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Que Tipo de Vitória a Rússia Está Obtendo na Síria?

Michael Kofman
Matthew Rojansky, JD

Tradução baseada na versão em inglês de Harold Orenstein, Ph.D.; Prefácio de Timothy Thomas

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O Presidente da República Árabe da Síria Bashar al-Assad

A guerra na Síria tem se arrastado por mais de meia década. Centenas de milhares de pessoas têm morrido, cidades e municípios inteiros têm sido destruídos e bilhões de dólares em infraestrutura têm sido dizimados. Milhões de refugiados têm inundado os Estados vizinhos do Oriente Médio, que mal conseguem abrigá-los, enquanto outros têm buscado segurança em lugares longínquos como a Europa e a América do Norte, exacerbando as controversas disputas sobre a imigração, o emprego e a identidade cultural nas democracias ocidentais.

A Síria tem testado todos os líderes mundiais, de forma individual e coletiva, e tem exposto o fracasso das instituições internacionais em lidar, efetivamente, com os problemas que essas instituições foram planejadas para controlar e prevenir. Apesar do prolongado comprometimento de recursos militares e diplomáticos dos EUA no conflito, uma resolução pacífica permanece distante, e o regime sanguinário de Assad permanece firmemente no controle dos centros populacionais ao longo do litoral mediterrâneo. A iminente derrota do Estado Islâmico (EI) no campo de batalha, no interior desértico da Síria e do Iraque, é justificada pelo fato de que seus combatentes têm se juntado e inspirado evasivas células terroristas fora da região.

Entretanto, a coalizão liderada pela Rússia, incluindo as forças sírias, o Irã e várias milícias aliadas, parece estar atingindo seus próprios objetivos militares e políticos. É provável que o conflito na Síria embarque em uma nova fase em 2018, conforme tanto o EI quanto a oposição síria deixem de ser forças relevantes e as duas coalizões busquem negociar uma resolução pós-conflito. Embora esteja longe de ser assegurado que qualquer resolução aceitável para os principais atores domésticos e internacionais possa ser possível, por enquanto, o resultado principal desta guerra é que o Presidente Bashar al-Assad irá continuar no poder, mas a Síria que existia antes da guerra não voltará a existir.

A Rússia envolveu-se diretamente neste conflito somente a partir de setembro de 2015, mas a sua intervenção tem mudado radicalmente o resultado da guerra. A pergunta natural é se a Rússia tem, de fato, conseguido uma vitória. A resposta a essa pergunta depende, primeiro, do que Moscou planejava realizar — em outras palavras, como a Rússia definia e atualmente define a vitória na Síria, quais são seus interesses permanentes lá e se esses interesses têm sido assegurados ou alavancados?

Embora a campanha russa possa ser considerada um sucesso do ponto de vista dos objetivos próprios do Kremlin, o real desempenho da Rússia, tanto em termos militares quanto políticos, precisa de uma análise mais profunda. Como é que os russos alcançaram seus sucessos, tanto no campo de batalha quanto nos mais amplos palcos diplomáticos e políticos? Finalmente, armado com uma melhor consciência de como a campanha da Rússia na Síria foi medida em termos de objetivos russos e capacidades, quais lições os EUA devem aprender para engajamentos futuros na Síria, no Oriente Médio e além?

As Origens da Intervenção Russa

É uma espécie de acidente histórico que os poderes militares dos EUA e da Rússia tenham se encontrado no solo e nos céus da Síria, em 2015. O país não era, nem de perto, o ponto central da estratégia global ou mesmo das respectivas políticas regionais de qualquer um desses Estados.

As relações entre a Rússia e a Síria têm suas origens no legado da Guerra Fria, desde que Moscou começou a apoiar a Síria, depois da Guerra do Suez, em 1956. No entanto, até 1971, a Síria não tinha se tornado um Estado cliente da União Soviética. A União Soviética ganhou uma bem localizada base naval em Tartus, na costa mediterrânea da Síria, para apoiar sua Quinta Eskadra — uma frota operacional — junto com instalações de coleta de informações no continente.

Depois da queda da União Soviética, em 1991, as frotas soviéticas partiram do Mediterrâneo, e a importância das bases sírias rapidamente diminuíram. Moscou tinha bem menos fundos disponíveis para sustentar sua rede de patrocínio de Estados clientes e a Síria se tornou, decididamente, um parceiro transacional, conforme a Rússia exigia o pagamento pela contínua venda de armas. Os navios russos continuavam a explorar o porto de Tartus como um ponto de reabastecimento menor, mas com pouca importância militar. Tartus era, de qualquer forma, inadequada para a atracação dos navios russos e, por um período prolongado, havia pouca atividade naval russa para justificar seu uso. Isso mudou na sequência da intervenção russa, em 2015. Agora, o porto expandido de Tartus é muito mais capacitado para apoiar as operações e reabastecer a frota mediterrânea russa, que foi reativada, em 2013, com a finalidade de apoiar a Síria.

… medo [da Rússia] de mais uma intervenção militar dos EUA, esta vez muito mais próximo à própria Rússia e sendo o alvo seu único cliente restante no Oriente Médio, parece ter sido justificado quando o Presidente Barack Obama exigiu que Assad renunciasse.

Em geral, a Rússia não conquistou bases na Síria, ela teve que estabelecê-las e expandir a infraestrutura existente para salvar o regime sírio. Encorajada pelo notável êxito, e desejando ficar, a Rússia assinou um contrato de arrendamento do porto de Tartus por 49 nove anos, em 2017. O porto, ainda está no processo para ser transformado em uma base naval utilizável. O que a relação com a Síria realmente ofereceu à Rússia pós-soviética foi uma posição no Oriente Médio, que a ajudou a conferir o status de um grande poder nas políticas internacionais. A confluência de eventos levou ao que se tornaria o empreendimento militar mais significativo de Moscou fora do espaço pós-soviético imediato, em mais de um quarto de século.

Embora a Rússia tivesse interesses permanentes na Síria, o contexto variável das relações entre os EUA e a Rússia, a partir de 2011, foi o fator mais influente sobre como Moscou veria aquele conflito. A resposta da Rússia à intervenção liderada pelos EUA na Líbia, naquele mesmo ano, era totalmente negativa e Moscou queria riscar uma linha no chão, na Síria, opondo-se ao emprego da força pelos EUA para avançar o que a Rússia considerava uma agenda de “mudança de regime”. O Ministro do Exterior Sergei Lavrov aplicou diretamente a lógica da Líbia à Síria, em maio de 2011, quando disse, “O cálculo é que os ‘atores’ estrangeiros ficarão envolvidos com esse problema e não apenas irão condenar o país à violência, mas, subsequentemente, irão repetir o cenário líbio, incluindo o emprego de força”1.

