EI, se não for pelo escárnio, pelo menos por meio de outras formas de desdém. Ao seguir a iniciativa de parceiros árabes, mais nações se referem ao EI como “Daesh”. Esse acrônimo se traduz em Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS) ou Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) em português, mas o grupo terrorista considera o uso dessa alcunha ofensivo. O Daesh já ameaçou decepar a língua de pessoas que usam a palavra.

Os Perigos do Escárnio

Usada de forma descuidada ou indiscriminada, o escárnio pode criar inimigos onde, antes, não havia e aprofundar hostilidades entre o próprio público que o operador busca atrair. Usar o escárnio como uma arma pode trazer perigo às pessoas locais que podem empregá-la melhor. Como um testemunho tanto da vulnerabilidade à zombaria quanto da coragem de indivíduos que enfrentam oponentes assassinos com risos, comediantes têm pago com a vida.

O regime baathista da Síria respondeu à zombaria com uma brutalidade terrível. Os agentes do regime quebraram as mãos de um cartunista, mutilaram e mataram um cantor e deceparam as cordas vocais de um poeta que recitou versos que ofenderam o governo. Em vez de desistir, artistas sírios aumentaram seu ataque satírico contra seus opressores27.

O proeminente comediante somaliano Abdi Jeylani Malaq Marshale, conhecido popularmente como Marshale, foi uma das vítimas. Com alegria, provocou extremistas islâmicos, personificando insurgentes da al-Shabaab como parte da sua rotina de comédia, até que foi assassinado por jihadistas, em 201238. Ele sabia que seu nome estava na lista de condenados à morte dos terroristas, mas de qualquer maneira continuou a ridicularizá-los. Ele não tinha feito mal nenhum a ninguém, em nossa opinião, mas lhe atiraram na cabeça e nos ombros”, um apresentador no rádio Kulmiye disse à BBC. “É um dia negro para a indústria do entretenimento. Ele era um líder da comédia somaliana e todos gostavam das suas apresentações.

Os perigos físicos para os corajosos comediantes locais oferecem oportunidades para outros fornecerem proteção — seja em casa ou em exílio — bem como recursos de estúdio, transmissão e redes on-line para atingir seus públicos e alvos.

Conclusão

A sátira e o escárnio são instrumentos efetivos e baratos da guerra psicológica. Requerem poucos recursos e infraestrutura. Se a situação exigir mulheres jovens venezuelanas tirando as calças para debochar da masculinidade da polícia de choque, o envio de um rebocador de salvamento para estragar o prestígio de um navio de guerra ameaçador, a execução de uma guerra de memes caseiros ou o lançamento de uma campanha de larga escala para causar a autodestruição de terroristas e ditadores, o escárnio é uma ferramenta poderosa para capturar a imaginação popular, encorajar pessoas e, ao mesmo tempo, desmoralizar um alvo.

O governo dos EUA, embora insuficientemente condicionado para empregar o escárnio como uma ferramenta estratégica, possui, ainda assim, todas as capacidades necessárias para começar a experimentar. Sob uma liderança adequada, as pessoas das Op Psico podem começar imediatamente no nível batalhão enquanto outros exploram o escárnio em maior profundidade como uma arma estratégica. Nesse ponto, podemos abrir os olhos e ver as armas disponíveis ao nosso redor que nunca tínhamos percebido antes.

