Military Review

 

Isenção de responsabilidade: Em todas as suas publicações e produtos, a Military Review apresenta informações profissionais. Contudo, as opiniões neles expressas são dos autores e não refletem necessariamente as da Army University, do Departamento do Exército ou de qualquer outro órgão do governo dos EUA.


 

Em Defesa do Exército de Campanha

Ten Cel Nicholas R. Simontis, Exército dos EUA

Baixar PDF Baixar PDF

Um militar do 783o Batalhão de Polícia do Exército

Os exércitos de campanha possuem uma história rica e longa, evocando imagens de Courtney Hodges no comando do 1o Exército, George Patton do 3o Exército e Alexander “Sandy” Patch do 7o Exército, junto com o 8o Exército comandado por Robert Eichelberger nas Filipinas durante a Segunda Guerra Mundial e, depois, por Matthew Ridgeway na Coreia1. Com o fim das operações de combate, os papéis dos exércitos de campanha evoluíram para se adaptar às novas exigências operacionais e estratégicas, executando missões que variavam de deveres como força de ocupação a treinamento de unidades da Reserva do Exército e da Guarda Nacional. Em um exemplo mais recente, o 3o Exército serviu como o força terrestre componente das forças interaliadas (combined forces land component command — CFLCC) durante as Operações Enduring Freedom e Iraqi Freedom, e depois como o força terrestre componente das forças conjuntas e interaliadas (combined joint forces land component command — CJFLCC) para a Operação Inherent Resolve (OIR). Apesar dessa história e do papel singular que os exércitos de campanha preenchem, esses comandos operativos são um alvo constante para medidas de redução e possível eliminação durante os esforços continuados para reduzir a estrutura da Força.

Segundo a doutrina, as responsabilidades do exército de campanha são claras. No entanto, possivelmente devido ao fato de que a maioria de oficiais possui pouca experiência com os exércitos de campanha, há uma grande quantidade de equívocos em relação aos seus papéis2. Por isso, os exércitos de campanha têm sido um alvo de conveniência na busca por formas de redução da Força, no entanto as recomendações recentes vão ainda mais longe, eliminando papéis e funções vitais por eles desempenhados. Na realidade, as responsabilidades dos exércitos de campanha são mais abrangentes, exigindo conjuntos especializados de capacidades.

Ao contrário dos mal-entendidos em relação ao seu papel doutrinário no ambiente atual, os exércitos de campanha estão tornando-se estrategicamente mais necessários do que antes. Devido às suas capacidades singulares, os exércitos de campanha podem formar a espinha dorsal das forças conjuntas ou multinacionais, servindo como o integrador e fornecendo uma base que facilita a interdependência da força conjunta.

Este artigo defende que os exércitos de campanha devam ser mantidos. Eles têm proporcionado e podem continuar a proporcionar opções viáveis para a condução de operações significativas usando o princípio de Comando de Missão. Essas opções incluem: a manutenção de uma presença avançada contínua e vital; a condução de operações secundárias por meio de cooperação em segurança e engajamento militar no teatro de operações; o fornecimento de expertise regional; e o estabelecimento de uma base e de uma via de acesso pela qual as forças terrestres e conjuntas subsequentes podem ser desdobradas e combater, conforme seja necessário.