O ponto central da política russa na Síria se tornou evitar que os EUA realizassem uma intervenção do tipo líbio para derrubar Assad. Lavrov avisou, “Alguns líderes das forças da coalizão e, depois, o secretário-geral da OTAN, chamaram a operação na Líbia de um ‘modelo’ para o futuro. Quanto à Rússia, não permitiremos que algo como isso ocorra de novo no futuro”2. O medo de mais uma intervenção militar dos EUA, esta vez muito mais próximo à própria Rússia e sendo o alvo seu único cliente restante no Oriente Médio, parece ter sido justificado quando o Presidente Barack Obama exigiu que Assad renunciasse3. A Rússia estava determinada a impedir o intervencionismo dos EUA, inicialmente ao fornecer armas e equipamentos ao regime e ao bloquear esforços para pressionar o regime no Conselho de Segurança da ONU.

Igualmente importante era a convicção firme entre as elites russas de que a queda de Assad resultaria na ascensão dos afiliados do EI e da Al Qaeda ao controle do país, significando um desastre para a região e a criação de uma autoestrada potencial para extremistas sunitas entrarem na Turquia e no Cáucaso. Essa preocupação foi confirmada, em parte, conforme a guerra civil em andamento se combinou com o deslocamento de civis, devido ao surgimento do EI, resultando em um fluxo massivo de refugiados para a Turquia, países vizinhos e Europa central, causando incerteza e ameaçando a estabilidade da região (veja a Figura 1). Diferente da longínqua Líbia, uma implosão completa da Síria não era apenas demasiadamente próxima, mas milhares de civis russos e outros milhares de falantes do Russo entorno já tinham se juntado a militantes de grupos extremistas combatendo no país4. Moscou temia que, no caso de uma vitória do EI, alguns desses combatentes entrariam na Rússia e juntar-se-iam a insurgências no norte do Cáucaso ou planejariam ataques contra o núcleo central da Rússia. Consequentemente, alguns russos descreveram a entrada no conflito na Síria como o lançamento de uma guerra preventiva contra o terrorismo.

Os interesses e os objetivos russos na intervenção síria se originam, também, da queda dos laços entre a Rússia e o Ocidente após a invasão do leste da Ucrânia e a anexação da Crimeia por Moscou, em 2014. Nesse sentido, as sanções e a pressão diplomática dos EUA e da Europa desencadearam a decisão russa de intervir na Síria. Ao invés de ceder à pressão ocidental e oferecer concessões sobre a Ucrânia, Moscou olhou para a Síria como um motivo de ampliar o confronto em termos mais favoráveis para eles. Consequentemente, a Rússia esperava que sua intervenção na Síria forçasse o abandono das sanções relacionadas à Ucrânia e o isolamento diplomático por parte de Washington e seus aliados europeus, baseado no interesse de conseguir uma resolução negociada com a Rússia sobre a Síria.

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As considerações políticas domésticas da Rússia foram também um fator, embora seu papel não deva ser exagerado. As Forças Armadas da Rússia desferiram um duro golpe na Ucrânia na batalha de Debaltseve, em fevereiro de 2015, levando ao segundo acordo de cessar-fogo de Minsk, que parecia ser uma vitória política para Moscou. O acordo, contudo, rapidamente fracasso e as sanções ocidentais permaneceram em pleno vigor, sobrecarregando a economia russa, durante um tempo de preços da energia continuamente baixos. Ao lutar para estabilizar a situação econômica em casa e com uma política na Ucrânia progressivamente à deriva, havia pouca probabilidade de que a liderança russa obtivesse mais vitórias domésticas e nos países fronteiriços da Rússia. Embora Moscou dificilmente considerasse a entrada em uma sangrenta guerra civil no Oriente Médio como um caminho para ganhos fáceis, a tolerância russa para os riscos ligados com a intervenção cresceu drasticamente, em face dessas pressões domésticas e internacionais.

Uma intervenção limitada na Síria, calibrada para reduzir o risco político doméstico, se tornou a proposta menos perigosa. Em meados de 2015, Moscou tinha poucas alternativas ao uso de força se quisesse sustentar o Regime Assad, seu aliado em Damasco. Em abril, a situação para as forças de Assad era grave. O afiliado da Al Qaeda na Síria, Jabhat al-Nusra, tinha reunido uma coalizão de combatentes em um “Exército de Conquista”, que repeliu as forças do regime no noroeste e ameaçou os grandes centros populacionais mais ao sul. Ao mesmo tempo, o EI estava avançando para o oeste e tinha capturado a cidade histórica de Palmira. As forças de Assad estavam sendo espremidas e recuando em quase todas as frentes. Naquele verão, o chefe da Força Quds do Irã, Qassem Soleimani, junto com autoridades de alto escalão da Síria, fizeram várias viagens a Moscou em um esforço para coordenar uma intervenção militar russa5. Já em agosto daquele ano, havia indicações claras de que a Rússia estava se preparando para intervir, e quando a aviação tática russa começou a chegar à Base Aérea Hmeimim, em setembro de 2015, a decisão já estava tomada. A Figura 2 mostra a situação aproximada na Síria, em termos de território controlado pelos participantes no conflito, perto do início das operações russas em apoio ao Regime Assad.

O Enquadramento da Intervenção Russa

Embora limitada pelas necessidades táticas, a entrada de Moscou no conflito sírio foi, também, estrategicamente ambiciosa. Uma intervenção bem-sucedida poderia oferecer a vitória em três frentes: prevenir uma mudança de regime apoiada pelos EUA na Síria; sair do isolamento político e forçar Washington a tratar a Rússia como um parceiro igualitário; e demonstrar para seu próprio povo que a Rússia era uma grande potência no palco principal das políticas internacionais. Moscou esperava que a Síria oferecesse uma frente nova e mais favorável, onde os Estados Unidos poderiam ser superados estrategicamente no confronto mais amplo, o qual, até 2015, se concentrava quase exclusivamente nas ações russas na Ucrânia.

Uma vez iniciadas as operações militares, como é frequentemente o caso com as campanhas militares, a intervenção abrangeria objetivos adicionais, refletindo interesses declarados secundários ou terciários. O “lento crescimento da ambição” é uma doença comum que aflige a maioria das grandes potências quando desdobram forças militares. A Rússia talvez não tenha entrado na Síria com esperança de reconquistar poder e status no Oriente Médio como sua prioridade, mas as aspirações regionais cresceram com cada sucesso no campo de batalha. Como consequência, a Rússia tem se tornado um potencial detentor de poder e, talvez, um fator de equilíbrio contra a influência dos EUA, mesmo se não que não tenha embarcado na campanha síria com essas metas em mente.

Quaisquer que fossem as expectativas russas de sucesso — e há indicações que a liderança síria enganou Moscou no início sobre as verdadeiras condições das suas forças (historicamente, isso não é uma prática incomum para Damasco) — Moscou conduziu uma campanha com os objetivos políticos e militares em alinhamento bastante estreito. Esses esforços se fortaleciam mutuamente, mas um caminho para a vitória tinha que superar desafios significativos.

