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A História, o Comando de Missão e a Fascinação com Auftragstaktik

 

Ricardo A. Herrera

 

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Tropas prussianas se retiram em 14 de outubro de 1806

A história molda a profissão das armas e é um elemento central e fundamental do ensino profissional militar. Também é empregada para validar, contextualizar e, dessa forma, legitimar conceitos como a doutrina. Infelizmente, isso nem sempre é feito de forma adequada ou com grande consideração ou entendimento das evidências ou análises de historiadores. Isso fica bastante evidente no caso da Publicação Doutrinária do Exército 6-0, Comando de Missão: Comando e Controle das Forças do Exército (ADP 6-0, Mission Command: Command and Control of Army Forces), e na agora revogada Publicação de Referência Doutrinária do Exército 6-0, Comando de Missão (ADRP 6-0, Mission Command), e sua alegação infundada de que o comando de missão tem suas raízes históricas na Auftragstaktik, mais propriamente denominada Führen mit Auftrag. A ADP 6-0, que substituiu a ADRP 6-0 em 2019, afirma que o “[c]omando de missão tem suas raízes no conceito alemão de Auftragstaktik (literalmente, tática do tipo missão)”, enquanto a ADRP 6-0 afirma, de modo semelhante, que “o comando de missão [...], o estilo preferido do Exército para o exercício do comando desde os anos 80 [...], tem suas raízes no conceito alemão de Auftragstaktik, que se traduz, em linhas gerais, por tática do tipo missão [ou ‘tática de missão pela finalidade’]”.1

A ADP 6-0 reconhece que “aspectos do [que hoje é chamado de] comando de missão, incluindo a intenção do comandante, iniciativa disciplinada, ordens de missão e confiança mútua, há muito fazem parte da cultura do Exército dos Estados Unidos da América (EUA)”, já a partir de 1864, e que “os comandantes [estadunidenses] empregam elementos do [que hoje é considerado] comando de missão desde o século XVIII”.2 Dado esse reconhecimento, é curiosa a afirmação do Centro de Desenvolvimento de Doutrina do Exército dos EUA de que existe uma linhagem prussiana ou alemã do comando de missão para práticas estadunidenses de longa data. Ela ignora o registro histórico e a experiência estadunidense. Embora possa haver semelhanças entre comando de missão e Führen mit Auftrag, afirmar que este último conceito levou ao primeiro equivale a ignorar o enorme volume de evidências oriundas da história da Prússia, da Alemanha e dos EUA e, o que é importante, suas origens históricas.3

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Embora possa haver semelhanças entre comando de missão e Führen mit Auftrag, afirmar que este último conceito levou ao primeiro equivale a ignorar o enorme volume de evidências…

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A “Auftragstaktik”, observa a ADP 6-0, “foi fruto das reformas militares prussianas após a derrota do Exército Prussiano por Napoleão na Batalha de Jena em 1809 [sic]”; em seguida, a publicação a identifica na “Guerra Franco-Russa [sic] de 1870”, finalmente culminando no “Regulamento de Exercícios Alemão de 1888”.4 Acertadamente, a ADP 6-0 dá o devido crédito a reformadores como Gerhard von Scharnhorst e August von Gneisenau por sua parte na reconstrução e regeneração do Exército Real da Prússia (Königlich Preußische Armee).5 Mesmo desconsiderando o fato de que as Batalhas de Jena e Auerstädt ocorreram em 14 de outubro de 1806, e não em 1809, e de que a França entrou em guerra com a Prússia, e não com a Rússia, em 1870, essa afirmação a respeito das origens prussianas do comando de missão está repleta de problemas.6 O principal deles é que ela ignora as evidências. Além disso, os míticos antecedentes prussiano-alemães passam por alto dos grandes abismos históricos, sociais, políticos e culturais que separaram e ajudaram a definir as experiências militares prussiano-alemãs e estadunidenses e do fato de que líderes militares estadunidenses já exercem, há mais de dois séculos, o que hoje é chamado de comando de missão. Considerando seriamente essa questão, deveria haver maior cautela contra adotar a Auftragstaktik sem uma postura crítica.

O historiador e hoje oficial da reserva remunerada do Exército dos EUA Antulio J. Echevarria II sustenta que “o emprego um tanto livre e entusiasta do termo Auftragstaktik pelo Exército dos EUA nos anos 80 se tornou algo constrangedor”.7 Continua sendo. Echevarria atribui a origem desse emprego à obra Genius for War: The German Army and the General Staff, 1807-1945 (“Gênio para a Guerra: o Exército e Estado-Maior Geral Alemão, 1807-1945”, em tradução livre) de Trevor N. Dupuy — “Uma fonte frequentemente citada dessa confusão”.8 Além disso, afirmou que o termo “Auftragstaktik tem sido usado de forma excessiva em publicações militares nos últimos anos”.9 A interpretação original era algo como uma abordagem de formato livre para comandar as tropas no campo de batalha, ao contrário da Normaltaktik, que exigia “algumas formações padronizadas”.10 Assim, a Auftragstaktik referia-se, originalmente, mais ao uso liberal de atiradores e poder de fogo em táticas de infantaria que ao uso de colunas ou linhas de infantaria pesadas e formais do que qualquer outra coisa. No entanto, o atual interesse pela Auftragstaktik (e, ao que parece, tudo o que seja relacionado à Wehrmacht [Forças Armadas]) teve início com os esforços britânicos e estadunidenses de elaborar doutrina e táticas para combater a ameaça advinda do Grupo de Forças de Ocupação Soviéticas na Alemanha, mais tarde Grupo de Forças Soviéticas na Alemanha (República Democrática Alemã), durante a prolongada ocupação anglo-estadunidense da República Federal da Alemanha durante a Guerra Fria (1945-1991). Echevarria não é o único a fazer esse tipo de crítica, nem o primeiro a destacar a fascinação do Exército dos EUA para com a suposta habilidade militar da Alemanha. O historiador Roger A. Beaumont criticou a fascinação acrítica do Exército dos EUA com a Wehrmacht, perguntando: “Se eram tão bons, por que perderam? As desvantagens eram simplesmente tão grandes assim? Se eram tão inteligentes, por que tentaram novamente depois de perderem uma vez?11

Robert M. Citino, ilustre historiador da Wehrmacht, esclarece bem esse ponto ao afirmar que simplesmente aludir à “Auftragstaktik é algo completamente mitológico. Os alemães quase nunca usaram o termo ao abordar questões de comando. Em vez disso, falavam da ‘independência de comandantes subordinados’, o que é algo bem diferente”.12 Citino afirma, enfaticamente, que, no final do século XIX e no século XX, “comandantes alemães de nível operacional (corpo de exército e acima) consideravam-se e eram reconhecidos pelo Estado-Maior Geral como absolutamente independentes em espírito e comportamento; eram agentes livres quando em campanha” e que “é quase impossível encontrar uma ocasião em que uma ‘missão’ conforme definida pelo comando supremo tenha prevalecido sobre os desejos de um comandante no campo de batalha”.13 Tudo isso está muito longe da iniciativa disciplinada que se espera — e se esperava — que os subordinados estadunidenses exerçam em conformidade com a intenção do comandante. Já está mais do que na hora de que os formuladores de doutrina e profissionais militares do Exército dos EUA abandonem sua fascinação com a doutrina prussiano-alemã.