De Redução a Eliminação

As recomendações para modificar a estrutura organizacional dos exércitos de campanha/comandos do componente do Exército (ASCC, na sigla em inglês) têm estado em destaque durante algum tempo. Os esforços iniciais de redução originalmente visaram apenas as responsabilidades associadas ao Comando de Missão dos exércitos de campanha, agindo sobre a sua capacidade de conduzir as forças operacionais, particularmente por períodos prolongados. Em 2011, o Manual de Campanha 3-93, Operações dos Exércitos de Campanha (FM 3-93, Theater Army Operations), sinalizou essa intenção. Recomendou a eliminação dos postos de comando operacionais, que foram originalmente estabelecidos para formar a estrutura fundamental das forças-tarefa conjuntas ou dos componentes terrestres das forças conjuntas criados para conduzir as grandes operações3. Em 2014, o Manual de Campanha 3-94, Operações dos Exércitos de Campanha, Corpos de Exército e Divisões (FM 3-94, Theater Army, Corps, and Division Operations), que substituiu o FM 3-93, repetiu esse mesmo sentimento, declarando que “os exércitos de campanha possuem capacidades limitadas para servir como uma força-tarefa conjunta ou uma força terrestre componente das forças conjuntas e, mesmo assim, apenas em uma operação de contingência limitada ou de breve duração4. No entanto, o FM 3-94 omitiu um elemento essencial de informação contextual encontrado no FM 3-93: a proposta de criação de um quarto comando operativo de escalão corpo de exército na estrutura do Exército dos EUA para permitir que o exército de campanha “fosse exonerado da sua responsabilidade anterior de se transformar em um quartel-general de força-tarefa conjunta, força terrestre componente das forças conjuntas ou ARFOR [Forças do Exército]5”. Este quarto comando operativo de corpo de exército permitiria uma estrutura rotacional de Comando de Missão ao mesmo tempo que manteria um quartel-general de corpo de exército pronto para as necessidades de contingência. Claramente, a intenção do FM 3-93 e do FM 3-94 era não mexer com os quartéis-generais dos ASCC, simplesmente removendo as responsabilidades diretas de Comando de Missão para as operações e dependendo, em vez disso, do quartel-general dos corpos de exército para executar essas responsabilidades, quando necessário. O Departamento do Exército, de fato, eliminou os postos de comando operacionais nos anos subsequentes, mas sem estabelecer um quarto comando operativo de corpo de exército, como originalmente recomendado. Agora, alguns observadores recomendam a eliminação total dos ASCC.

O Elihu Root Study: The Total Army (“O Estudo Elihu Root: O Exército Total”, em tradução livre) propôs a eliminação dos exércitos de campanha e a substituição deles por comandos operativos de corpo de exército6. Vários meses depois, David Barno e Nora Bensahel fizeram a mesma recomendação, propondo a substituição dos exércitos de campanha por “quartéis-generais operacionais de dupla função, também, com capacidades de combate”, o que pode ser traduzido como comandos operativos de corpo de exército7. Na realidade, contudo, a substituição dos exércitos de campanha por quartéis-generais ampliados de corpo de exército simplesmente embaralha as cartas enquanto reduz a capacidade expedicionária geral do Exército, a menos que adicionais quartéis-generais de corpo de exército sejam criados, uma exigência que é contrária ao objetivo atual de reduzir a estrutura. Todas essas propostas são míopes e deixam de considerar os papéis atuais e potenciais dos exércitos de campanha.

Um militar bloqueia a luz solar enquanto outro escaneia o íris de um homem com o aparelho portátil Handheld Interagency Identity Detection Equipment

Entender os Papéis e Responsabilidades do Exército de Campanha

Os requisitos para os exércitos de campanha e as suas várias relações de comando são delineados no Regulamento do Exército 10-87, Comandos do Exército, Comandos do Componente do Exército e Unidades Diretamente Subordinadas (AR 10-87, Army Commands, Army Service Component Commands, and Direct Reporting Units), e doutrinariamente descritos no FM 3-94. Esses requisitos se concentram na execução do controle administrativo sobre as forças do Exército no teatro de operações; na assunção de responsabilidades extensivas de apoio no teatro; na provisão de controle operacional sobre as forças do Exército adjudicadas ao teatro; no apoio à cooperação em segurança e planos de engajamento no teatro; e na preparação do teatro — estabelecendo e mantendo as condições para o emprego de forças terrestres e o apoio às forças conjuntas no teatro8. Mesmo assim, uma análise simples de uma lista dessas exigências extensivas e abrangentes não oferece uma apreciação holística dos papéis únicos preenchidos pelos exércitos de campanha. Uma maneira alternativa para entender os papéis do exército de campanha é em termos de um tubo conector e quatro infraestruturas, como descrito nos seguintes parágrafos.