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No terreno, as forças russas tinham que encontrar uma maneira para alterar, de forma rápida e dramática, o equilíbrio em favor de Assad, ao destruir a capacidade da oposição de continuar a luta, enquanto trabalhando sob severas limitações de recursos. Paralelamente, a Rússia tinha que mudar as expectativas e as políticas dos seus principais oponentes nesse conflito, incluindo a Turquia, os Estados Unidos e a Arábia Saudita, enquanto entrava em acordos com outros atores potenciais na região. Caso contrário, os ganhos militares rapidamente desapareceriam na areia, e uma vitória política seria efêmera. Ao mesmo tempo, a Rússia precisava, também, de um processo político em vigor para consolidar os ganhos militares no terreno, tendo em vista o que Mao Tsé-Tung escreveu, o “poder político cresce do cano de uma arma”.

As relações com aliados, como o Irã e cobeligerantes na forma de milícias locais, e com potenciais fontes de problemas, como Israel, tinham de ser cuidadosamente controlados. Os riscos de incentivos políticos e objetivos operacionais conflitantes entre esses interessados criaram um campo de batalha complexo. O risco da situação escalar até um conflito direto entre os poderes intervenientes era considerável, como ressaltado pelo uso de armas químicas pela Síria, em março de 2017, resultando em um rápido ataque de mísseis de cruzeiro dos EUA, ou o abate de um Su-24M2 russo pelos turcos, em novembro de 2016. A Rússia liderou a coalizão, mas nunca a controlou. Assim, ela tinha que ficar confortável com a incerteza e o risco associado de ter tipos como Síria, Irã e Hezbollah na sua equipe.

O êxito para a Rússia envolvia a obtenção de um compromisso dos outros participantes para seguir uma resolução política baseada principalmente em seus termos. Isso significava que a Arábia Saudita e a Turquia tinham que ser convencidas de que seus representantes tinham pouca chance de vitória na guerra e que os Estados Unidos tinham que abandonar suas políticas que favoreciam uma mudança de regime. Ao longo do tempo, Moscou obteve sucesso tanto nas frentes militares quanto políticas, coagindo adversários e negociando mudanças das suas posições, uma a uma, embora o caminho para esse resultado não fosse nem um pouco fácil ou óbvio. O êxito da Rússia não é injustificado, mas quando da redação deste artigo, parece que se a campanha na Síria não é uma vitória para a Rússia, é certamente uma derrota para aqueles contrários à coalizão liderada pelos russos.

A Estratégia Russa na Síria

Para conseguir esse sucesso, a Rússia tinha que obter alguma vantagem na Síria, que, por sua vez, dependia da capacidade de destruir a oposição síria e compelir seus oponentes a mudarem suas políticas, forçando-os à mesa de negociações, juntamente com seus representantes no conflito, em termos favoráveis para a coalizão da Rússia. Ainda, Moscou aproveitou a oportunidade para se identificar como uma força positiva na batalha contra o terrorismo e pressionar os Estados Unidos a entrarem em uma cooperação militar. As autoridades russas esperavam que, com o tempo, isso rompesse a coesão ocidental relacionada às medidas punitivas impostas sobre a Ucrânia e concedesse ao Presidente russo Vladimir Putin reconhecimento como um participante proeminente em assuntos internacionais.

Os militares sírios que desertaram para juntar-se ao Exército Sírio Livre controlam uma rua em Saqba

Esses eram os objetivos desejados, porém a estratégia russa não era uma “estratégia deliberada”. Pelo contrário, a Rússia seguiu uma estratégia “emergente” ou “eficiente”. Essa é um método caracterizado pelo princípio de indução de negócios “fracassar rápido, fracassar barato”, com repetidos ajustes à operação. O ponto central dessa estratégia era a flexibilidade, com preferência para a adaptação em vez de uma estratégia mais estruturada. Nas estratégias emergentes, o êxito produz êxito, enquanto o fracasso nunca é final ou excludente. Vários vetores são seguidos simultaneamente e, às vezes, podem parecer até contraditórios. Os recursos são acrescentados ao método que mostra o maior progresso, enquanto outros são descartados, sem sofrer com “custos irrecuperáveis”6.

Para ser bem-sucedido na implementação de uma estratégia eficiente, a liderança precisa ser ágil, não limitada politicamente e não comprometida com qualquer método particular no campo de batalha (i.e., disposição para improvisar e ajustar). No caso da Rússia, realmente ajudou o fato de ser um sistema autoritário e possuir relativamente poucos aliados ou outras limitações geopolíticas sobre a tomada de decisões. No entanto, a Rússia, também, tinha poucas outras opções. Considerando as limitações de recursos e os altos níveis de incerteza, incluindo informações deficientes fornecidas por seus aliados sobre a realidade no terreno, a Rússia não estava em posição de seguir uma estratégia mais deliberada. No final, essa limitação jogou em favor da Rússia em relação às outras potências, que gastaram consideravelmente mais sangue e dinheiro por meio de métodos mais estruturados e deliberados, mas, no final, menos bem-sucedidos. A estratégia eficiente da Rússia funcionou porque, quando as premissas falhas foram provadas erradas, durante o conflito, ela pôde mudar rapidamente e adaptar-se.

No entanto, as limitações das Forças Armadas russas impunham limitações duras sobre sua operação geral. As Forças Armadas Russas tinham quase nenhuma experiência com operações expedicionárias depois da retirada do Afeganistão, em 1989; a própria Síria tinha capacidade limitada para acomodar uma grande presença militar; as capacidades logísticas de longo alcance e de apoio eram fracas; e as Forças Armadas Russas estavam passando por grandes reformas e modernização. A coordenação com o Irã e as suas milícias xiitas, como o Hezbollah, era uma complexidade adicional em um campo de batalha já lotado, enquanto os comandantes russos tinham, em geral, uma opinião negativa sobre o desempenho das forças sírias em combate. Em resumo, não ficou claro como as forças que a Rússia poderia desdobrar causariam o impacto necessário para inverter o conflito. Desde o início, observadores externos duvidavam da possibilidade de que a Rússia viesse a intervir, especialmente considerando as experiências recentes do Ocidente em operações expedicionárias no Oriente Médio.

Combatentes militantes islamistas desfilam nas ruas da Província de Raqqa

A campanha prevista pela Rússia seria baseada em uma pequena presença para manter sua exposição baixa, reduzindo as chances de ser envolvida paulatinamente em um conflito onde os participantes locais obtêm vantagem progressiva sobre um benfeitor internacional mais forte. Em vez disso, a liderança russa buscou alguma margem de manobra, mantendo a flexibilidade e a opção de uma retirada rápida, no caso da situação piorar. Nos dias iniciais da intervenção russa, as restrições físicas limitaram sua presença. Tartus não era uma base naval de verdade. Na Base Aérea Hmeimim faltava espaço na área de estacionamento para um grande contingente de aeronaves russas. As outras bases sírias estavam expostas, cercadas ou inadequadamente equipadas e haveria limitações de tráfego para o apoio logístico russo.