De antolhos na Guerra Fria

Oficiais anglo-estadunidenses sustentavam que o Exército Alemão (Deutsches Heer) havia, muitas vezes, tido sucesso além das expectativas contra o Exército Vermelho, que era bem maior, durante a Segunda Guerra Mundial. Como eles previam combater em condições de inferioridade numérica contra o mesmo inimigo em uma Terceira Guerra Mundial, acreditavam que tinham muito a aprender com a adoção de práticas alemãs, uma narrativa moldada por generais alemães. No nível tático da guerra, o Exército Alemão havia conquistado algumas vitórias impressionantes contra forças de maior porte, e isso fascinou os oficiais anglo-estadunidenses. Virtuosidade tática à parte, esse Exército estava gravemente desprovido de qualquer pensamento ou ação estratégica hábil ou séria em qualquer uma de suas guerras, mas isso não vinha ao caso.

Konrad Adenauer
Franz Halder

A admiração anglo-estadunidense se encaixou com o projeto bem maior e mais extenso de reabilitar a Alemanha e suas Forças Armadas, e os generais alemães estavam mais do que dispostos a encobrir seus crimes e dizer o que seus captores queriam ouvir. O chanceler Konrad Adenauer liderou o esforço político para rearmar as forças da República Federal da Alemanha. Um componente fundamental de seus esforços foi limpar o nome da Wehrmacht e atribuir todos os crimes à SS (Schutzstaffel) e afins.14 Além disso, Adenauer também estava atrás dos votos dos veteranos e, para obter seu apoio, nada melhor do que limpar o histórico de suas unidades.15 Quem auxiliou Adenauer foi Franz Halder, ex-Chefe de Estado-Maior do Alto Comando do Exército Alemão (1938-1942). Halder liderou a limpeza enquanto trabalhava para a Divisão de História do Exército dos EUA (hoje o Centro de História Militar) como consultor.16 Tendo em vista a criação recente da OTAN e a importância da defesa da Europa Ocidental aos olhos estadunidenses, os EUA aceitaram sem contestar. Um pilar essencial da Wehrmacht “limpa” era atribuir toda a responsabilidade pelo assassinato de judeus, intelectuais, comunistas, gays e inúmeros outros à SS, SS armada (Waffen-SS), guardas de campos de concentração (SS-Totenkopfverbände) e grupos de extermínio ou ação (Einsatzgruppen) quando, na verdade, a liderança da Wehrmacht e um sem-número de seus oficiais subordinados, graduados e conscritos haviam participado entusiasticamente desses crimes contra a humanidade.17 O assassinato organizado e a escravização ou extermínio de indesejáveis eram princípios centrais da estratégia nazista de expansão territorial. Portanto, o mito da Wehrmacht limpa é uma mentira. O encobrimento dos crimes da Wehrmacht capitaneado por Adenauer e Halder foi seguido da aceitação aberta dos EUA.

General William E. DePuy
General Donn A. Starry

O momento de admiração mais evidente pela Wehrmacht se deu durante um dos períodos mais difíceis para o Exército dos EUA: sua saída da Guerra do Vietnã e foco na defesa da Europa Ocidental. Os Generais William E. DePuy e Donn A. Starry, que foram fundamentais para a revitalização do Exército dos EUA após a Guerra do Vietnã, desempenharam papéis centrais. DePuy era um veterano da guerra contra a Alemanha nazista e havia servido na República Federal da Alemanha no pós-guerra. Cabe destacar que ele também foi o primeiro Comandante do Comando de Instrução e Doutrina (Training and Doctrine Command, TRADOC) de 1973 a 1977 e impulsionou a criação do Manual de Campanha 100-5, Operações (FM 100-5, Operations).18 Seu biógrafo, Henry G. Gole, afirma que DePuy “admirava a elasticidade [tática] alemã em 1944 e 1945 e depois a redescobriu em sua leitura da história militar alemã”.19 DePuy admirava especialmente a “habilidade da Wehrmacht, particularmente na Frente Leste, contra o Exército Russo, de grande superioridade numérica, na Segunda Guerra Mundial”.20 Em sua mente, as técnicas alemãs “demonstravam uma elasticidade no modo de guerra alemão que, a seu ver, ‘nunca foi compreendido, dominado ou aceito pelo Exército dos EUA’”.21 Nas palavras de Gole, os “elogios frequentes ao antigo e ao novo Exército Alemão” por DePuy beiravam a idolatria, e, com isso, ele desconsiderou as capacidades dos soldados estadunidenses.22 Segundo Gole, DePuy acreditava que apenas um décimo dos militares que ele havia comandado na Segunda Guerra Mundial tinha o perfil necessário.23 Ao buscar revisar a doutrina do Exército dos EUA e preparar a força para o combate contra os soviéticos, DePuy se inspirou em seus antigos inimigos.

Starry, que sucedeu DePuy como Comandante do TRADOC de 1977 a 1981, impulsionou a criação de uma nova doutrina, conforme se inspirou, também, no Exército Alemão.24 No desenvolvimento da doutrina de Batalha Ar-Terra, Starry não mediu esforços para fazer com que a doutrina do Exército dos EUA estivesse em conformidade com a doutrina do Deutsches Heer, HDv 100/100.25 Embora não houvesse servido na Segunda Guerra Mundial, Starry, da mesma forma que DePuy, ficou impressionado com as proezas táticas do Exército Alemão durante aquela guerra, não importando sua inépcia estratégica e conduta criminosa, e com a ênfase do Deutsches Heer do pós-guerra na confiança e na iniciativa dos subordinados no âmbito das intenções dos comandantes. Na busca de conformidade entre as doutrinas das forças aliadas e profundas mudanças doutrinárias no Exército dos EUA, DePuy e Starry parecem ter plantado as sementes da falsa narrativa histórica que acabou dando uma posição de destaque à Auftragstaktik na criação do comando de missão. Assim, o acolhimento de práticas alemãs pôs de lado práticas próprias de longa data que precediam a criação do Exército dos EUA e deixou sem ser examinada a história mais detalhada por trás da tão admirada Auftragstaktik.

A base e desenvolvimento histórico da Auftragstaktik

A tradição de autonomia dos comandantes alemães no campo de batalha não se desenvolveu da noite para o dia. Não foi algo imediato nem prontamente evidente, mas ela, de fato, evoluiu — de forma lenta e a partir do mundo do Estado de Hohenzollern, no início da era moderna, no qual os governantes de Brandemburgo do século XVII e início do século XVIII buscaram estabilizar, defender e expandir Brandemburgo-Prússia, de modo geral uma terra plana, arenosa e sem valor agrícola no norte da Alemanha. Como o território não era totalmente contíguo geograficamente, defendê-lo representava um desafio considerável; daí a necessidade de criar um exército eficaz e poderoso.26