Um exército de teatro/ASCC serve a dois senhores — o Departamento do Exército e o comando operacional geográfico (GCC, na sigla em Inglês), agindo como um elo de ligação entre esses dois comandos. Nesse papel de tubo conector, o exército de campanha se esforça para equilibrar as exigências do comando operacional geográfico, no teatro de operações, ao mesmo tempo que mantém o Exército informado sobre os requisitos específicos do teatro de operações que ajudam a moldar a força, influenciando decisões sobre estrutura, alocação de pessoal e equipamentos. Essa entrada de informações, moldada pelo ambiente operacional atual e futuro do teatro de operações, pode, então, influenciar o desenvolvimento e contribuir para o processo de Planejamento, Programação, Preparação de Orçamento e Execução do Exército. Esse papel como tubo conector entre o Departamento do Exército e o comando operacional geográfico é, dessa forma, essencial para ajudar o Exército a adaptar a sua estrutura para executar a sua missão de “fornecer pronta e contínua dominância através de toda a gama de operações militares e do amplo espectro de conflito em apoio aos comandos conjuntos”9.

Além de agir como um tubo conector, uma maneira mais prática para entender os papéis do exército de campanha é em termos da sua responsabilidade de estabelecer e manter quatro infraestruturas gerais para apoiar o teatro de operações. Por meio de comandos subordinados, ele mantém o apoio geral às forças desdobradas; apoio de saúde; apoio de comunicações; e manutenção e operação das infraestruturas de Inteligência necessárias para as forças terrestres, em todo o teatro de operações10. Juntas, essas infraestruturas dão suporte ao plano de campanha do comando operacional geográfico no teatro de operações e formam a base necessária para executar toda a gama de operações militares, desde exercícios combinados com rodízio de forças até operações de contingência em resposta a crises ou conflitos militares.

Em essência, essas infraestruturas compõem a arquitetura do teatro de operações para as forças terrestres, bem como apoia a força conjunta por meio de funções de apoio às outras Forças Singulares. Além disso, particularmente nas áreas de responsabilidade do Comando Central dos EUA e do Comando do Pacífico dos EUA, as atividades logísticas de preparação do teatro de operações e as plataformas avançadas realizam o trabalho preparatório para a projeção estratégica da força, que pode variar de equipes de operações especiais a divisões de exército convencionais. Essas atividades garantem acesso às regiões em disputa, superando os esforços continuados de negação de área que buscam limitar esse acesso às tropas norte-americanas.

Médicos do 28o Hospital de Apoio ao Combate, do Forte Bragg, na Carolina do Norte

As Funções Concomitantes

Em termos gerais, além de lidar com as responsabilidades legais do Título 10 [códigos legais que definem as missões do Exército dos EUA — N. do T.], o exército de campanha fornece as quatro infraestruturas citadas acima e serve como um conector entre o Departamento do Exército e o comando operacional geográfico. Essas atividades descrevem as funções gerais do exército de campanha. Contudo, há vários outros encargos específicos incluídos nessas amplas funções que merecem atenção particular11.