Em resumo, a realidade ajudou a determinar uma abordagem mais conservadora e no final mais inteligente, para o campo de batalha. Não foram a habilidade ou a experiência de Moscou, mas a ausência de abundância de recursos e as opções limitadas que fizeram com que as Forças Armadas russas fossem mais cuidadosas em como lidavam com o conflito. Dito isso, mesmo depois de expandir a base aérea síria e fazer grandes investimentos na instalação naval, o Estado-Maior Geral da Rússia continuou a calibrar a presença militar, no mínimo necessário. Já em 2017, ficou evidente que, apesar da aumentada capacidade local para acomodar as forças russas e a melhorada infraestrutura, Moscou estava relutante em utilizá-la. A oportunidade para expandir os meios adjudicados a esse conflito existia, mas a Rússia não queria isso, avaliando que a campanha da Síria não seria vencida com um método baseado em meios, a bem conhecida escola filosófica “mais é mais”.

A estratégia russa se baseava no combate realizado pelas milícias sírias, iranianas e xiitas enquanto os russos forneciam apoio, não o contrário. A campanha da Síria continuou a mostrar as preferências da Rússia em usar, primeiro, as forças locais; segundo, mercenários e representantes russos; e, no final, suas próprias forças, apenas para o efeito decisivo no campo de batalha. O poder militar russo pulsaria, atingindo o seu auge quando necessário em apoio às missões de ataque, e retirando-se, quando desnecessário.

As Operações de Combate Russas na Síria

Quando as forças russas chegaram à Síria pela primeira vez, em setembro de 2015, elas introduziram inerentemente uma nova dinâmica, implementando o que se tornou um diálogo sobre arranjos de “resolução de conflitos” com os Estados Unidos. Vários caças de múltiplo emprego Su-30SM estavam expostos na pista na Base Aérea Hmeimim enquanto os bombardeiros Su-24M2 começavam a ser desdobrados. Ao aproveitar uma cúpula vindoura da Assembleia Geral do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Moscou pressionou para uma reunião bilateral de alto nível entre Putin e Obama — uma ruptura do que tinha sido mais de um ano de “isolamento” diplomático imposto pelos EUA contra a Rússia, depois da sua anexação da Crimeia.

Um caça-bombardeiro Su-34 russo lança uma KAB-500S

Embora o Governo Obama se irritasse com a aparência de que fora coagido a restaurar o diálogo militar, o risco de um incidente militar entre as duas maiores potências nucleares nos céus acima da Síria sobrepujou as outras considerações7. Durante uma discussão de 90 minutos, os dois lados concordaram em continuar os esforços para “resolver os conflitos” das operações. Em poucos dias, a Rússia tinha alcançado seus primeiros ganhos políticos da intervenção, ainda que não tivesse conduzido uma única sortida.

No entanto, foi evidente que não havia nenhum acordo sobre o caminho político a seguir na Síria e a escolha inicial de alvos pelos russos na campanha aérea, que foi lançada em 30 de setembro de 2015, mostrou que a Força Aérea da Rússia se concentraria na oposição síria “moderada”, sob a rubrica da luta contraterrorista. As regras de engajamento de Moscou eram relativamente simples: havia pouca ou nenhuma distinção entre os vários grupos armados não governamentais na Síria, considerando que todos, menos os curdos e as milícias pró-regime, seriam considerados “terroristas”. Putin declarou na Assembleia da ONU, “Pensamos que é um grande erro recusar cooperar com o Governo Sírio e as suas forças armadas, que lutam corajosamente, cara a cara, contra o terrorismo. Devemos finalmente reconhecer que ninguém, além das forças armadas do Presidente Assad e das milícias curdas, está realmente lutando contra o Estado Islâmico e as outras organizações terroristas na Síria”8.

Isso não era apenas um assunto de conveniência, pela questão de estabelecer uma zona de fogos livres. De fato, pela perspectiva russa, não existia algo como uma oposição “moderada” na Síria, e o termo era uma invenção ocidental equivocada, visando a legitimar os extremistas opostos a Assad. As estratégias políticas doméstica e externa da Rússia eram enquadrar o conflito como binário — apenas o regime de Assad tinha legitimidade, e todos os outros eram, de fato, grupos terroristas de vários tipos, aliados ao EI ou a Jabhat al-Nusra9. Ao longo do tempo, a Rússia buscaria, também, criar uma oposição sistêmica, juntando forças que seriam receptivas ao compartilhamento de poder com o regime Assad.

No aproveitamento do êxito, em 2015, a Rússia estabeleceu um centro de compartilhamento e de coordenação de Inteligência em Bagdá, que incluía Síria, Irã, Iraque e Israel. O objetivo do centro era resolver os conflitos entre as operações aéreas russas e os países vizinhos. Ainda, Moscou esperava criar o sentimento geral de que ela estava liderando uma coalizão de países em um esforço de contraterrorismo, não menos legítima do que a coalizão liderada pelos EUA contra o EI. A liderança russa buscou aproveitar essa posição e o diálogo de resolução de conflitos entre os EUA e a Rússia para obter reconhecimento mais formal da cooperação entre os dois países, na Síria. De fato, Moscou solicitou de Washington o reconhecimento da coalizão liderada pelos russos como um parceiro legítimo no conflito sírio, que teria sido o equivalente do reconhecimento da Rússia como um ator geopolítico “igual” a Washington, pelo menos nesse contexto.

Uma captura de tela de um vídeo do YouTube mostra o lançamento de mísseis de cruzeiro de uma frota russa no Mar Cáspio

As operações de combate iniciais da Rússia foram planejadas para mudar o ritmo no campo de batalha, proporcionando um impulso significativo à moral das forças sírias e das milícias aliadas. A Rússia esperava, também, que os Estados Unidos cedessem o espaço aéreo do campo de batalha, pelo menos por omissão, concentrando-se nas suas próprias operações de combate contra o EI no norte do Iraque e nos seus aliados curdos na Síria. Isso significaria o rápido abandono do apoio dos EUA à oposição moderada e a outros representantes que buscavam a queda de Assad, que seriam incapazes de lidar com o poder aéreo russo e o progressivo isolamento no campo de batalha. Em muitos aspectos, esse objetivo foi alcançado, conforme a Rússia e os Estados Unidos estabeleceram uma divisão do trabalho na Síria e nas campanhas complementares.

O primeiro desdobramento de forças russas na Síria consistia em 33 aeronaves e 17 helicópteros. Essas incluíam 12 bombardeiros Su-24M2, 12 caças de ataque Su-25SM/UB, quatro caças-bombardeiros Su-34, quatro caças pesados de múltiplo emprego Su-30SM e um avião de reconhecimento Il-20M1. O contingente de helicópteros consistia em 12 helicópteros de ataque Mi-24P e cinco transportes Mi-8AMTSh10. Depois, em 2015, esse número cresceu com mais quatro caças-bombardeiros Su-34 e mais quatro caças de superioridade aérea Su35S. Os helicópteros de ataque Mi-35M e os transportes Mi-8 chegaram nos meses seguintes. Uma esquadra no mediterrâneo liderada pela Frota do Mar Negro apoiaria as operações do mar, embora a marinha russa se preocupasse principalmente com o fornecimento de suprimentos logísticos à intervenção, por meio de navios de desembarque de tanques, durante o que foi chamado do “Expresso da Síria” [Syrian Express]. Para suplementar a limitada capacidade de transporte pelo mar e os equipamentos trazidos pelo ar, por meio de cargueiros Ruslan An-124, a Rússia comprou oito navios cargueiros turcos e utilizou quatro deles nesse esforço.