Referências

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  2. Martin Luther, The Table Talk of Martin Luther, trans. e ed. William Hazlitt (London: H. G. Bohn, 1862), p. lxxxvi.
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  6. Para mais informações sobre os mecanismos e funções da imposição política do KGB, veja J. Michael Waller, Secret Empire: The KGB in Russia Today (Boulder, CO: Westview Press, 1994).
  7. David Crossland, “Did You Hear the One About Hitler?,” Der Spiegel, 30 Aug. 2006, acesso em: 22 mai. 2017, http://www.spiegel.de/international/new-book-on-nazi-era-humor-did-you-hear-the-one-about-hitler-a-434399.html; Rudolph Herzog, “War Jokes: Humor in Hitler’s Germany,” Huffington Post online, 20 Oct. 2012, acesso em: 13 jul. 2017, http://www.huffingtonpost.com/rudolph-herzog/war-jokes-hitler_b_1798599.html.
  8. Este escritor foi parte do esforço on-line para ridicularizar o Kuznetsov durante sua primeira missão de combate no Mediterrâneo.
  9. “Follow-up on Putin’s Psychosexual Profile,” Memorandum to President-Elect Donald Trump, nomes dos autores omitidos, 20 December 2016.
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  11. “Egyptian Satirist Accused of Undermining Mohammed Morsi,” The Telegraph, 1 Jan. 2013, acesso em: 13 jul. 2017, http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/africaandindianocean/egypt/9774456/Egyptian-satirist-accused-of-undermining-Mohammed-Morsi.html. Bassem Youssef “ridicularizou o Presidente Mohammed Morsi na televisão”, o que, segundo islamistas aliados a Morsi, dizem “ofende” o presidente egípcio e é, portanto, um crime.
  12. Ayman Hafez e Ahram Online, “Video: Salafist TV Host Says Bassem Youssef Should Wear Niqab,” Al Ahram website, 26 Dec. 2012, acesso em: 22 mai. 2017, http://english.ahram.org.eg/NewsContent/5/35/61262/Arts--Culture/Stage--Street/VIDEO-Salafist-TV-host-says-Bassem-Youssef-should-.aspx.
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  14. Regan Doherty, “Qatar, Arab Spring Sponsor, Jails Poet for Life,” Reuters, 29 Nov. 2012, acesso em: 13 jul. 2017, http://www.reuters.com/article/us-qatar-poet-court-idUSBRE8AS11320121129. “Isso é errado”, Muhammad Ibn al-Dheeb al-Ajami disse. “Não se pode ter Al Jazeera neste país e me colocar na cadeia por ser poeta”.
  15. Ibid.
  16. Ibid.
  17. Joe Sterling, “Daraa: The Spark that Lit the Syrian Flame,” CNN, 1 Mar. 2012, acesso em: 13 jul. 2017, http://www.cnn.com/2012/03/01/world/meast/syria-crisis-beginnings/.
  18. Tim Hume, “Syrian Artists Fight Assad Regime with Satire,” CNN, 27 Aug. 2012, acesso em: 13 jul. 2017, http://www.cnn.com/2012/08/27/world/meast/syria-uprising-art-defiance/.
  19. “Top Goon Episode 1: Beeshu’s Nightmares,” YouTube video, postado por “Massasit Matti,” 23 Nov. 2011, https://www.youtube.com/watch?v=W5RifYxWr-4&index=2&list=PLFC068715C22D002C.
  20. Ibid.
  21. Tim Hume, “Syrian Artists Fight Assad Regime.”
  22. Ibid.
  23. Ibid.
  24. Scott Rudin, Trey Parker e Matt Stone, Team America: World Police, (Los Angeles: Paramount Pictures, 14 Oct. 2004), filme. O autor ouviu sobre os boatos de assassinato por meio de conversas com o jornalista Bill Gertz (The Washington Free Beacon e The Washington Times) e outros que ajudaram a produzir o filme.
  25. “South Koreans Ridicule ‘Fat’ Kim Jong-un,” The Telegraph, 1 Oct. 2010, acesso em: 22 mai. 2017, http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/asia/northkorea/8036407/South-Koreans-ridicule-fat-Kim-Jong-un.html.
  26. Evan Goldberg, Seth Rogan e James Weaver, The Interview (Culver City, CA: Columbia Pictures, 11 Dec. 2014), filme.
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  32. Ibid.
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J. Michael Waller, PhD, é membro fundador do conselho editorial do jornal Defence Strategic Communications, publicado pelo Centro de Excelência de Comunicações Estratégicas da OTAN, em Riga, Letônia, e é Vice-presidente do Centro de Políticas de Segurança, em Washington, D.C. É mestre em Relações e Comunicações Internacionais e doutor em Assuntos de Segurança Internacional pela Boston University. Por 13 anos foi o Professor Walter e Leonore Annenberg de Comunicações Internacionais no Institute of World Politics. É autor ou editor de vários livros e escreveu para proeminentes publicações acadêmicas nacionais e profissionais, bem como em Reader’s Digest,USA Today,Los Angeles Times, Washington Times e Wall Street Journal. Tem sido um comentarista ocasional na BBC, CNN, Fox News, MSNBC, NPR e Voice of America.

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