Comando de Missão. A primeira e a mais importante entre essas funções é o Comando de Missão. A doutrina anterior e atual descreve os exércitos de campanha como possuindo uma capacidade de Comando de Missão de duração limitada, contudo, o componente do Exército do Comando Central (USARCENT), que é um comando operativo nível exército de campanha, tem executado continuamente essa responsabilidade, controlando as operações terrestres no Afeganistão, entre 2001 e 2002, como força terrestre componente das forças interaliadas, e depois desempenhando essa mesma função no Iraque, em 200212. Mais recentemente, o Comando Central dos EUA designou o USARCENT como força terrestre componente das forças conjuntas e interaliadas para as operações no Iraque e na Síria, em setembro de 2014, e depois como a Força-Tarefa Conjunta Combinada para a Operação Inherent Resolve, em Outubro de 201413. Embora tenha sido necessário o acréscimo da capacidade “conjunta” ao comando operativo, a velocidade em que o USARCENT estabeleceu a Força-Tarefa Conjunta Combinada só foi possível devido à presença avançada do posto de comando operacional no Kuwait, junto com os comandos de apoio que forneceram a estrutura necessária para a rápida recepção e integração dos parceiros conjuntos e da coalizão. Ao contrário da doutrina, o USARCENT executou papéis duplos, como o exército de campanha e como Força-Tarefa Conjunta Combinada, por 15 meses, até ser substituído pelo III Corpo de Exército14. Isso sugere que uma melhor maneira de pensar sobre o papel desempenhado pelos exércitos de campanha no Comando de Missão é como uma opção viável para o estabelecimento rápido de um componente terrestre das forças conjuntas e interaliadas ou uma força-tarefa conjunta combinada, assim provendo resposta rápida e estabelecendo as condições para que um corpo de exército ou outro comando possa desdobrar-se e assumir responsabilidade, quando apropriado.

Coordenador de segurança conjunta. Uma segunda capacidade importante dos exércitos de campanha se traduz no seu papel potencial como o coordenador de segurança conjunta para o comando operacional geográfico, se assim for designado. A célula de proteção do exército de campanha, geralmente, assume a responsabilidade de estado-maior por essa função, a menos que um centro de coordenação de segurança conjunta seja estabelecido. A célula de proteção analisa riscos; desenvolve planos; e integra e sincroniza ações e atividades, com o objetivo de proteger a força. Frequentemente, o exército de campanha fornece recursos para muitas das capacidades necessárias para o coordenador de segurança conjunta e, frequentemente, esse papel do coordenador de segurança conjunta inclui responsabilidade pelas forças conjuntas e multinacionais. Cabe ressaltar que necessidade e a importância do papel do coordenador de segurança conjunta provavelmente aumentará conforme existir a tendência contínua e crescente de conflitos híbridos e não declarados15.

Fogos. Uma terceira, e frequentemente desconsiderada, capacidade do exército de campanha envolve os fogos, especificamente a defesa antiaérea integrada e os fogos conjuntos em múltiplos domínios. A célula de defesa antiaérea integrada do exército de campanha facilita o planejamento dessa função pela perspectiva terrestre, em íntima coordenação com o coordenador de defesa antiaérea de área, apoiando as prioridades antiaéreas do comandante da força conjunta. Elementos da célula de defesa antiaérea integrada, junto com brigadas de defesa antiaérea subordinadas, frequentemente trabalham com parceiros regionais (dentro dos limites de divulgação) para garantir a sincronização e a integração geral das capacidades da defesa antiaérea integrada, bem como para construir a capacidade dos parceiros. Essa é uma área de progressiva preocupação em face às ameaças de antiacesso/negação de área e ao crescimento das capacidades de mísseis e de foguetes de potenciais inimigos. A célula de fogos e sua seção de fogos conjuntos exercem um papel semelhante, integrando as capacidades de fogos conjuntos e do Exército focados no planejamento regional; apoiando o planejamento de contingências e do teatro de operações do comando operacional geográfico; e tirando proveito de oportunidades para construir a capacidade dos parceiros e conduzir treinamento combinado e em múltiplos domínios.

A integração de [helicópteros] AH-64 Apache do Exército operando de plataformas navais, que ocorre frequentemente na área de responsabilidade do Comando Central dos EUA, proporciona um bom exemplo da capacidade em múltiplos domínios praticada pelo USARCENT e pela Marinha do Comando Central dos EUA. Essa é uma área propícia para mais desenvolvimento.