Um homem sírio carrega suas duas filhas para segurança através de escombros causados por um ataque de bomba contra rebeldes que controlam o bairro de Al-Kalasa

Os objetivos iniciais russos se concentravam na retomada do acesso às estradas principais, conectando infraestrutura, rompendo o cerco de bases sírias isoladas e debilitando as forças oponentes, ao destruir o máximo de equipamentos possíveis — muitos dos quais capturados anteriormente do Exército Sírio. Embora nos meses iniciais a Rússia tivesse, supostamente, apenas ajudado a Síria a reconquistar o controle de 2% do seu território, já em fevereiro de 2016, ficou evidente que a campanha aérea tinha provocado um grande efeito na preparação do campo de batalha e, com isso, mudado a sorte política da oposição síria. Com o ritmo de combate da oposição quebrado, a moral síria começou a se recuperar.

O controle territorial na Síria era sempre efêmero, conforme os líderes locais se juntavam a quem estivesse vencendo. Assim, o “controle” podia oscilar rapidamente para o lado que tinha a vantagem clara, e as forças russas supervisionaram múltiplos “acordos de cessar-fogo” entre as forças sírias e os líderes dos vilarejos. Na realidade, as forças de Assad tinham controle sobre a maioria da população da Síria, enquanto grandes áreas do território controlado pela oposição e pelos extremistas estavam despovoadas devido aos combates. Por isso, levaria menos de dois anos para a coalizão liderada pela Rússia dar o salto de controlar apenas 2% do território para parecer ser o vencedor do conflito.

As tripulações aéreas russas realizavam sortidas em um ritmo acelerado, em uma média de 40 a 50 por dia, mas atingindo o auge de 100 sortidas durante os períodos de pico do combate, como em janeiro de 2016. Duas tripulações por cada aeronave foram necessárias para manter a intensidade das operações, junto com uma pequena cidade de civis contratados para apoiar as plataformas mais novas que estavam sendo enviadas para a Síria. O poder aéreo russo na Síria nunca excedeu 30 a 50 aeronaves de combate e 16 a 40 helicópteros de vários tipos, um desdobramento muitas vezes menor do que o grupo de aviação de combate que a União Soviética desdobrou no Afeganistão11. O índice de falhas mecânicas ou de perdas em combate era, também, em magnitudes muito menores do que as operações aéreas russas ou soviéticas anteriores.

Durante o conflito, as forças aeroespaciais russas eram apoiadas por aproximadamente 3.000 combatentes terrestres, com talvez 1.500 sediados apenas em Hmeimim. Esses incluíam Fuzileiros Navais da 810a Brigada sediada na Crimeia; elementos da 7a Divisão de Assalto Aeroterrestre; companhias blindadas com carros de combate T-90A; artilharia rebocada MSTA-B; e uma variedade de unidades de defesa antiaérea, incluindo as Buk-M2, Pantsir-S1 e S-400. Equipamentos sofisticados de guerra eletrônica também foram distribuídos, junto ao Comando de Operações Especiais da Rússia. Depois da captura de Palmira, na primavera, e de Alepo, no outono de 2016, a Rússia introduziu unidades de remoção de minas e unidades especializadas de Polícia do Exército oriundas do norte do Cáucaso.

Engenheiros militares russos removem minas das rotas de acesso à antiga cidade de Palmira

O Comando de Operações Especiais da Rússia mostrou-se proeminente por todo o conflito, conduzindo operações diversionárias, eliminações seletivas e reconhecimento. Mais de dois mil contratados militares privados (CMP), dos quais o maior grupo é conhecido como o Wagner Group, fortaleceram as forças sírias e sofreram a maioria das baixas no campo de batalha. Com o poder aéreo russo em apoio, os veteranos transformados em CMP fizeram a diferença contra as milícias inadequadamente adestradas, assumindo o risco por um salário de US$ 4.000–5.000, por mês.

De modo geral, Moscou buscou manter uma presença pequena. A força inicial não incluía defesa antiaérea de longo alcance ou caças dedicados à superioridade aérea; em vez disso, a chegada desses meios foi provocada por um incidente inesperado com a Turquia, quando um Su-24M2 russo foi abatido por um F-16 turco, em novembro de 2015. O bombardeiro russo estava atacando milícias turcomanos na Síria e tinha entrado por engano em espaço aéreo turco. De fato, a Força Aérea Russa violava, repetidamente, o espaço aéreo turco, em um esforço para coagir a Turquia a mudar suas políticas na Síria e chegar a um modus vivendi com a coalizão liderada pela Rússia. Pode-se argumentar que a crise entre a Rússia e a Turquia foi o momento mais perigoso de toda a intervenção e, provavelmente, o mais próximo a um conflito militar com a Rússia que um país da OTAN chegou em décadas.

A reação russa ao incidente foi impor fortes sanções econômicas e políticas contra a Turquia, enquanto mostrou no campo de batalha que as forças apoiadas pelos turcos tinham pouca esperança de uma vitória sobre Assad. Já no verão de 2016, Ancara cedeu, emitindo uma meia desculpa para restaurar relações normais com Moscou. Um por um, a Rússia buscava mudar as posições dos grandes atores que apoiavam as forças anti-Assad na Síria. Primeiro, Moscou pressionou Washington a conceder que uma política de mudança de regime não era apenas irrealista, mas que seu apoio para a oposição síria não tinha chance de sucesso. Tudo isso ao mesmo tempo que ofereceu a possiblidade de um cessar-fogo e de ajuda humanitária aos civis no conflito. Os Estados Unidos se moveram lentamente para uma aceitação tácita da intervenção russa e da vitória de fato de Assad sobre os radicais, bem como sobre a oposição apoiada pelos EUA.

As ambições russas estavam, também, bem servidas pela competição entre os aliados dos EUA na região, que discordavam vocalmente, e com frequência, contra a abordagem de Washington. A Turquia estava mais hostil contra os combatentes curdos na Síria do que contra Assad ou o EI, porém os curdos eram o aliado principal de Washington contra o EI, no terreno. Da mesma forma, Washington não tinha interesse em apoiar os grupos extremistas sunitas, preferidos pelos sauditas e pelos outros Estados árabes, tampouco os extremistas eram considerados como uma alternativa viável para o sangrento regime sírio. No final, depois de esmagar os representantes apoiados pelos turcos na Síria, a Rússia conseguiu a cooperação que buscava com Ancara. A Arábia Saudita também começou a mostrar flexibilidade e, em outubro de 2017, o rei saudita visitou a Rússia, pela primeira vez, em reconhecimento à crescente importância de Moscou no Oriente Médio.