Frederico Guilherme de Brandemburgo
Marechal de Campo Helmuth von Moltke

No decorrer do século XVII e início do século XVIII, os governantes da Prússia recorreram à nobreza, aos Junkers, para preencher tanto os cargos de oficiais do Exército quanto o quadro de pessoal da burocracia dos Hohenzollern. Desenvolveu-se uma relação simbiótica entre o príncipe e seu corpo de oficiais. Um confiava no outro para prosperar. Um processo iniciado pelo “Grande Eleitor” (Der Große Kurfürst), Frederico Guilherme (R. 1640-1688), durante a Guerra dos Trinta Anos, preparou o terreno social, político e econômico no qual a autonomia dos comandantes cresceu. O Grande Eleitor usou o Exército para suprimir a autonomia provincial em terras periféricas, particularmente a oeste, e para tributar essas províncias. Com isso, ele estabeleceu a base para o absolutismo prussiano e para a nobreza de serviço da Prússia, que se tornou o baluarte do governante e seu Estado.27

Tanto o monarca quanto o Junker precisavam que o outro existisse e, consequentemente, que o Estado prussiano existisse. Era um relacionamento pessoal, um contrato social baseado em direitos, privilégios e costumes bem definidos, até mesmo invioláveis, exclusivos da ordem social em que haviam nascido — uma vez Junker, sempre Junker. A dependência absoluta do monarca em relação aos oficiais e burocratas Junker conferia a esses nobres um grau invejável de autonomia e independência, mesmo que dependessem do governante para seus cargos dentro do Exército e da burocracia estatal.28 “Devemos ter em mente a verdadeira natureza da origem social [da Auftragstaktik]”, nos lembra Citino.29 Sua relação simbiótica era a “base do Estado prussiano. Em relação àqueles de ordens inferiores sob seu controle, fossem [servos ou camponeses que trabalhavam] na terra ou [soldados que trabalhavam] no Exército, um Junker prussiano não só tinha privilégios, mas soberania absoluta”.30 Conforme o Exército Prussiano e, mais tarde, o Exército Alemão aumentaram de tamanho, membros da burguesia ingressaram no corpo de oficiais e, ao fazê-lo, foram instruídos e socializados de acordo com as normas Junker da Força. Nada disso quer dizer que os comandantes prussianos exerciam a autonomia operacional de comandantes de exército ou corpo de exército do final do século XIX ou da Segunda Guerra Mundial; mais propriamente, a relação inicial entre o governante e os Junkers foi a base para o estabelecimento e crescimento dessa autonomia.

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A tradição de comando prussiano-alemã funcionava, muitas vezes, brilhantemente, mas, com igual frequência, falhava de forma espetacular, e os soldados pagavam o preço.

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Em meados do século XIX, para um príncipe da Casa de Hohenzollern ou até mesmo seu mais alto representante militar, o Chefe do Estado-Maior Geral prussiano e, mais tarde, alemão (Chef des Großen Generalstab), “insistir na estrita supervisão do plano de ação de um comandante subordinado teria sido uma infração grave. Em outras palavras, a Auftragstaktik se originou diretamente da cultura prussiana [do século XIX]”.31 Era uma relação e tradição de mútua exploração e benefício entre o governante e seu corpo de oficiais que se transformou e oscilou até 1945.32 O historiador Geoffrey Wawro argumenta que, mesmo antes da criação do Segundo Reich e do Exército Imperial Alemão (Kaiserlich Deutsches Heer) em 1871, a “Auftragstaktik — ‘tática de missão’ — permitia a descentralização ordenada” e que essa filosofia permeava as fileiras do Exército Prussiano.33 Entretanto, a ADP 6-0 reconhece, equivocadamente, o Marechal de Campo Conde Helmuth von Moltke, o Velho (1800-1891), como tendo promulgado a Auftragstaktik, pela primeira vez, no Regulamento de Exercícios da Infantaria de 1888, que depurou e reforçou suas determinações anteriores e mais extensas nas “Instruções para Comandantes de Grandes Unidades de 1869”.

Em seu uso original no século XIX, a Auftragstaktik “equivalia a algo como uma abordagem de formato livre em relação a comandar tropas no campo de batalha”, ao contrário da Normaltaktik, que exigia “algumas formações padronizadas” e “se encaixa bem com o princípio de manobra reconhecido na maioria dos exércitos da atualidade”.34 Era uma filosofia tática que se inspirava na história, circunstâncias e teóricos militares específicos da Prússia. A Auftragstaktik desenvolveu-se tendo como pano de fundo as inovações táticas teóricas propostas após a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), promulgadas durante as Guerras Revolucionárias Francesas e Napoleônicas (1791-1815) e aperfeiçoadas em conflitos posteriores.

A tradição de comando prussiano-alemã funcionava, muitas vezes, brilhantemente, mas, com igual frequência, falhava de forma espetacular, e os soldados pagavam o preço. Um exemplo típico do privilégio Junker foi o General Karl von Steinmetz (1796-1877), um oficial “voluntarioso e obstinado”, cuja “nomeação havia sido recebida com surpresa” em 1870.35 Nas guerras contra a Áustria e a França, Steinmetz marchou através dos eixos de progressão de outros comandos e, em seguida, ao longo de seus eixos de ataque e conduziu combates imprudentes que custaram a vida de milhares de soldados alemães.36 O exemplo de Steinmetz constitui evidência de que, para cada aplicação bem-sucedida de autonomia de um comandante, havia o concomitante risco de ações insensatas e desastrosas, mas, sendo um Junker, ele e os de sua classe não precisavam tolerar nenhuma interferência de oficiais mais antigos. Esse foi o caso até mesmo quando cerca de 30% de um corpo de exército prussiano sucumbiu aos fuzis, artilharia e mitrailleuses (armas de canos múltiplos que podiam disparar em rajadas ou em sucessão rápida) francesas em Saint Privat em 18 de agosto de 1870.37 “O que muitas vezes é ignorado”, conforme afirma o historiador Gerhard P. Gross, “é que, já na Primeira Guerra Mundial, a Auftragstaktik, como o nome indica, era um procedimento tático, e não operacional. No nível operacional, um excesso de liberdade de comando pode levar rapidamente ao desastre”, como o Exército Alemão vivenciou na Batalha do Marne em agosto e setembro de 1914.38 Uma vez que os inimigos da Alemanha se adaptavam, como no Marne e, depois, na Batalha de Moscou, em 1941, de El Alamein, em 1942, e em outros lugares, a Auftragstaktik se deteriorava, convertendo-se em ataques desconexos, desprovidos de um princípio orientador ou comandante superior. Quanto a conectar táticas para a realização de objetivos estratégicos claros e realistas, o Exército Alemão de 1939-1945 era tão ruim quanto seu antecessor de 1914-1918.