Planejamento. Finalmente, uma importante capacidade dos exércitos de campanha se refere ao planejamento focado no teatro de operações sob a perspectiva de uma força terrestre. O comandante e o estado-maior do exército de campanha mergulham diariamente nos eventos relacionados a sua área, interagindo frequentemente com seus correspondentes de outros componentes; planejadores do comando operacional geográfico e parceiros regionais; e, frequentemente, com os planejadores da divisão e do corpo de exército fazendo contribuições nos planos de contingência. Um exército de campanha, por sua natureza, é um quartel-general de planejamento, olhando continuamente para o ambiente e perguntando sobre o futuro, “E se?” Esse papel de planejamento é particularmente importante considerando o papel de tubo conector do exército de campanha descrito anteriormente. As interações entre o exército de campanha, o comando operacional geográfico e o Departamento do Exército devem aprimorar a efetividade do planejamento feito por esses três comandos.

Pensamentos Adicionais

A estrutura e a organização do exército de campanha podem, e devem, ser melhoradas, mais isso não implica em uma redução geral da estrutura, como a eliminação dos postos de comando operacionais, ou o descarte total das estruturas do ASCC e substituindo-as por um corpo de exército ampliado, como recomendado por alguns. No caso do USARCENT, o comando mitigou a eliminação do posto de comando operacional por meio da designação de um comando operativo formado por uma divisão da Guarda Nacional em rodízio16. Embora isso seja um arranjo viável interinamente, não há uma economia real em pessoal; há simplesmente uma mudança na sua origem e no processo de financiamento, transferindo o ônus do Componente da Ativa para a Guarda Nacional. Além disso, a longo prazo acarreta maiores custos na qualidade das relações regionais e dos engajamentos militares devido à rotação de pessoal dos postos de comando operacionais. Da mesma forma, a substituição dos exércitos de campanha por ampliados comandos operativos de corpo de exército simplesmente troca quartéis-generais e reorganiza pessoal, com o efeito real de reduzir a capacidade expedicionária do Exército, a menos que novos comandos operativos de corpo de exército sejam criados, que é, na melhor das hipóteses, pouco provável. A substituição dos exércitos de campanha por algum outro tipo de quartel-general é desnecessariamente disruptiva e não proporciona evidência demonstrável de melhorias estruturais, eficiência e efetividade aprimorada.

A alternativa é tirar proveito de uma das qualidades únicas dos exércitos de campanha — a capacidade de adaptá-los apropriadamente ao teatro de operações em que servem, ajustando a sua organização para refletir eficientemente as exigências do teatro e do comando operacional geográfico. Isso já ocorre, mais existem oportunidades para melhorias. Um exemplo é alinhar e sincronizar as várias funções de apoio entre o E/4 [4a Seção - Logística], o Comando de Apoio Logístico de Teatro de Operações, o Comando Expedicionário de Apoio Logístico e as brigadas de apoio logístico, para eliminar duplicações de funções. Do mesmo modo, as funções de apoio logístico devem ser integradas com as outras Forças Singulares para melhorar a interoperacionalidade e a eficiência do apoio ao mesmo tempo que elimina a duplicação de esforços por toda a força conjunta. Oportunidades significativas para o desenvolvimento de tal “interdependência da força conjunta” existem e devem ser exploradas17.

Um pensamento final sobre os exércitos de campanha é que eles proporcionam uma plataforma singular para o desenvolvimento de líderes estratégicos, bem como aumentam a competência do estado-maior em assuntos estratégicos e conjuntos. Devido aos papéis abrangentes do exército de campanha, o comandante e o estado-maior interagem regularmente com o Departamento do Exército e o comando operacional geográfico; os comandos componentes funcionais; os outros componentes; as unidades do Exército diretamente subordinadas, como o Comando de Saúde, o Network Enterprise Technology Command (Comando de Tecnologia e de Empreendimentos de Redes) e o Intelligence and Security Command (Comando de Inteligência e de Segurança do Exército dos EUA); bem como os seus correspondentes regionais no teatro de operações. Assim, os oficiais de mais alto escalão contam com oportunidades para interagir regularmente com as outras Forças Singulares e outros quartéis-generais, o que não ocorre em outros lugares no Exército.