Cidadãos de Alepo exibem retratos de militares russos mortos em combate na Síria durante um desfile em Alepo

Ainda, a Rússia considerava a Síria como um campo de provas para novas armas e plataformas, concedendo, tanto quanto possível, às suas forças armadas a oportunidade de participar no conflito. Isso incluía o rodízio de inúmeras tripulações pelo teatro de operações, dando a navios e bombardeiros a oportunidade de lançar mísseis de cruzeiro, bem como o desdobramento de uma pequena força terrestre. Após um período de reformas militares, entre 2008 e 2012, e um grande programa de modernização, iniciado em 2011, Moscou queria testar sua força aérea durante um conflito.

A campanha da Síria tem tido um impacto profundo nas Forças Armadas Russas, conforme inúmeros oficiais têm passado pela campanha, em rodízios de três meses, para obter experiência em combate. Segundo o Chefe de Estado-Maior Geral da Rússia, Valery Gerasimov, os comandantes dos distritos militares; dos corpos de exército de armas combinadas; dos exércitos da força aérea e da defesa antiaérea; e muitos dos comandantes de divisão têm obtido experiência na Síria12. As promoções de 2017 privilegiaram mais aqueles que serviram na Síria. A experiência moldará o pensamento militar russo e as decisões sobre os recursos humanos pelos anos vindouros.

Junto com esses objetivos de treinamento, a Rússia usou a operações de combate na Síria como uma demonstração tecnológica para a venda de armas no exterior, exibindo a última geração da tecnologia russa ao lado dos equipamentos soviéticos confiáveis tradicionais, que realizavam a maioria das ações de combate.

Ao começar com um ataque inicial, em 7 de outubro de 2015, no decurso do conflito, navios e submarinos russos lançaram numerosos mísseis de cruzeiro de ataque terrestre Kalibr do Mar Cáspio e do leste Mediterrâneo. Da mesma forma, a aviação de longo alcance da Rússia entrou na luta, em novembro de 2015, e, desde então, os bombardeiros estratégicos Tu-95MS e Tu-160 têm feito uma grande quantidade de sortidas, disparando os mísseis de cruzeiro lançados do ar Kh-555 e os mais novos Kh-101 contra alvos na Síria13. A força de bombardeiros médios Tu-22M3 suplementou as sortidas de combate a partir da Base Aérea Hmeimim, embora essas aeronaves lançassem exclusivamente as bombas não dirigidas FAB de média a alta altura. Depois, Moscou distribuiu os sistemas de míssil balístico Iskander-M de curto alcance, os mísseis antinavio Bastion-P e outras armas avançadas, em um esforço para demonstrar sua capacidade.

Embora as munições guiadas de precisão envolvidas no conflito representassem uma pequena parte do conjunto total das armas usadas, talvez menos de 5%, a Rússia demonstrou a capacidade de empregar armas guiadas de longo alcance de várias plataformas. A Síria foi um palco para exibir os avanços que as forças do poder aéreo russo alcançaram desde sua performance deplorável durante a Guerra Russo-Georgiana, em 2008, bem como as limitações ainda existentes das Forças Armadas Russas. Muitos dos bombardeios foram feitos pelas aeronaves mais antigas Su-24M2 e Su-25SM e quase todos com munições não guiadas de efeito por área. Com a exceção dos sistemas do Su-34, que foi usado para lançar a bomba guiada por satélite KAB-500S, entre outras armas de precisão, os aviões de asa fixa russos, como um todo, careciam de ferramentas de designação de alvos (targeting pods), para empregar efetivamente as munições guiadas de precisão14.

A aviação naval russa não foi impressiva. O grupo de aviação enviado a Síria, transportado pelo antiquado navio-aeródromo Kuznetsov, em 2016, era um desastre publicitário, perdendo um Su-33 e um MiG-29K devido a falhas de equipamento. Fora disso, é notório que poucas aeronaves russas se perderam, com a maioria das baixas entre as tripulações de helicópteros. Os técnicos russos mantinham as aeronaves no céu, tanto as da antiga geração quanto as da geração mais nova, com apenas um Su-24M2 perdido devido à falha técnica.

Sem dúvida, os ataques aéreos eram eficazes, mas incrivelmente custosos em termos de baixas civis e de danos colaterais infligidos, alguns dos quais pareciam intencionais. Muito do material bélico usado era para efeito por área e a ogiva era grande demais para os alvos na Síria. As Forças Aeroespaciais da Rússia, como um todo, ainda estão limitadas a uma forma de combate dos anos iniciais da década de 1990 (embora tenham pulado uma geração desde 2008), mas dependiam quase totalmente das armas não guiadas e, mais importante ainda, careciam dos meios de inteligência, reconhecimento e vigilância (IRV) necessários para conduzir operações de combate baseadas em informações. As Forças Aeroespaciais da Rússia careciam, também, dos meios para engajar pequenos alvos em movimento com precisão guiada, dependendo das armas e munições não guiadas, que realmente destroem mais do que necessário15. Da mesma forma que sua antecessora, a União Soviética, as Forças Armadas Russas trituram brutalmente outras forças no combate aproximado, mas continuam tendo dificuldades em encontrar e ver seu alvo.

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A Rússia recorreu em grande medida aos veículos aéreos não tripulados (VANT) para suplementar sua campanha aérea tripulada, conduzindo avaliações dos efeitos e reconhecimento. Há rumores que os VANT russos realizaram mais sortidas sobre a Síria do que a aviação tripulada. Os melhores VANT eram variantes de produtos licenciados de modelos israelenses — um produto da cooperação em defesa entre os dois países. Apesar dos gastos substanciais no desenvolvimento, a Rússia ainda não possui VANTs armados e, assim, carece de uma opção de reconhecimento e ataque em tempo real para suas plataformas VANT (tipo drone). A Síria ressaltou a necessidade para as Forças Armadas Russas de investir mais no desenvolvimento de sistemas não tripulados de ataque e desenvolver um maior repertório de armas guiadas para as Forças Aeroespaciais, em particular para o emprego tático.

Independente dessas limitações, Moscou usou a campanha síria efetivamente como parte de um engajamento diplomático e político mais abrangente com os Estados Unidos, demonstrando a capacidade e a determinação de utilizar armas guiadas de longo alcance, muitas das quais possuem variantes com ogivas nucleares. As ações na Síria fizeram muito para elevar a credibilidade da coerção russa, pintando um quadro claro sobre a capacidade de ressurgimento das suas forças armadas, sua capacidade de infligir danos na OTAN em um conflito convencional e da capacidade de atingir alvos, a longo alcance, colocando, assim, grande parte da Europa em risco, se for necessário. Os ataques de longo alcance feitos por bombardeiros estratégicos, navios e submarinos não devem ser considerados simplesmente como testes de combate para obter experiência; eles foram planejados, também, como mensagens estratégicas para aumentar a credibilidade russa em geral.