A experiência estadunidense

Ao contrário da Prússia, os EUA não enfrentaram sérias ameaças à sua segurança depois da independência. Até mesmo antes da conclusão da expansão continental em 1854, a Nova República tinha pouco a temer de outros países. Após o fim da Guerra de 1812, os EUA e a Grã-Bretanha chegaram a um modus vivendi. O México, independente desde 1821, estava em um estado de tumulto quase contínuo, conforme um império substituía outro império, a república substituía o império e sucessivos generais derrubavam uns aos outros. Exceto pela breve guerra contra o México (1846-1848), o Exército dos EUA era uma força policial imperial e de construção nacional, em lugar de um Exército concebido, treinado e preparado para a guerra contra uma força inimiga. Sua missão de policiamento e construção nacional o dispersou em pequenas unidades ao longo de regiões avançadas de colonização e em fortificações costeiras. Seus oficiais eram topógrafos, engenheiros, policiais, diplomatas e mais. Distantes dos centros de poder, eles estavam acostumados a agir com pouca direção e uma liberdade ainda maior, de modo bem diferente da experiência prussiana.39

General Philip H. Sheridan
General Emory Upton

As fontes de inspiração para o Exército dos EUA do século XIX eram os Exércitos imperiais franceses de Napoleão I e seu sobrinho Napoleão III.40 Dennis Hart Mahan, professor de longa data da Academia Militar dos EUA e conhecido francófilo, declarou: “Os sistemas de táticas em uso em nossa Força são os dos franceses”.41 Embora suas obras parecessem, em alguns casos, reduzir a guerra a uma série de proposições geométricas, Mahan sabia que o acaso e a contingência podiam derrotar os planos mais bem elaborados. Acreditava que os planos de campanha tinham de ser “limitados de modo a incluir apenas as principais disposições estratégicas, apresentando, assim, apenas as linhas gerais, dentro das quais a malha das operações menores deveria estar confinada, deixando assim ampla margem para todo movimento em detalhe e sua execução”.42 Além disso, Mahan defendia que o general em comando precisava ter “carta branca para executar os detalhes da campanha, cujo plano poderia ter sido determinado por um conselho” com bastante antecedência.43 Até mesmo ele, que era um dos teóricos mais francófilos, defendia a iniciativa disciplinada do comandante. No entanto, como tantos admiradores de Napoleão Bonaparte, Mahan associava vitórias táticas à visão e habilidade estratégicas.

O sistema de marechais de Napoleão Bonaparte foi, provavelmente, o primeiro exemplo verdadeiro da chamada Auftragstaktik exercida na esfera estratégica. Ordens de missão gerais, ampla latitude de comando e diretrizes mínimas para seus marechais permitiram que Bonaparte travasse e perdesse guerras continuamente, da Espanha à Rússia, cada uma delas um fracasso retumbante. Da mesma forma que os posteriores generais alemães de 1914-1918 e 1939-1945, os marechais de Bonaparte, com poucas exceções, eram meros táticos. Podiam até derrotar seus inimigos, mas não conseguiam suprimi-los por muito tempo e, no final, os inimigos da França aprenderam, viraram-se, levantaram-se e derrotaram Napoleão e seus marechais. Vitórias impressionantes no campo de batalha não equivalem a uma estratégia de sucesso.44

No entanto, e muito antes de Mahan, os comandantes estadunidenses quase sempre agiram de acordo com as ordens mais gerais de seus superiores. Como no caso da tradição prussiana, alguns comandantes eram melhores e mais bem-sucedidos que outros. Não obstante, a confiança bem como a distância física e a natureza das comunicações impediam tudo a não ser a orientação mais geral e a expectativa de que os comandantes que estivessem atuando fora do quartel-general fariam o correto.45 Sem dúvida, durante a Guerra Civil dos EUA, o Exército aprendeu como conduzir a guerra, ainda que imperfeitamente, em uma escala continental que ultrapassava a totalidade da França em 1871. À medida que foi crescendo, o Exército dos EUA passou a operar cada vez mais ao longo de extensas linhas ferroviárias, fluviais e costeiras, comunicando-se à distância por telégrafo. Ao chegar 1864, com a nomeação de Ulysses S. Grant como General em Chefe, comandantes de confiança do exército de campanha, como o Gen Bda William T. Sherman, demonstraram a perícia do Exército no que hoje é chamado de comando de missão. As campanhas de Sherman para Atlanta, Savannah e as Carolinas foram, talvez, os maiores exemplos do que é considerado comando de missão. Não havia nenhuma necessidade de imitar a Prússia, e os estadunidenses não o fizeram.

Para o Exército dos EUA pós-Guerra Civil, o Gen Div Philip H. Sheridan não acreditava que houvesse muito a aprender com o Exército Prussiano. Sheridan, que havia observado as forças prussianas durante a Guerra Franco-Prussiana, afirmou que “os métodos seguidos na marcha eram os mesmos que empregaríamos”, exceto pela capacidade de encontrar alojamento facilmente.46 A França, mais densamente povoada do que o sul dos EUA, fornecia (ainda que relutantemente) aos soldados alojamentos fixos em casas, celeiros e prédios públicos. O general, que havia conduzido campanhas através de um território muito mais extenso do que qualquer Exército Prussiano na guerra de 1870-1871, considerava “a campanha na França [...] uma questão fácil, muito diferente de tudo o que tivemos durante a guerra da rebelião [Guerra Civil dos EUA]”.47 Ele podia “apenas conjecturar como os alemães teriam se saído em estradas sem fundo — ou, muitas vezes, nenhuma — através dos pântanos e areias movediças do norte da Virgínia, de Wilderness a Petersburg e de Chattanooga a Atlanta e ao mar”.48

Embora admirasse o “perfeito sistema militar [prussiano]”, Sheridan observou que ele havia sido “concebido por um poder quase autocrático”, e nisso ele detectou apenas um elemento da natureza e cultura do comando prussiano.49 Em sua reflexão final, Sheridan “não viu novos princípios militares, seja de estratégia ou tática das grandes unidades, sendo os movimentos dos diferentes exércitos e corpos de exército ditados e regidos pelas mesmas leis gerais há muito habituais, simplicidade de combinação e manobra e a concentração de uma força numericamente superior no ponto vital”.50 Sheridan observou que “as vantagens iniciais obtidas pelos alemães podem ser atribuídas à mobilização impressionantemente rápida de seus exércitos, uma das características mais evidentes de seu perfeito sistema militar”.51 Ainda assim, conforme observou Sheridan, os “êxitos posteriores [prussianos] tiveram grande ajuda das gafes dos franceses, cujos erros estupendos encurtaram significativamente a guerra, embora, mesmo que prolongada, ela não pudesse, em minha opinião, terminar de nenhuma outra forma”.52

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Embora admirasse o ‘perfeito sistema militar [prussiano]’, Sheridan observou que ele havia sido ‘concebido por um poder quase autocrático’, e nisso ele detectou apenas um elemento da natureza e cultura do comando prussiano.

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O historiador David J. Fitzpatrick considerou a visão de Sheridan, como a de uma série de outros generais da Guerra Civil, “chauvinismo estadunidense”.53 A maioria dos oficiais estadunidenses admirava o ensino militar prussiano, o sistema do estado-maior geral e mais, e é nesse ponto que está a distinção. O Cel Emory Upton, possivelmente o mais importante pensador e reformador militar estadunidense do final do século XIX, propôs uma reforma profunda do Exército. Entretanto, ele não buscou imitar a natureza do comando, pois não havia necessidade. Em sua obra publicada postumamente, Military Policy of the United States (“Política Militar dos Estados Unidos”, em tradução livre), Upton observou a “necessidade de que as escolas de pós-graduação eduquem nossos oficiais em estratégia e nos princípios superiores da arte da guerra”.54

General Emory Upton

Ao escrever para o Ten Cel James H. Wilson em 1870, Upton, da mesma forma que Sheridan, declarou, de forma mordaz, que “a estupidez dos generais franceses não tem paralelo na história”.55 Cinco anos depois, Upton atribuiu o êxito da Prússia à “incompetência francesa”, enquanto contestava a “eficácia de todo o sistema tático prussiano”.56 Assim, as opiniões de Upton se alinhavam com as de Sheridan. O Estado-Maior Geral da Prússia, seu sistema de ensino profissional, a organização do Exército e outros elementos estruturais ofereciam muito a ser admirado e copiado, mas pouco em termos de tática, arte da guerra ou comando para oficiais experientes como Sheridan e Upton. Como ressalta o historiador Brian McAllister Linn, “Upton queria reproduzir a estrutura militar de outra nação, mas sem transpor a filosofia de guerra subjacente que havia criado e guiado essas forças para a vitória”.57 Em “The Prussian Company Column” (“A Coluna de Companhia Prussiana”, em tradução livre), Upton ofereceu uma crítica profunda aos propensos à apreciação e imitação acríticas, advertindo que “a prudência sugere, portanto, que suspendamos nossa admiração por um sistema que foi insuficientemente testado e nos recusemos, até que haja novos avanços, a abandonar uma organização de companhia, a qual, apesar de todas as mudanças nas Armas, atende a todas as exigências há mais de trinta séculos”.58 Upton não foi o único a oferecer análises críticas das impressionantes vitórias da Prússia.