A amplitude de foco necessária para estabelecer e manter as quatro infraestruturas citadas anteriormente obriga o comandante dos exércitos de campanha e o seu estado-maior a aceitar uma visão mais abrangente dessas funções do que é possível na maioria de outros postos do Exército. O papel único do exército de campanha; as numerosas capacidades especializadas que preenche para o comando operacional geográfico; e as responsabilidades e funções designadas a ele sob o código legal Título 10, que incluem o apoio do Exército às outras Forças Singulares, exigem que oficiais de estado-maior do exército de campanha interajam regularmente com os quartéis-generais superiores e equivalentes, conjuntos e do Exército. O exército de campanha serve como uma ponte do estratégico ao tático, servindo aos comandos operacionais geográficos e à força conjunta, e proporciona a seus comandantes e estado-maior um ponto de vista que é único no Exército.

Conclusão

Ao reconhecer a necessidade de projetar forças ao redor do mundo, o documento Army Operating Concept (“O Conceito Operativo do Exército”) descreve como o Exército pretende prevenir os conflitos, moldar os ambientes de segurança e vencer guerras, tudo enquanto opera como parte da força conjunta e trabalha com múltiplos parceiros18. Consequentemente, o documento descreve 20 capacidades requeridas, incluindo funções como o desenvolvimento de um alto grau de entendimento da situação; a condução de assistência às forças de segurança; a integração de capacidades com parceiros conjuntos, interorganizacionais e multinacionais; e a preparação do teatro de operações para prover agilidade estratégica19. Os exércitos de campanha executam 11 das 20 capacidades listadas e contribuem, de alguma maneira, à maioria das restantes, demonstrando que são essenciais para manter a credibilidade estratégica20.

O exército de campanha é a face do componente terrestre para nossos parceiros regionais, demonstrando o compromisso dos EUA, garantindo acesso pela presença avançada e mantendo a capacidade para projetar as forças terrestres, quando e onde for necessário. Claramente, o papel único e as capacidades dos exércitos de campanha somente irão tornar-se cada vez mais importantes no ambiente atual e futuro. Por isso, eles não podem, e não devem, ser substituídos.

Os autores são gratos ao Gen Div (Res) James L. Terry, Exército dos EUA; Dr. John A. Bonin, Professor, U.S. Army War College; e Cel Jin H. Pak, Exército dos EUA, pelos seus esclarecimentos e comentários valiosos para este artigo.