Vai Levar Muito Mais Tempo

Ao entrar no conflito, as Forças Armadas Russas descobriram rapidamente que a intervenção levaria muito mais tempo do que inicialmente esperado ou desejado. O Exército da Síria tinha se degenerado em milícias armadas que estavam unificadas formalmente sob a bandeira de Assad, mas já não representavam uma força de combate coesa. O comando russo ficou espantado com a grande quantidade de equipamentos sírios e iraquianos capturada pela oposição e por vários grupos militantes, enquanto o regime Assad mal conseguia controlar 10% do território. Algumas unidades sírias ainda eram capazes de combater, mas oficiais russos tiveram que ser incorporados a essas unidades para conduzir as operações militares e começar a reconstruir o potencial de combate do Exército Sírio.

Apesar de um fluxo de tropas iranianas e do Hezbollah, em outubro de 2015, foi evidente que os dois lados em conflitos estavam maximizando o uso de seus representantes no campo de batalha com uma baixa densidade de forças. Sua eficácia de combate era inadequada e as forças sírias pediam, continuamente, ataques aéreos russos, avançando um pouco e se retirando à primeira vista de contraofensivas pelo bem motivado Jabhat al-Nusra ou por outros grupos combatentes.

Com o tempo, a Rússia treinou os oficiais sírios de baixo escalão e estabeleceu o 5o Corpo de Exército de Assalto de Voluntários, liderado por comandantes russos e munidos com equipamentos russos mais avançados. O 5o tem sido a força de assalto principal da Síria durante o último ano. A combinação de combatentes sírios, de CMP e da liderança russa para montar ofensivas tem produzido vitórias no campo de batalha, com custo mínimo.

Os objetivos operacionais russos estavam adequados para sua estratégia: obter ganhos decisivos onde for possível, fragmentar a oposição síria e buscar traduzir as vitórias na Síria em objetivos políticos mais amplos com os Estados Unidos. Para esse fim, o Estado-Maior Geral russo buscou evitar as batalhas exaustivas pelos centros populacionais, especialmente considerando que as forças sírias não tinham as tropas necessárias para manter qualquer coisa que capturassem. Tal abordagem iria resultar em ter que reconquistar o mesmo terreno várias vezes, e isso realmente ocorreu, como no caso de Palmira. Também, a Rússia realmente queria direcionar a luta para o leste, para o EI, em um empreendimento para solidificar seu esforço de cooperação com os Estados Unidos. A Síria e o Irã não estavam interessados. Em vez disso, buscavam a vitória quase completa sobre a oposição e a recaptura de todos os principais centros populacionais, no ocidente.

Enquanto a Rússia mantinha a imagem de um detentor de poder e do líder da coalizão, na realidade, seus aliados e co-beligerantes não aceitavam tal estratégia, tampouco Moscou podia compeli-los a aceitar. Neste sentido, a Rússia sofreu do mesmo déficit que os Estados Unidos. Ambos eram poderes externos, que estavam intervindo na Síria, sem a influência necessária sobre os aliados locais e regionais para mediar grandes acordos. Essas diferenças vieram à tona em março de 2016, quando a Rússia declarou sua retirada da Síria, enquanto voltou a atenção das suas forças para Palmira. De fato, Moscou não tinha intenção de se retirar, simplesmente queria diminuir sua exposição e se preparar para uma luta mais longa, enquanto Assad se concentrava na reconquista de Alepo.

Com essa declaração feita em março, a Rússia buscou redefinir a intervenção na Síria como uma presença de segurança sustentável de longo prazo, em apoio a uma resolução política, em vez de combate, per se. A ideia era normalizar as operações aos olhos do público doméstico da Rússia e declarar a vitória, de alguma forma. Medalhas foram entregues e um pequeno contingente foi enviado de volta para casa, mas, entretanto, a Rússia se preparava para transformar a campanha síria em uma série de “campanhas” menores para evitar a percepção de que a intervenção poderia levar anos. O primeiro segmento foi concluído com a captura de Palmira pelos russos, em março de 2016. As forças sírias e iranianas depois se voltaram para Alepo, uma batalha que, no final, afundou as tentativas russas de negociar um grupo de integração conjunto com os Estados Unidos. A segunda conclusão ocorreu em janeiro de 2017, depois da captura de Alepo, e uma terceira “vitória” tem sido estabelecida ao final de 2017, conforme as forças sírias capturaram Deir ez-Zor e o EI parecia se encontrar à beira da derrota.

Essa última declaração de vitória, antes da eleição presidencial de março de 2018, está repleta de risco, considerando que as forças russas não apenas ficarão, mas irão expandir ainda mais a infraestrutura em Tartus e Hmeimim. Como Gerasimov disse durante uma entrevista recente, “não vamos a lugar algum”. Um pouco depois, em 31 de dezembro, um ataque de morteiro danificou várias aeronaves e matou um certo número de militares russos na base aérea de Hmeimim. Isso foi seguido por um ataque de VANT executado por grupos militantes contra ambas as bases, em 6 de janeiro. Os dois ataques foram uma lembrança vívida de que os desfiles de vitória são um pouco prematuros e que as forças russas no teatro de operações permanecem em perigo. A Figura 3 mostra a situação aproximada na Síria, em novembro de 2017, em termos de território controlado pelos participantes do conflito, perto da conclusão oficial das operações russas iniciadas em apoio ao regime Assad (veja a Figura 1, para uma comparação da situação no início da campanha).

Uma Resolução Pós-conflito e Além

Agora que a maioria do território sírio e dos centros populacionais foi tirada das mãos de grupos de oposição ao regime, a Rússia pode prestar toda a sua atenção à resolução pós-conflito. É verdade que Assad tinha se comprometido a retomar “cada polegada” de território sírio e que, mesmo que a Rússia não apoie essa ambição, terá pouca escolha além de respaldar os esforços continuados do regime para controlar os recursos de água e de energia no norte e no sul do país. Contudo, o foco principal tanto das ações militares quanto das políticas da Rússia se concentrará na resolução diplomática e nas condições de apoio no território.

Mais importante ainda, aparentemente a Rússia tem obtido a aceitação de Washington sobre seu papel como um intermediário principal no futuro da Síria. Durante sua reunião de cúpula no Vietnã, em novembro, os Presidentes Trump e Putin confirmaram não apenas a continuação do diálogo de resolução de conflitos entre os EUA e a Rússia e de apoio para “zonas de desescalada”, uma iniciativa principalmente russa, mas também ressaltaram a centralidade do processo político para a negociação de um futuro pós-conflito na Síria. Esse processo está alinhando-se com os principais interesses estratégicos da Rússia.

Primeiro, a Rússia tem rompido o monopólio do processo de Genebra e da liderança diplomática dos EUA. Ela tem integrado, com sucesso, ambas as negociações baseadas em Astana, que ela iniciou em 2016, no processo internacional formal respaldado pela ONU e tem regularmente convocado reuniões de vários grupos da oposição na tentativa de fomentar a formação de um agrupamento comum da oposição, que será mais receptivo a compromissos com o regime de Assad. O progresso de Moscou na frente política é intermitente, mas a altura desta escrita esse parece ser o único caminho plausível a seguir.