Em uma série de palestras sobre a Guerra Austro-Prussiana de 1866 na Escola de Infantaria e Cavalaria em Fort Leavenworth, Kansas, o Ten Cel Arthur L. Wagner, um dos principais teóricos do Exército do final do século XIX e admirador do Exército Prussiano, enfatizou sua preparação e avanços tecnológicos na vitória sobre a Áustria. Em seguida, Wagner criticou o comandante austríaco em Königgrätz por ter desejado “nada mais do que [...] a obediência cega” de seus comandantes de corpo de exército e por ter se comunicado mal com eles.59 Elogiou a alta qualidade do estado-maior geral prussiano, mas afirmou, generosamente, que todos os generais mais antigos, sem exceção, acatavam a “sabedoria” de Moltke.60 Como Upton antes dele, Wagner, em nenhum momento, explorou os regulamentos prussianos ou sua filosofia de comando. Por mais impressionante que fosse o trabalho de estado-maior prussiano, sua filosofia de comando não era algo notável para esse admirador.

Uma doutrina de comando estadunidense

Em 1891, o Exército dos EUA rompeu com seu passado do século XIX ao adotar o Regulamento de Exercícios da Infantaria (Infantry Drill Regulations). Fez do grupo de combate de infantaria comandando por um cabo a “base da formação aberta”.61 Enfatizou a liberdade de ação de militares individuais no uso e exploração do terreno, declarou que o “capitão determina a direção e o caráter do ataque” de sua companhia e contou com o discernimento e critério do comandante da companhia ao agir sozinho.62 Da mesma forma, o comandante de batalhão, um major, “regula o progresso da ação [...] deixando a execução dos detalhes aos seus subordinados, ele exerce um controle geral e se empenha constantemente em aumentar a energia da ação”.63 A confiança, habilidade e discernimento individuais, flexibilidade e adesão ao conceito mais geral da operação eram centrais. O comandante de batalhão “deve conceder a cada comandante [de companhia] a liberdade de ação necessária para que ele possa tirar proveito de todas as circunstâncias”.64 O mesmo espírito serviu de base para os escalões de comando mais elevados, do regimento à brigada e à divisão.65 Essa era uma filosofia de comando e liderança estadunidense redigida por e para os militares estadunidenses. Além disso, conforme observa Echevarria, muitos comandantes estadunidenses eram céticos em relação à prática alemã, embora o historiador Perry D. Jamieson tenha observado que um analista na publicação Army and Navy Register, “deduziu que o painel de Leavenworth tinha [...] [se baseado] em fontes francesas, e, em menor grau, fontes belgas e alemãs”.66

Em 1905, o Departamento de Guerra dos EUA emitiu o Regulamento de Serviço em Campanha (Field Service Regulations, FSR), a primeira publicação estadunidense considerada, acertadamente, como doutrina.67 Era muito mais do que procedimentos. O FSR ampliou ou explicou em mais detalhes práticas consagradas no Exército dos EUA, tais como a importantíssima confiança mútua e “total segurança” entre o general em comando e seu chefe de estado-maior.68 Além disso, declarava o FSR, o chefe de estado-maior precisava dispor de “um grau considerável de independência no desempenho de suas funções ordinárias”.69 No entanto, o Artigo II, “Ordens. Princípios Gerais”, está repleto de trechos plagiados quase literalmente da seção “Comunicações entre Estados-Maiores e Tropas. A Emissão de Ordens. Princípios Gerais”, de The Order of Field Service of the German Army (“A Ordem de Serviço em Campanha do Exército Alemão”, em tradução livre), uma versão em inglês de 1893 do Felddienst-Ordnung de 1887, o regulamento alemão de serviço em campanha, conforme modificado até 1892.70

As ordens, de acordo com o FSR, tinham de ser breves, claras e precisas, mas “não deviam se intrometer na área de atuação de um subordinado”.71 Elas “deviam conter tudo o que estivesse além da autoridade independente do subordinado, mas nada mais”.72 Na tradução, aparece: “a ordem deve ser curta, clara, definida e adequada ao alcance de visão de quem a recebe”.73 O novo regulamento reconheceu a natureza dinâmica do combate ao afirmar que “as ordens não devem tentar dispor questões com muita antecedência”.74 Reforçando esse ponto, o FSR observou que “mudanças frequentes cansam os homens, abalam a confiança em seu comandante e tendem a tornar os subordinados indecisos em suas ações”.75 Além disso, o FSR recomendava que as ordens incluíssem “intenções do oficial comandante”. Devido à natureza instável do combate, nem todas as circunstâncias poderiam ser previstas. Além disso, o FSR ordenava que os comandantes “colocassem ênfase no objetivo a ser alcançado e deixassem em aberto os meios a serem empregados”.76 O FSR havia codificado práticas de longa data do Exército dos EUA relativas à confiança, iniciativa, experiência e intenção do comandante.

À primeira vista, o FSR leva a crer que é verdade que a ADP 6-0 e o comando de missão têm origens prussiano-alemãs. No entanto, uma exploração além do plágio no FSR e a análise do desenvolvimento histórico e práticas que sustentam as tradições de comando e liderança prussiano-alemãs e estadunidenses revelam uma outra história. Enxertar o broto da Auftragstaktik no suporte da história militar e práticas consagradas estadunidenses não cria, de fato, uma prática prussiano-alemã.