Referências

  • Epigraph. U.S. Army Training and Doctrine Command (TRADOC) Pamphlet (TP) 525-3-1, The U.S. Army Operating Concept: Win In A Complex World (Fort Eustis, VA: TRADOC, 31 Oct. 2014), p. 23.
  • Epígrafe. Field Manual (FM) 3-94, Theater Army, Corps, and Division Operations (Washington, DC: U.S. Government Publishing Office [GPO], 2014), parágrafo 2-10.
  1. Em relação à terminologia, embora muitas das recomendações sobre a estrutura da força pertençam, geralmente, aos comandos do componente do Exército, este artigo se concentra mais especificamente naqueles comandos adjudicados pelo Departamento do Exército aos comandos operacionais geográficos, os quais executam papéis duplos, como exércitos de campanha e comandos do componente do Exército. Este documento emprega o termo “exército de campanha” em referência a esses comandos particulares.
  2. Nelson L. Emmons, Transforming the Army Service Component Command to a Theater Army (Carlisle Barracks, PA: U.S. Army War College, March 2013), p. 1.
  3. FM 3-93, Theater Army Operations (Washington, DC: U.S. GPO, 2011 [já revogado]), p. x.
  4. FM 3-94, Theater Army, Corps, and Division Operations, parágrafo 2-1.
  5. FM 3-93, Theater Army Operations, p. x.
  6. Syed Najeeb Ahmed et al., Elihu Root Study: The Total Army (Carlisle Barracks, PA: U.S. Army War College, 2016).
  7. David Barno e Nora Bensahel, The Future of the Army: Today, Tomorrow, and the Day After Tomorrow (Washington, DC: The Atlantic Council, 2016), p. 18.
  8. Army Regulation 10-87, Army Commands, Army Service Component Commands, and Direct Reporting Units (Washington, DC: U.S. GPO, 2007), p. 1-2, 4-13; FM 3-94, Theater Army, Corps, and Division Operations, parágrafos 2-1 a 2-12.
  9. “Mission,” Army.mil website, aceso em: 24 mai. 2017, https://www.army.mil/info/organization/.
  10. James L. Terry, Exército dos EUA, Reserva, empregou esse exemplo várias vezes durante seu tempo como Comandante, Comando Central dos EUA/3o Exército, 2013–2015. Usado com permissão.
  11. Working-Capital Funds, 10 U.S.C. § 2208 (2015).
  12. “USARCENT [U.S. Army Central] Historical Summary (1918–Present),” USARCENT website, acesso em: 24 mai. 2017, http://www.usarcent.army.mil/About-USARCENT/History/.
  13. James L. Terry, “Curtain’s Always Rising For Theater Army,” Army Magazine 66, no. 2 (February 2016): p. 49, acesso em: 11 jul. 2017, https://www.ausa.org/articles/curtain%E2%80%99s-always-rising-theater-army.
  14. Ibid.
  15. Para mais informações sobre os deveres e responsabilidades do coordenador de segurança conjunta, veja Joint Publication 3-10, Joint Security Operations in Theater (Washington, DC: U.S. GPO, 13 Nov. 2014).
  16. Dr. John Bonin (Professor, U.S. Army War College), e-mail ao autor, 7 dez. 2016. Usado com permissão.
  17. Adm. Jonathan Greenert, “Navy Perspective on Joint Force Interdependence,” Joint Force Quarterly 76 (1st Quarter, January 2015): p. 11, acesso em: 11 jul. 2017, http://ndupress.ndu.edu/Portals/68/Documents/jfq/jfq-76/jfq-76.pdf.
  18. TP 525-3-1, The U.S. Army Operating Concept, p. i.
  19. Ibid., p. 31-33.
  20. Ibid. As 11 capacidades são [em forma abreviada]: (1) desenvolver e manter um alto grau de conhecimento da situação; (2) moldar e influenciar os ambientes de segurança; (3) fornecer assistência às forças de segurança; (4) prevenir, reduzir, eliminar e mitigar o uso e os efeitos de armas de destruição em massa e aparelhos químicos, biológicos, radiológicos, nucleares e explosivos; (5) garantir acesso ininterrupto às ligações críticas de comunicações e de informações; (6) desenvolver líderes ágeis, adaptáveis e inovadores; (7) proteger as forças; (8) estabelecer e manter a segurança de áreas amplas; (9) integrar as capacidades de parceiros conjuntos, interorganizacionais e multinacionais; (10) preparar o teatro de operações; e (11) coordenar e integrar os fogos conjuntos, interorganizacionais, multinacionais e do Exército.

O Tenente-Coronel Nicholas R. Simontis, um estrategista do Exército dos EUA, é o Chefe da Seção de Estratégia do 3o Exército/Exército do Comando Central. É bacharel em Engenharia pela University of South Carolina, mestre em Estudos de Segurança pela Kansas State University, e mestre em Operações de Teatro de Operações pela Escola de Estudos Militares Avançados, em Fort Leavenworth, Kansas. Antes de seu posto atual, era o Chefe da Seção de Planejamento do Comando de Forças Combinadas/U.S. Forces Korea e serviu anteriormente no 3o Exército/Componente do Exército do Comando Central e na Força-Tarefa Conjunta Combinada para a Operação Inherent Resolve.

Lista de Leitura Profissional

Voltar ao início

Primeiro Trimestre 2018