Segundo, a Rússia tem conseguido manter ligações produtivas com cada um dos outros principais participantes regionais, variando da Arábia Saudita em um lado do espectro ao Irã, no outro. De fato, apesar dos desacordos contínuos com a Arábia Saudita sobre a composição da oposição síria “legítima”, que será representada em Genebra, e com a Turquia sobre o papel das forças de autodefesa curdas, a diplomacia russa (respaldada pela força militar) tem obtido reconhecimento de ambas, um fato que é especialmente bem visto em Moscou, na véspera da eleição presidencial da Rússia, em março de 2018. O Irã tem sido um aliado difícil para a Rússia; contudo, a relação entre os dois países permanece, em grande medida, estável, desde que aceita a expectativa iraniana de manter sua dominância do terreno, de fato, em grande parte da Síria, solidificando seu corredor de poder do Iraque ao Líbano.

Finalmente, a Rússia manterá seu aliado em Damasco, porque em um futuro previsível, o regime Assad parece ter reconquistado o controle. De fato, sua sorte tem crescido tanto desde a intervenção russa, há dois anos, que ele pode, em grande medida, estabelecer os termos da sua participação no processo de Genebra. A oposição pode gritar em protesto, mas o regime tem simplesmente recusado a se engajar em negociações se a questão da sua própria saída estiver na agenda.

Isso é, também, claramente uma vitória para a Rússia, considerando que Moscou tem tirado proveito das suas conquistas para obter contratos de arrendamento de longo prazo de instalações militares em Hmeimim e Tartus, bem como a posição das empresas russas para exercer potencialmente papéis proeminentes e lucrativos na reconstrução síria, especialmente nos setores de energia e de transporte de produtos de energia. A Rússia não precisa dessas bases apenas para continuar seu apoio às forças sírias, mas o conflito é atualmente parte, também, de uma tentativa maior de tornar-se um detentor de poder no Oriente Médio, e um contrapeso para aqueles que busquem uma opção contra a influência dos EUA.

A principal área na qual a campanha na Síria estava aquém dos objetivos iniciais era no esforço para ampliar a plataforma para engajamento diplomático com a Europa e os Estados Unidos, na esteira da crise ucraniana e das sanções do Ocidente associadas. Embora Moscou conseguisse romper a política de isolamento estabelecida no governo Obama, ao forçar que Washington conduzisse negociações para resolução de conflitos, essas negociações não têm se expandido até a completa cooperação entre a Rússia e os EUA esperada pelo Kremlin. Além disso, não tem havido nenhuma vontade por parte das capitais ocidentais de pensar na Síria e na Ucrânia em termos quid pro quo. Embora as pessoas do Ocidente lamentem muito a taxa de mortalidade e a inundação de refugiados da guerra civil síria, o conflito na Ucrânia é simplesmente muito mais perto e os governos europeus têm se mantido firmes em seu apoio às sanções vinculadas aos acordos de Minsk, enquanto os Estados Unidos têm, na realidade, aumentado drasticamente as sanções, após as aparentes tentativas da Rússia de intrometer-se na eleição norte-americana de 2016.

Em resumo, parece que a Rússia tem conseguido uma vitória parcial na Síria, e tem feito isso com eficiência, flexibilidade e coordenação impressionantes, com ações militares e políticas. Por um lado, a aceitação pela Rússia do Regime Assad e de seus aliados iranianos, sua relativa indiferença às baixas civis e sua hostilidade geral para os grupos de oposição ao regime são, fundamentalmente, conflitantes com as posições gerais dos EUA sobre a Síria. Por outro lado, a estratégia “eficiente”, táticas adaptáveis e coordenação entre as iniciativas militares e diplomáticas da Rússia oferecem lições importantes para a condução de qualquer intervenção militar em um ambiente tão complexo e volátil como o Oriente Médio. Depois de mais de uma década e meia de envolvimento norte-americano no Iraque e no Afeganistão, com conflitos continuados na Líbia e Iêmen e inúmeros outros focos de tensão que poderiam desencadear um conflito regional mais amplo, que ameaçaria os interesses dos EUA, Washington deve prestar muita atenção à intervenção russa e como Moscou atingiu seus objetivos na Síria.


Referências

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  2. “Sergey Lavrov’s Remarks and Answers to Media Questions at Joint Press Conference with UAE Foreign Minister Abdullah Al Nahyan,” The Ministry of Foreign Affairs of the Russian Federation (website), 1 Nov. 2011, acesso em: 10 jan. 2018, http://www.mid.ru/en/vistupleniya_ministra/-/asset_publisher/MCZ7HQuMdqBY/content/id/186758.
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  7. Teresa Welsh, “Obama, Putin Meet in New York,” U.S. News & World Report (website), 28 Sep. 2015, acesso em: 19 dez. 2017, http://www.usnews.com/news/articles/2015/09/28/obama-putin-meet-in-new-york.
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  12. Valery Gerasimov, “We Broke the Back of Terrorists,” entrevista por Victor Baranets, Komsomolskaya Pravda (website), 26 dez. 2017, acesso em: 10 jan. 2018, https://www.kp.ru/daily/26775/3808693/.
  13. O emprego inicial da aviação de longo alcance foi uma resposta ao atentado terrorista ao voo da empresa aérea russa MetroJet, saindo do Egito.
  14. Pukhov, “The War that Russia Won.”
  15. Ruslan Pukhov, “Polygon Budushego,” Russia in Global Affairs (website), 8 Mar. 2016, acesso em: 10 jan. 2018, http://www.globalaffairs.ru/number/Poligon-buduschego-18032.

 

Michael Kofman é é cientista pesquisador senior da CNA Corporation, onde serve como Diretor do Programa de Estudos Russos. Também, é bolsista global do Kennan Institute, em Washington D.C., e bolsista a distância do Modern War Institute, em West Point, Nova York. Anteriormente, trabalhou como gerente de programa na National Defense University. Sua pesquisa se concentra em assuntos de segurança na Rússia e na antiga União Soviética, especializando em análise militar e de defesa. É bacharel pela Northeastern University e mestre pela School of Foreign Service da Georgetown University.

Matthew Rojansky é é Diretor do Kennan Institute no Woodrow Wilson Center, em Washington, D.C., e Professor Adjunto na School of Advanced International Studies, da Johns Hopkins University. É bacharel pela Harvard College e possui doutorado em direito pela Stanford Law School. Anteriormente, era Vice-diretor do Programa da Rússia e da Eurásia, na Fundação Carnegie para a Paz Internacional. Serviu, também, com especialista de políticas de embaixada na Embaixada dos EUA em Kiev, Ucrânia, e como acadêmico convidado na Divisão de Pesquisa, do Defense College da OTAN.

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Terceiro Trimestre 2018