Conclusão

Em sua crítica de 1875 às táticas do Exército Prussiano, Upton declara: “A história ensina que, após cada grande guerra moderna, que surpreendeu o mundo com resultados brilhantes, a organização e táticas do vencedor são objeto de admiração e imitação, em um grau que muitas vezes beira o servilismo”.77 A ironia da observação de Upton é que, no século XX, o Exército dos EUA se desviou de sua prática anterior de imitar vencedores estrangeiros e acolheu, defendeu e encobriu os contínuos perdedores de duas guerras mundiais. Vale considerar, em vez disso, até que ponto o FM 100-5, a doutrina de Batalha Ar-Terra e o conceito de arte operacional se assemelham ao trabalho de teóricos soviéticos como Georgii Samoilovich Isserson, Aleksander A. Svechin e V. K. Triandafillov. Nesses casos, a doutrina do Exército dos EUA seguiu os vencedores, embora não os tenha reconhecido diretamente como tal, já que os soviéticos eram o novo inimigo potencial.78

Embora não haja uma base histórica para afirmar que a Auftragstaktik seja uma das raízes do comando de missão, isso não quer dizer que se deva descartar toda e qualquer relação. Em vez de reivindicar esse antepassado fictício, os formuladores de doutrina contribuiriam mais para o Exército se reconhecessem que, embora existam algumas semelhanças entre Auftragstaktik (Führen mit Auftrag) e comando de missão, é aí que a relação começa e termina. O Exército dos EUA estava praticando o que hoje chama de comando de missão muito antes de descobrir as práticas alemãs, e a ADP 6-0 reconhece isso, mesmo ao retomar suas origens alemãs imaginárias.79

Já está mais do que na hora de abandonar essa fascinação com a experiência militar alemã e ilusória linhagem do comando de missão. Os historiadores já demonstraram claramente ao longo de mais de duas décadas que, além das semelhanças, não há nenhuma base prussiano-alemã exclusiva ou mesmo específica ao que hoje é chamado de comando de missão. A confusão sobre conceitos históricos complexos como as origens do comando de missão e Auftragstaktik revela por que os formuladores de doutrina e os profissionais militares devem consultar historiadores profissionais e suas obras, aqueles cujas análises e conclusões são fundamentadas em fontes primárias, pesquisas em arquivos e historiografia ao buscarem entender e extrair do passado e compreendê-lo conforme ele existe no presente e o influencia. Há muito a ser estudado, aprendido e até mesmo adotado de alguma forma a partir das práticas de outros exércitos, assim como há muito para entender que o comando de missão é muito mais estadunidense e bem menos alemão do que pretende a doutrina. Isso não quer dizer que não haja nada de valor nas práticas alemãs ou nas de outros exércitos. Em vez disso, é preciso um entendimento mais profundo, maior conhecimento da história e mais precisão no pensamento e linguagem, bem como o reconhecimento de que práticas estadunidenses de longa data não requerem a validação de outros exércitos. Um passado imaginado é pior do que nenhum passado.

Este artigo teve sua gênese em diálogos com G. Stephen Lauer (1952-2020), ex-professor associado de Teoria, School of Advanced Military Studies, U.S. Army Command and General Staff College. Limitações relativas ao número de palavras permitem apenas uma análise superficial de um tema que necessita de maior atenção acadêmica. Meus agradecimentos a Eric Michael Burke, Anthony E. Carlson, Antulio J. Echevarria II, David J. Fitzpatrick, Cel Michael G. Kopp (Exército Alemão), Brian McAllister Linn, Amanda M. Nagel, Ten Cel Marc-André Walther (Exército Alemão), Donald P. Wright e Divisão de Doutrina de Armas Combinadas do Exército dos EUA por suas críticas e sugestões de revisões.


Referências

 

  1. Army Doctrine Publication (ADP) 6-0, Mission Command: Command and Control of Army Forces (Washington, DC: U.S. Government Publishing Office, 2019), p. vii; Army Doctrine Reference Publication 6-0, Mission Command (Washington, DC: U.S. Government Printing Office, 2012 [obsoleto]), p. v.
  2. ADP 6-0, Mission Command, p. vii.
  3. Exemplos do que hoje é chamado de comando de missão aparecem com frequência em trabalhos acadêmicos sobre a história militar dos EUA. Uma relação extremamente seletiva de obras, cujas bibliografias também vale a pena consultar, inclui John Grenier, The First Way of War: American War Making on the Frontier, 1607–1814 (New York: Cambridge University Press, 2005); John Ferling, Almost A Miracle: The American Victory in the War of Independence (New York: Oxford University Press, 2007); Ricardo A. Herrera, Feeding Washington’s Army: Surviving the Valley Forge Winter of 1778 (Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2022); William B. Skelton, An American Profession of Arms: The Army Officer Corps, 1784–1861 (Lawrence: University Press of Kansas, 1993); Samuel J. Watson, Jackson’s Sword: The Army Officer Corps on the American Frontier, 1810–1821 (Lawrence: University Press of Kansas, 2013); Samuel J. Watson, Peacekeepers and Conquerors: The Army Officer Corps on the American Frontier, 1821–1846 (Lawrence: University Press of Kansas, 2013); Durwood Ball, Army Regulars on the Western Frontier, 1848–1861 (Norman: University of Oklahoma Press, 2001); Robert Wooster, The United States Army and the Making of America: From Confederation to Empire, 1775–1903 (Lawrence: University Press of Kansas, 2021).
  4. ADP 6-0, Mission Command, p. vii.
  5. Ibid.
  6. David Chandler, The Campaigns of Napoleon: The Mind and Method of History’s Greatest Soldier (New York: Scribner, 1966), p. 479-502. Veja um estudo mais recente em Dennis Showalter, “The Jena Campaign: Apogee and Perihelion”, in Napoleon and the Operational Art of War: Essays in Honor of Donald D. Horward, ed. Michael V. Leggiere (Leiden, NL: Brill, 2016), p. 173-98. Dierk Walter, “A Military Revolution?: Prussian Military Reforms Before the Wars of German Unification”, Forsvarsstudier/Defence Studies 2 (2001): p. 7-9; para uma compreensão mais detalhada das diferenças, veja Jens Küster, “‘Führen mit Auftrag’: Mission Command from a German Point of View”, Military Review (Online Exclusive, 13 May 2016), acesso em 24 mar. 2022, https://www.armyupress.army.mil/Journals/Military-Review/Online-Exclusive/2016-Online-Exclusive-Articles/Führen-mit-Auftrag/.
  7. Antulio J. Echevarria II, “Moltke and the German Military Tradition: His Theories and Legacies”, Parameters 26, no. 1 (Spring 1996): p. 99n35.
  8. Trevor N. Dupuy, Genius for War: The German Army and the General Staff, 1807–1945 (Englewood, NJ: Prentice-Hall, 1977), p. 116, p. 268, p. 307; Roger A. Beaumont, “On the Wehrmacht Mystique”, Military Review 66, no. 6 (July 1986): p. 44-56. Veja também Daniel J. Hughes, “The Abuses of German Military History”, Military Review 66, no. 11 (December 1986): p. 66-76.
  9. Antulio J. Echevarria II, After Clausewitz: German Military Thinkers Before the Great War (Lawrence: University Press of Kansas, 2000), p. 38.
  10. Ibid., p. 33.
  11. Beaumont, “On the Wehrmacht Mystique”, p. 44-56; veja também Hughes, “The Abuses of German Military History”, p. 66-76.
  12. Robert M. Citino, The German Way of War: From the Thirty Years’ War to the Third Reich (Lawrence: University Press of Kansas, 2005), p. 308.
  13. Geoffrey P. Megargee, Inside Hitler’s High Command (Lawrence: University Press of Kansas, 2000).
  14. Wolfram Wette, The Wehrmacht: History, Myth, Reality, trad. Deborah Lucas Schneider (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2006), especialmente o capítulo 5, “The Legend of the Wehrmacht’s ‘Clean Hands’”. Wette trata do processo de devida análise histórica do mito no capítulo 6, “A Taboo Shatters”.
  15. Ronald M. Smelser e Edward J. Davies II, The Myth of the Eastern Front: The Nazi-Soviet War in American Popular Culture (New York: Cambridge University Press, 2008), p. 74-75.
  16. Ibid., p. 4, p. 56-61; para ler sobre a narrativa criada pelos generais alemães, veja a “German Report Series” pós-Segunda Guerra Mundial, uma série redigida por ex-generais do Exército nazista e publicada pela Divisão de História, Comando Europeu. A série está disponível em “Former DA Pamphlets”, U.S. Army Center of Military History Publications Catalog, 10 December 2021, https://history.army.mil/catalog/browse/pubnum.html; veja também Records of the Foreign Military Studies (FMS) Program and Related Records, 1941–67 (RG 549.3), Records of United States Army, Europe, National Archives and Records Administration, Washington, D.C. A literatura que expõe o mito da Wehrmacht “limpa” é extensa demais para enumerar.
  17. Waitman Wade Beorn, Marching into Darkness: The Wehrmacht and the Holocaust in Belarus (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2014), p. 12-17; para obter evidências visuais, veja “Photo Archives”, United States Holocaust Memorial Museum, acesso em 29 dez. 2021, https://www.ushmm.org/collections/the-museums-collections/about/photo-archives. O U.S. Holocaust Memorial Museum dispõe de um vasto acervo de materiais fotográficos que documentam os crimes de guerra da Wehrmacht. É apenas um de muitos arquivos com materiais semelhantes.
  18. Field Manual (FM) 100-5, Operations (Washington, DC: U.S. Government Printing Office, 1976).
  19. Henry G. Gole, General William E. DePuy: Preparing the Army for Modern War (Lexington: University Press of Kentucky, 2008), p. 49, p. 112, p. 142, p. 262-63; FM 100-5, Operations (Washington, DC: U.S. Government Printing Office, 1982).
  20. Gole, General William E. DePuy, p. 262-63.
  21. Ibid.
  22. Ibid., p. 49.
  23. Ibid., p. 49, p. 112.
  24. Donn A. Starry, “To Change an Army”, Military Review 63, no. 3 (March 1983): p. 21-23.
  25. Donn A. Starry, “US and Federal Republic of Germany Doctrine, Letter to Lt. Gen. John R. Thurman, 27 September 1978”, “US and Federal Republic of Germany, Letter to Col. William F. Burns, 30 April 1979”, “FM 100-5, Operations, Letter to Gen. E. C. Meyer, 26 June 1979”, in Press On!: Selected Works of General Donn A. Starry, ed. Lewis Sorley, vol. 1 (Fort Leavenworth, KS: Combat Studies Institute Press, 2009), p. 335, p. 340, p. 343-44; FM 100-5, Operations (1982); Federal Republic of Germany, HDv 100/100, Command and Control of the Armed Forces (Bonn, DE: Minister of Defense, 1973).
  26. Thomas Hobbes, Leviathan, or the Matter, Forme, & Power of a Common-Wealth Ecclesiastical and Civil (London: Andrew Crooke, 1651), p. 98. Dependendo do período e do contexto geográfico e político, o governante da Prússia tinha diferentes designações: duque, eleitor, rei na Prússia ou rei da Prússia. Foi somente depois das dramáticas manobras e combates por toda a Alemanha e partes dos reinos dos Habsburgos e de sobreviver à Guerra dos Sete Anos (1756-1763) que Frederico II, “o Grande”, e seus sucessores foram reconhecidos exclusivamente como reis da Prússia; veja Peter H. Wilson, The Thirty Years War: Europe’s Tragedy (Cambridge, MA: Belknap Press of Harvard University Press, 2009), p. 463, p. 717. A obra de Wilson também é a história mais recente e abalizada da guerra; veja também Peter H. Wilson, German Armies: War and German Society, 1648-1806 (London: UCL Press, 1998).
  27. Tim Blanning, Frederick the Great: King of Prussia (New York: Random House, 2016), p. 6-17, p. 22-26; William W. Hagen, Ordinary Prussians: Brandenburg Junkers and Villagers, 1500–1840 (Cambridge: Cambridge University Press, 2002), p. 69, p. 70; Derek McKay, The Great Elector: Frederick William of Brandenburg-Prussia (London: Routledge, 2001), detalha como o “Grande Eleitor” forjou o Estado prussiano, especialmente nas páginas 49-72, 108-96; Otto Buesch, Military System and Social Life in Old Regime Prussia, 1713–1807: The Beginnings of the Social Militarization of Prussiano-German Society (Atlantic Highlands, NJ: Humanities Press, 1997), analisa o Estado militarizado prussiano a partir do reinado do “Rei Soldado”, Frederico Guilherme I (R. 1713–1740); seu filho “Der Alte Fritz” (“O Velho Fritz”), Frederico II (R. 1740–1786); e conclui com os desastres de 1806 em Jena-Auerstädt durante o reinado de Frederico Guilherme III (R. 1797-1840); Wilson, German Armies, p. 244. Para obter informações sobre o processo mais amplo de formação dos Estados europeus e como a guerra fazia o Estado e o Estado fazia guerra, veja Charles Tilly, Coercion, Capital, and European States, AD 990–1992 (Cambridge, MA: Blackwell, 1990).
  28. As convicções políticas dos Junkers são examinadas em Robert M. Berdahl, The Politics of the Prussian Nobility: The Development of a Conservative Ideology, 1770–1848 (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1988); veja Peter L. Berger e Thomas Luckmann, The Social Construction of Reality: A Treatise in the Sociology of Knowledge (Garden City, NY: Anchor Books, 1966), sobre os processos de socialização primária e secundária.
  29. Citino, The German Way of War, p. 32, p. 152, p.152, p. 308.
  30. Ibid.
  31. Ibid., p. 32.
  32. Estudos recentes apontam para a continuidade da Auftragstaktik ao longo da Segunda Guerra Mundial, mas também para elementos politizados dentro do corpo de oficiais; veja Robert M. Citino, The Wehrmacht’s Last Stand: The German Campaigns of 1944-1945 (Lawrence: University Press of Kansas, 2017); David Stahel, Retreat from Moscow: A New History of Germany’s Winter Campaign, 1941-1942 (New York: Farrar, Straus & Giroux, 2019); David K. Yelton, “Older German Officers and National Socialist Activism: Evidence from the German Volkssturm”, Journal of Military History 83, no. 2 (April 2019): p. 455-85; Miguel A. López, “The Survival of Auftragstaktik during the Soviet Counterattack in the Battle for Moscow, December 1941 to January 1942”, Journal of Military History 84, no. 1 (January 2020): p. 187-212.
  33. Eric Dorn Brose, The Kaiser’s Army: The Politics of Military Technology in Germany during the Machine Age (New York: Oxford University Press, 2001), p. 20, p. 61, p. 90, p. 124, p. 150, p. 153-54, p. 190, p. 200; Geoffrey Wawro, The Franco-Prussian War: The German Conquest of France in 1870–1871 (New York: Cambridge University Press, 2003), p. 54, p. 59, p. 62.
  34. Echevarria, After Clausewitz, p. 33, p. 38.
  35. R. R. Davis, “Helmuth von Moltke and the Prussian‐German Development of a Decentralised Style of Command: Metz and Sedan 1870”, Defence Studies 5, no. 1 (March 2005): p. 90-91, p. 94.
  36. Wawro, The Franco-Prussian War, p. 108, p. 110-11, p. 119; Citino, The German Way of War, p. 152, p. 170, p. 308; veja também Geoffrey Wawro, The Austro-Prussian War: Austria’s War with Prussia and Italy in 1866 (New York: Cambridge University Press, 1996).
  37. Wawro, The Franco-Prussian War, p. 164, p. 172-73, p. 184, p. 194, p. 302; Dennis Showalter, “Army and Society in Imperial Germany”, p. 585, p. 588; Arthur T. Coumbe, “Operational Command in the Franco-Prussian War”, Parameters 21, no. 1 (Summer 1991): p. 94-95; Harry Bell, trad., St. Privat: German Sources (Fort Leavenworth, KS: Staff College Press, 1914), é uma útil coletânea de reminiscências sobre a Batalha de Saint Privat. Como no caso de toda reminiscência, porém, é preciso ter cuidado em sua leitura e análise. Muitas vezes, confunde-se memória com história.
  38. Gerhard P. Gross, The Myth and Reality of German Warfare: Operational Thinking from Moltke the Elder to Heusinger, ed. David T. Zabecki (Lexington: University Press of Kentucky, 2016), p. 38, p. 60, p. 78, p. 305.
  39. Veja Skelton, An American Profession of Arms; Wooster, The United States Army and the Making of America; Watson, Jackson’s Sword; Watson, Peacekeepers and Conquerors; Ball, Army Regulars on the Western Frontier.
  40. Michael A. Bonura, Under the Shadow of Napoleon (New York: New York University Press, 2012).
  41. Dennis Hart Mahan, An Elementary Treatise on Advanced-guard, Out-post, and Detachment Service of Troops, new ed. (New York: John Wiley & Sons, 1861), p. 33.
  42. Dennis Hart Mahan, Advanced-guard, Out-post, and Detachment Service of Troops, with the Essential Principles of Strategy, and Grand Tactics for the Use of Officers of the Militia and Volunteers, new ed. (New York: John Wiley & Sons, 1870), p. 185.
  43. Ibid., p. 186.
  44. Veja Chandler, Campaigns of Napoleon, para ler um relato clássico sobre as Guerras Napoleônicas. Estudos mais recentes incluem Michael V. Leggiere, ed., Napoleon and the Operational Art of War; Alexander Mikaberidze, The Napoleonic Wars: A Global History (New York: Oxford University Press, 2020).
  45. Veja William P. Craighill, The Army Officer’s Pocket Companion: Principally Designed for Staff Officers in the Field (New York: D. Van Nostrand, 1862), p. 46. Executar uma ordem de acordo com seu “espírito e intencão [do comandante]” era vital; Craighill traduziu Philippe Brunot de Rouvre, Aide-memoire de l’officier d’état-major principalement nc e qui concerne le service en campagne (Paris: J. Dumaine, 1859).
  46. Philip H. Sheridan, Personal Memoirs of Philip Henry Sheridan, General United States Army: With an Account of His Life from 1871 to His Death, in 1888, ed. Michael V. Sheridan, vol. 2, new & enl. (New York: D. Appleton, 1902), p. 447.
  47. Ibid., p. 448, p. 451.
  48. Ibid., p. 451.
  49. Ibid., p. 448.
  50. Ibid., p. 451-52.
  51. Ibid., p. 448.
  52. Ibid.
  53. David J. Fitzpatrick, Emory Upton: Misunderstood Reformer (Norman: University of Oklahoma Press, 2017), p. 217; veja especialmente capítulos 6 a 8.
  54. Emory Upton, The Military Policy of the United States (Washington, DC: U.S. Government Printing Office, 1912), p. xiv.
  55. “Upton to James H. Wilson, 21 August 1870”, apud Fitzpatrick, Emory Upton, p. 144; Emory Upton, “The Prussian Company Column”, International Review 2, no. 3 (May 1875): p. 303.
  56. Fitzpatrick, Emory Upton, p. 144.
  57. Brian McAllister Lin, The Echo of Battle: The Army’s Way of War (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2007), p. 50, p. 75.
  58. Upton, “The Prussian Company Column”, p. 316.
  59. Arthur L. Wagner, The Campaign of Königgrätz, a Study of the Austro-Prussian War in Light of the American Civil War, 2nd ed. (Kansas City, MO: Hudson-Kimberly, 1899), p. 11, p. 90-91.
  60. Ibid., p. 102.
  61. Infantry Drill Regulations. United States Army. Adopted Oct. 3, 1891 (New York: D. Appleton, 1898), p. 186-87.
  62. Ibid., p. 194-95, p. 211, p. 213.
  63. Ibid., p. 219-20.
  64. Ibid., p. 219.
  65. Ibid., p. 227-29.
  66. Perry D. Jamieson, Crossing the Deadly Ground: United States Army Tactics, 1865–1899 (Tuscaloosa: University of Alabama Press, 1994), p. 110.
  67. War Department, Field Service Regulations, United States Army: Prepared by the General Staff, Under the Direction of the Chief of Staff, U.S. Army (Washington, DC: U.S. Government Printing Office, 1905).
  68. Ibid., p. 15.
  69. Ibid.
  70. J. M. Gawne e Spenser Wilkinson, trad., The Order of Field Service of the German Army (London: Edward Stanford for the Manchester Tactical Society, 1893), p. 4, p. 22-23; Preußisches Kriegsministerium, Felddienst-Ordnung (Berlin: Ernst Siegfried Mittler und Sohn, 1887).
  71. War Department, Field Service Regulations, p. 29.
  72. Ibid.
  73. Ibid.; Gawne e Wilkinson, The Order of Field Service of the German Army, p. 22.
  74. War Department, Field Service Regulations, p. 30.
  75. Ibid.
  76. Ibid.; Gawne e Wilkinson, The Order of Field Service of the German Army, p. 23.
  77. Upton, “The Prussian Company Column”, p. 302.
  78. FM 100-5, Operations (1982). Para obter uma visão geral do debate sobre as origens alemãs e soviéticas da Batalha Ar-Terra, veja Curry, “From Blitzkrieg to Airland Battle”, p. 18-25. Para ler versões em inglês das principais obras teóricas soviéticas sobre combate em profundidade, veja Georgii Samoilovich Isserson, The Evolution of Operational Art, trad. Bruce W. Menning (Fort Leavenworth, KS: Combat Studies Institute Press, 2013); Aleksandr A. Svechin, Strategy, ed. Kent D. Lee (Minneapolis: Eastview Information Services, 1992); e V. K. Triandafilov, The Nature of the Operations of Modern Armies, ed. Jacob W. Kipp, trad. William A. Burhans (New York: Routledge, 1994). Veja também David M. Glantz, Soviet Military Operational Art: In Pursuit of Deep Battle (New York: Frank Cass, 1991).
  79. ADP 6-0, Mission Command, p. vii.

 

Ricardo A. Herrera é professor de História Militar na School of Advanced Military Studies, U.S. Army Command and General Staff College. Concluiu o doutorado pela Marquette University e o bacharelado pela University of California, Los Angeles. Historiador premiado, é o autor de Feeding Washington’s Army: Surviving the Valley Forge Winter of 1778; For Liberty and the Republic: The American Citizen as Soldier, 1775-1861; e muitos outros artigos e capítulos. Herrera foi promovido a oficial de blindados em 1983.

 

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Segundo Trimestre 2022